Qual a influência da autoestima na nossa vida?

Qual a influência da autoestima na nossa vida?

Na prática clínica, nós nos deparamos constantemente com demandas relacionadas à baixa autoestima, evidenciando a importância de falarmos sobre o assunto e promover técnicas para fortalecer a autoconfiança.

Na atualidade existe uma valorização intensa da forma corporal e a busca constante pelo corpo perfeito. A mídia tem sido um importante meio de divulgação desse enfoque, fator que pode contribuir para a formação de uma imagem corporal idealizada por muitas mulheres.

O foco ao culto da forma corporal pode ser um fator agravante na forma como as pessoas se percebem, determinando seus comportamentos, posturas e atitudes diante de suas vivências. Não se considerar atraente fisicamente pode ser um fator de risco para patologias psíquicas.

Afinal, o que é autoestima?

A concepção da imagem corporal se dá como resultado da interação entre as pessoas, numa junção de aspectos biológicos, emocionais, relacionais e contextuais. Quando há um desequilíbrio relacionado à aparência física, as pessoas são pressionadas a buscar o corpo ideal imposto pela sociedade.

Atualmente a aparência tornou-se um dos tópicos mais importantes nas rodas de conversa. Antigamente se falava sobre o tempo, hoje em dia, se a pessoa emagreceu ou engordou, como se a forma corporal estivesse interligada à felicidade e ao bem-estar. Esquecemos do que sentimos por dentro e focamos em tudo que está relacionado à aparência.

O conceito de autoestima diz respeito à forma como o indivíduo elege suas metas, aceita a si mesmo e a sua imagem, valoriza o outro e projeta suas expectativas. A autoestima é uma parte do autoconceito, expressa sentimentos de aprovação ou desaprovação de si mesmo, e até que ponto a pessoa se considera capaz.

A autoestima, portanto, é constituída por uma série de elementos. A autoestima relaciona-se com o quanto você conhece seus pensamentos, sentimentos e comportamentos, e também o quanto mantém a prática do seu autoconhecimento diário.

Ela tem a ver com o seu foco no presente, nas suas decisões e nas interpretações da vida, evento a evento, hora a hora do seu dia. É estar no presente momento e amar a vida que vive, focando no que tem e não no que falta.

A autoestima também está diretamente ligada ao quanto você tem uma visão clara de quem você é, sua autoimagem, e de quem você quer se tornar, trabalhando nisso todos os dias em direção ao seu EU ideal.

Sendo congruente com quem acredita que deve ser, ou seja, quando você é fiel a si mesmo, por meio das suas ações. A ideia não é ser perfeito, mas sim, todos os dias andar ao encontro da sua melhor versão. Assim, você conseguirá ter mais clareza dos seus objetivos e de como os seus comportamentos têm te afastado ou levado em direção a eles.

Sinais de baixa autoestima

Uma pessoa com baixa autoestima não se sente capaz de alcançar seus objetivos e com isso, pode perder inúmeras oportunidades de crescimento na vida, prejudicando seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional.

Os principais sinais são:

  • Hábito de buscar culpados para seus problemas ou erros;
  • Dificuldade de aceitar as próprias limitações;
  • Timidez em excesso;
  • Medo da rejeição;
  • Busca constante por elogios e reconhecimento externo;
  • Falta de confiança em si mesmo;
  • Tendência à procrastinação e à preguiça;
  • Hábito de se comparar com outras pessoas;
  • Dificuldade para lidar com críticas;
  • Perfeccionismo;
  • Dificuldade para reconhecer as próprias vitórias e conquistas.

Três fatores da autoestima

Podemos entender melhor a autoestima através da Terapia Cognitivo-comportamental, levando em conta 3 fatores: pensamentos, sentimentos e comportamentos.

  • Autoconceito (pensamentos): Suas crenças sobre quem você é, sobre as pessoas e sobre seu futuro determinam sua autoestima. As crenças podem, sim, ser ressignificadas. Tudo que você aprendeu ao longo da vida pode ser reaprendido de outra forma. Questione-se sobre o que você pensa ao se olhar no espelho.
  • Amor-próprio (sentimentos): O caminho para o amor próprio está na autocompaixão e aceitação de si mesma. A habilidade de ser autocompassivo pode ser treinada. Quando não cultivamos a autocompaixão, somos duros e rígidos com nós mesmos. Pergunte-se que sentimentos te cercam ao pensar sobre você mesma? O que sente sobre si mesma?
  • Autoconfiança (comportamentos): Sua autoestima é diretamente proporcional ao quanto você se orgulha das suas atitudes. Autoestima são ações diárias, não é de um dia para o outro que se mudam pensamentos, sentimentos e ações. Pense quais tem sido suas atitudes ultimamente? Tem agido com confiança? Tem cuidado de você mesma ou se deixado de lado?

A importância da autocompaixão

Em termos gerais a autocompaixão envolve tratar a si mesma da mesma forma que trataria um amigo, porém a definição mais completa envolve três elementos essenciais:

  1. Auto bondade: permitindo que sejamos tão amorosos com nós mesmos como somos com os outros diante a erros.
  2. Humanidade compartilhada: reconhecer que todos os seres humanos estão suscetíveis a falhas e a sofrimento.
  3. Mindfulness: estar consciente das experiências e permitir que todos os pensamentos, emoções e sensações entrem na consciência sem resistência.

Nosso cérebro e nosso corpo tem a capacidade inata de dar e receber cuidados, porém, para nos darmos compaixão primeiro precisamos reconhecer nossos sofrimentos. A chave central para essa questão é a atenção plena, a visão clara e sem julgamentos do que está acontecendo no momento presente com o objetivo de reagir de forma mais compassiva consigo mesmo.

É possível desenvolver a autoestima?

A autoestima pode ser trabalhada nos processos de terapia com o intuito de obter melhores resultados diante dos desafios impostos pelos pacientes que sofrem por não estarem satisfeitos com o seu corpo.

A principal característica da Terapia Cognitiva-Comportamental é a importância que dá aos pensamentos, que são sustentados por um sistema de crenças responsáveis por determinados sentimentos e comportamentos do indivíduo.

Nas pessoas com distorção da imagem corporal a percepção da imagem corporal é construída nas primeiras relações e vai se estruturando cotidianamente, integrando transtornos onde as crenças centrais disfuncionais e os comportamentos inadequados vão sendo enraizados. Uma das crenças centrais é a de que o valor pessoal está condicionado ao formato corporal e que nenhuma outra característica pessoal pode ser significante.

É preciso ensinar o paciente a identificar estes pensamentos distorcidos e torná-los mais funcionais, por meio de evidências que possam confirmar suas crenças positivas a respeito de si.

Desenvolver uma boa autoestima é fundamental para sua saúde mental. É extremamente difícil sermos bem sucedidos em nossa vida pessoal e profissional quando não nos enxergamos de maneira adequada. Com uma autoestima mais positiva, favorecemos também nossas relações, pois a relação que você tem consigo mesmo reflete sobre todas as relações ao seu redor.

Referencias

  1. BARBOSA, Marina Rodrigues; PENAFORTE, Fernanda Rodrigues de Oliveira; SILVA, Ana Flavia de Sousa. Mindfulness, mindful eating e comer intuitivo na abordagem da obesidade e transtornos alimentares. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.), Ribeirão Preto, v.16, n.3, p.118-135, set. 2020.
  2. BECK, Judith S. Terapia Cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2 ed. – Porto Alegre: Artmed, 2013.
  3. DERAM, Sophie. O peso das dietas. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.
  4. NEFF, Kristin. Autocompaixão: Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra, 2017.
  5. NEFF, Kristin; GERMER, Christopher. Manual de mindfulness e autocompaixão: um guia para construir forças internas e prosperar na arte de ser seu melhor amigo. Porto Alegre: Artmed, 2019.
  6. PESQUERO, A. C. B. Uso de prótese dentária total por idosos: aspectos psicológicos. 2005. Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Goiás Pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Mestrado em Psicologia, Goiânia – Goiás, 2005.
  7. TAVARES, Maria da Consolação G. Cunha F. (2003). Imagem corporal: conceito e desenvolvimento. São Paulo: Manole.
  8. VERAS, Aimorá L. Laus. Desenvolvimento e construção da imagem corporal na atualidade: um olhar cognitivo-comportamental. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v.6, n.2, 2010
Crismone de Oliveira Cardoso Oliveira Cardoso
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