Na prática clínica, nós nos deparamos constantemente com demandas relacionadas à baixa autoestima, evidenciando a importância de falarmos sobre o assunto e promover técnicas para fortalecer a autoconfiança.
Na atualidade existe uma valorização intensa da forma corporal e a busca constante pelo corpo perfeito. A mídia tem sido um importante meio de divulgação desse enfoque, fator que pode contribuir para a formação de uma imagem corporal idealizada por muitas mulheres.
O foco ao culto da forma corporal pode ser um fator agravante na forma como as pessoas se percebem, determinando seus comportamentos, posturas e atitudes diante de suas vivências. Não se considerar atraente fisicamente pode ser um fator de risco para patologias psíquicas.
Afinal, o que é autoestima?
A concepção da imagem corporal se dá como resultado da interação entre as pessoas, numa junção de aspectos biológicos, emocionais, relacionais e contextuais. Quando há um desequilíbrio relacionado à aparência física, as pessoas são pressionadas a buscar o corpo ideal imposto pela sociedade.
Atualmente a aparência tornou-se um dos tópicos mais importantes nas rodas de conversa. Antigamente se falava sobre o tempo, hoje em dia, se a pessoa emagreceu ou engordou, como se a forma corporal estivesse interligada à felicidade e ao bem-estar. Esquecemos do que sentimos por dentro e focamos em tudo que está relacionado à aparência.
O conceito de autoestima diz respeito à forma como o indivíduo elege suas metas, aceita a si mesmo e a sua imagem, valoriza o outro e projeta suas expectativas. A autoestima é uma parte do autoconceito, expressa sentimentos de aprovação ou desaprovação de si mesmo, e até que ponto a pessoa se considera capaz.
A autoestima, portanto, é constituída por uma série de elementos. A autoestima relaciona-se com o quanto você conhece seus pensamentos, sentimentos e comportamentos, e também o quanto mantém a prática do seu autoconhecimento diário.
Ela tem a ver com o seu foco no presente, nas suas decisões e nas interpretações da vida, evento a evento, hora a hora do seu dia. É estar no presente momento e amar a vida que vive, focando no que tem e não no que falta.
A autoestima também está diretamente ligada ao quanto você tem uma visão clara de quem você é, sua autoimagem, e de quem você quer se tornar, trabalhando nisso todos os dias em direção ao seu EU ideal.
Sendo congruente com quem acredita que deve ser, ou seja, quando você é fiel a si mesmo, por meio das suas ações. A ideia não é ser perfeito, mas sim, todos os dias andar ao encontro da sua melhor versão. Assim, você conseguirá ter mais clareza dos seus objetivos e de como os seus comportamentos têm te afastado ou levado em direção a eles.
Sinais de baixa autoestima
Uma pessoa com baixa autoestima não se sente capaz de alcançar seus objetivos e com isso, pode perder inúmeras oportunidades de crescimento na vida, prejudicando seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional.
Os principais sinais são:
- Hábito de buscar culpados para seus problemas ou erros;
- Dificuldade de aceitar as próprias limitações;
- Timidez em excesso;
- Medo da rejeição;
- Busca constante por elogios e reconhecimento externo;
- Falta de confiança em si mesmo;
- Tendência à procrastinação e à preguiça;
- Hábito de se comparar com outras pessoas;
- Dificuldade para lidar com críticas;
- Perfeccionismo;
- Dificuldade para reconhecer as próprias vitórias e conquistas.
Três fatores da autoestima
Podemos entender melhor a autoestima através da Terapia Cognitivo-comportamental, levando em conta 3 fatores: pensamentos, sentimentos e comportamentos.
- Autoconceito (pensamentos): Suas crenças sobre quem você é, sobre as pessoas e sobre seu futuro determinam sua autoestima. As crenças podem, sim, ser ressignificadas. Tudo que você aprendeu ao longo da vida pode ser reaprendido de outra forma. Questione-se sobre o que você pensa ao se olhar no espelho.
- Amor-próprio (sentimentos): O caminho para o amor próprio está na autocompaixão e aceitação de si mesma. A habilidade de ser autocompassivo pode ser treinada. Quando não cultivamos a autocompaixão, somos duros e rígidos com nós mesmos. Pergunte-se que sentimentos te cercam ao pensar sobre você mesma? O que sente sobre si mesma?
- Autoconfiança (comportamentos): Sua autoestima é diretamente proporcional ao quanto você se orgulha das suas atitudes. Autoestima são ações diárias, não é de um dia para o outro que se mudam pensamentos, sentimentos e ações. Pense quais tem sido suas atitudes ultimamente? Tem agido com confiança? Tem cuidado de você mesma ou se deixado de lado?
A importância da autocompaixão
Em termos gerais a autocompaixão envolve tratar a si mesma da mesma forma que trataria um amigo, porém a definição mais completa envolve três elementos essenciais:
- Auto bondade: permitindo que sejamos tão amorosos com nós mesmos como somos com os outros diante a erros.
- Humanidade compartilhada: reconhecer que todos os seres humanos estão suscetíveis a falhas e a sofrimento.
- Mindfulness: estar consciente das experiências e permitir que todos os pensamentos, emoções e sensações entrem na consciência sem resistência.
Nosso cérebro e nosso corpo tem a capacidade inata de dar e receber cuidados, porém, para nos darmos compaixão primeiro precisamos reconhecer nossos sofrimentos. A chave central para essa questão é a atenção plena, a visão clara e sem julgamentos do que está acontecendo no momento presente com o objetivo de reagir de forma mais compassiva consigo mesmo.
É possível desenvolver a autoestima?
A autoestima pode ser trabalhada nos processos de terapia com o intuito de obter melhores resultados diante dos desafios impostos pelos pacientes que sofrem por não estarem satisfeitos com o seu corpo.
A principal característica da Terapia Cognitiva-Comportamental é a importância que dá aos pensamentos, que são sustentados por um sistema de crenças responsáveis por determinados sentimentos e comportamentos do indivíduo.
Nas pessoas com distorção da imagem corporal a percepção da imagem corporal é construída nas primeiras relações e vai se estruturando cotidianamente, integrando transtornos onde as crenças centrais disfuncionais e os comportamentos inadequados vão sendo enraizados. Uma das crenças centrais é a de que o valor pessoal está condicionado ao formato corporal e que nenhuma outra característica pessoal pode ser significante.
É preciso ensinar o paciente a identificar estes pensamentos distorcidos e torná-los mais funcionais, por meio de evidências que possam confirmar suas crenças positivas a respeito de si.
Desenvolver uma boa autoestima é fundamental para sua saúde mental. É extremamente difícil sermos bem sucedidos em nossa vida pessoal e profissional quando não nos enxergamos de maneira adequada. Com uma autoestima mais positiva, favorecemos também nossas relações, pois a relação que você tem consigo mesmo reflete sobre todas as relações ao seu redor.
Referencias
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- BECK, Judith S. Terapia Cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2 ed. – Porto Alegre: Artmed, 2013.
- DERAM, Sophie. O peso das dietas. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.
- NEFF, Kristin. Autocompaixão: Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra, 2017.
- NEFF, Kristin; GERMER, Christopher. Manual de mindfulness e autocompaixão: um guia para construir forças internas e prosperar na arte de ser seu melhor amigo. Porto Alegre: Artmed, 2019.
- PESQUERO, A. C. B. Uso de prótese dentária total por idosos: aspectos psicológicos. 2005. Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Goiás Pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Mestrado em Psicologia, Goiânia – Goiás, 2005.
- TAVARES, Maria da Consolação G. Cunha F. (2003). Imagem corporal: conceito e desenvolvimento. São Paulo: Manole.
- VERAS, Aimorá L. Laus. Desenvolvimento e construção da imagem corporal na atualidade: um olhar cognitivo-comportamental. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v.6, n.2, 2010
Estou sempre me atualizando através de cursos, livros e publicações para trazer para meus pacientes informações novas.
Considero a psicoterapia um espaço do meu paciente e eu estou ali para "estar junto" a ele ajudando a alcançar as metas que desejar alcançar.
Acredito que amar a si mesmo é revolucionário! Revoluciona sua mente, seus relacionamentos, sua vida e seus resultados.
Posso te ajudar a desenvolver relacionamentos saudáveis consigo mesmo e com as pessoas ao redor através do autoconhecimento e inteligência emocional.
Você pode conhecer um pouco melhor do meu trabalho através do meu perfil no Instagram @psicocrismoneoliveira
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- Qual a influência da autoestima na nossa vida? - 13 de agosto de 2021