Será mesmo verdade que a ansiedade é tão má assim?

Será mesmo verdade que a ansiedade é tão má assim?

Parece que em nosso tempo a ansiedade foi transformada em uma grande vilã. Por que motivo ela se tornou tão inoportuna e indesejável? Talvez você esteja vivendo maus momentos por causa dela, e agora o que mais deseja seja encontrar essas respostas.

Vamos olhar isso mais de perto

Nosso corpo responde naturalmente aos influxos da ansiedade. Ela exerce a função de proteger o nosso ser das ações imprevisíveis do ambiente.

É um mecanismo de defesa, sempre que nos encontramos em situações de risco nosso organismo procura colocar-se em prontidão, ou seja, em atitude de atenção para responder prontamente ao que esteja nos ameaçando, ou àquilo que nos pareça uma ameaça real.

Nossa energia tem limite

Estamos acostumados a entrar em estado de atenção pela simples percepção das coisas que acontecem ao nosso redor. Isso não tem nada de errado, mas quando começa a se repetir com muita frequência torna-se algo indesejável, pois começa a comprometer os nossos circuitos de defesa e atenção, demandando uma carga extra de energia.

Quando nos mantemos em atitude de defesa o tempo todo, há um grande consumo de energia. Além disso, pelo uso excessivo desse estado de alerta, o sistema nervoso passa a operar os demais sistemas de nosso corpo próximo ao limite de suas capacidades, isso é extremamente desgastante.

A imaginação substitui a realidade

Com o passar do tempo esse insistente estado de alerta nos faz experimentar o estresse, que é uma condição em que o organismo é permanentemente exigido para cumprir uma determinada tarefa, e não tem tempo de se restaurar. Sem o devido descanso, e como não somos programados para estar permanentemente em estado de atenção, ocorre o colapso do mecanismo cognitivo que controla a ansiedade.

Perdemos a precisão para avaliar a realidade ao nosso redor. Nossa percepção começa a falhar. Isso é muito ruim, pois frente à dúvida se algo é ou não uma ameaça real, sempre nos parecerá mais seguro considerar que é uma ameaça e entrar em “modo de defesa”.

O resultado disso tudo pode ser resumido pelo dito popular: “Cachorro que foi mordido por cobra tem medo até de linguiça.” Passamos a reagir às imagens, e não mais somente à realidade como deveríamos. Basta imaginar algo e lá vem a reação ansiosa para te defender, e você nem se dá conta de como ela apareceu. Parece que surge do nada!

Ansiedade que faz sofrer não é natural

Nosso comportamento reflete fielmente o funcionamento deste sistema que acabamos de descrever. Portanto, se em função das nossas atitudes e ações demonstramos que estamos preocupados com algo que irá acontecer no futuro, aí está a ansiedade patológica, visto que no caso da ansiedade natural só ficamos ansiosos com fatos do presente, quando estamos sujeitos a situações reais de perigo.

A ansiedade que nos faz sofrer tem sua gênese no âmbito psíquico, não em ameaças concretas. Frequentemente se refere a alguma previsão nefasta do futuro. Nesses casos é indicada a intervenção com técnicas psicoterápicas. Peça ajuda a um profissional da Psicologia.

Entenda-se com a sua ansiedade

Como você viu, podemos entender a ansiedade como algo benéfico quando ocorre eventualmente e em situações reais que exijam respostas imediatas, mas quando começamos a reagir antecipadamente às situações que não passam de imagens em nossa mente, não tenha dúvida: é a ansiedade prejudicial que bate à porta. É melhor não deixar ela entrar em sua vida!

Entenda como as emoções podem interferir na ansiedade

Para nos aprofundarmos nos circuitos da ansiedade vejamos os efeitos da percepção e da emoção sobre nossas reações.

Todos nós estamos sujeitos a processos fisiológicos onde ocorre uma complexa participação de mediadores bioquímicos administrados por nosso sistema nervoso autônomo – responsável por reações involuntárias como a taquicardia, dilatação das pupilas, aceleração da frequência respiratória – em função daquilo que captamos no ambiente em que estamos.

O ciclo da ansiedade

Nosso organismo possui glândulas que produzem esses mediadores. Indiretamente elas sofrem influência de tudo aquilo que percebemos ao nosso redor.

Além disso nossa predisposição para voltar a atenção para coisas que ainda não ocorreram (ou seja, as que estão no futuro) em nossa imaginação, faz com que nossos pensamentos, emoções e sentimentos influenciem o sistema nervoso do mesmo modo que o ambiente o faz, agindo como gatilho que dispara a produção ou inibição desses mediadores bioquímicos.

Para aumentar ainda mais a complexidade do processo, as emoções que já fazem parte desse circuito acabam sendo bombardeadas pelos hormônios que elas mesmas ajudaram a produzir, criando um ciclo.

A emoção potencializa nossas reações

Com o ritmo acelerado dos tempos atuais corremos o risco de entrar em um ciclo repetitivo, onde as situações de atenção provocam a produção dos agentes químicos, que em seguida influenciarão nossas emoções, que por sua vez demandarão a mediação de uma nova carga de agentes químicos incitando cada vez mais os sistemas fisiológicos a prepararem nosso corpo para o combate.

Algumas vezes nossas emoções nos induzem a perceber as coisas de um modo diferente daquilo que elas realmente são. Além disso, a percepção é algo naturalmente aberto às sensibilidades pessoais.

Cada pessoa é um ser humano único

Agora que você já vislumbrou a complexidade do funcionamento dos circuitos da ansiedade, torna-se mais fácil entender que ela é influenciada pelo funcionamento de glândulas e outros órgãos, pelo sistema ecológico em que se vive, pelas relações sociais, pelas memórias de ameaças que a pessoa sofreu, e até mesmo por convicções equivocadas que construiu sobre os fatos que experienciou.

Vemos que há uma grande variedade de fatores que tomam parte em cada acontecimento da nossa vida. Às vezes é necessária uma investigação minuciosa para que se determine o fator preponderante desse circuito. Só então será possível adotar ações assertivas.

Desacelere a ansiedade apurando a percepção

Se o sistema, à semelhança de uma roda d’água, que gira impulsionada por essa torrente de estímulos se mantiver acelerado por períodos prolongados, culminaremos em estados patológicos da ansiedade como os exemplos que aqui citamos:

  • Surtos de descontrole emocional: qualquer discordância com alguém vira discussão;
  • Crises de pânico ou medo intenso: subitamente sobrevêm pensamentos de morte ou desastres;
  • Reações desproporcionais ao estímulo: um simples desapontamento provoca uma resposta furiosa;
  • Reações sem que haja estímulo: alucinação relacionada ao ataque de insetos ou animais perigosos;
  • Sobressaltos: tensão repentina em situações ou ambientes habituais e seguros.

Todos esses eventos possuem algo em comum: são decorrentes de percepções equivocadas que se manifestam em um momento qualquer, ainda que a situação a que a pessoa esteja sujeita seja relativamente simples e corriqueira.

Os comportamentos citados, soam como alarmes emocionais que denunciam um estado de ansiedade já instalado e que pode provocar prejuízos cada vez maiores à pessoa.

A quantidade é um fator decisivo

Antes que a ansiedade se instale é possível observar a ocorrência de diversas situações onde ela já se apresenta em níveis que não podem ser negligenciados. O que deve servir de parâmetro é a frequência com que essas situações acontecem.

Como na maioria das vezes os eventos provocam respostas que fazem parte das nossas reações normais, tendemos a não perceber que o número de vezes que acontece aumentou. Entretanto se experimentamos essas reações com muita frequência significa que a luz de alarme já acendeu.

É um bom momento para tomar a iniciativa, se antecipando aos danos que a ansiedade pode provocar, e buscar a orientação de um psicólogo.

Você poderá aumentar ainda mais a compreensão sobre ansiedade lendo o seguinte texto:

Avalie se você manifesta algum dos sintomas de ansiedade, eles podem servir de alerta e conduzir à mudança de hábitos

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