Auto sabotagem: A disputa interior
O relacionamento humano é algo primordial a para saúde e continuidade da vida, porém, há, por vezes, dificuldades para manter contato com o outro quando surge distinção de pensamentos ou modo de vida.
Há disputas ainda mais intensas quando a luta é consigo mesmo ou quando o sujeito não entende o motivo de sempre estar na mesma situação, vivendo padrões de relacionamentos repetitivos ou ainda em posições ocupacionais desagradáveis, porém, não consegue buscar o desenvolvimento profissional que o motive.
O mito e o homem contemporâneos
A mitologia auxiliar a compreensão sobre padrões humanos, nos relata a triste punição de Sísifo, sentenciado a rolar uma grande pedra até o alto de uma montanha, porém, ao chegar ao destino, vencido pela gravidade e o cansaço, via a pedra rolar montanha a baixo. O pobre homem não podia fazer mais nada, além de recomeçar.
Tal conto pode ser aplicado aos dias atuais, já que é muito comum pessoas questionarem a razão de estarem sempre em uma situação que não desejam, entretanto, não conseguem romper o ciclo.
Revivendo a dor
Por vezes, são os outros que percebem como aquele sujeito repete nas relações da vida, como é comum observar em algum conhecido o fato de sempre desenvolver uma relação amorosa ou de amizade com alguém com características bem semelhantes.
Existem histórias bem marcantes, como as de pessoas que na infância viveram com responsáveis abusadores e, ao crescer, continuam em relacionamentos abusivos.
Por vezes, seus parceiros escolhidos são substitutivos de alguém de seu passado, e essas escolhas são feitas na tentativa de resolução do conflito.
Em busca de finalização do sofrimento, vivem, revivem, mas nada ocorre a elas.
Traumas infantis
A infância é um dos períodos mais significativos na trajetória de uma pessoa. Por vezes é vivenciada com muita alegria, amor e proteção, porém, a experiência de infância também pode ser traumática por causas múltiplas. Deste modo o indivíduo se desenvolve ao longo da vida com algo para elucidar, conflitos desconhecidos retornam na vida concreta, e aparece até no corpo através de sintomas.
Em diversas áreas da vida é possível observar a tentativa de reparação, e não somente nas relações com os demais, isso pode ser reproduzido na escolha profissional, o sujeito torna-se extremamente infeliz e não entende, já que foi sua opção aquela carreira.
Recorrência no meio familiar
Algumas pessoas acreditam que têm o mesmo destino dos pais. Vivem sob uma maldição, dizem que alguns acontecimentos já foram vivenciados por todos anteriores a eles, aceitam a sentença e iniciam a autopunição, são padrões de repetições comuns, todavia, não são da ordem da consciência, o sujeito crê não ter como defender-se dos acontecimentos.
Claro, a vida está repleta de imprevistos e ninguém está livre de eventualidades, entretanto, todos têm responsabilidades por seus atos e as consequências dos mesmos.
As repetições no núcleo familiar são fenômenos que ocorrem sem interferência consciente, quando o indivíduo começa a perceber é hora de refletir.
Fracasso nas relações amorosas
Manter uma boa relação amorosa para algumas pessoas pode ser uma das tarefas mais difíceis da vida.
Ter de crescer, confiar, reconstruir, pode ser doloroso, afinal, ter de atender a todas estas demandas e ainda ter de dividir o convívio com alguém com pensamentos e ações diferentes torna o contato íntimo no mínimo complexo.
Com frequência as queixas de convivência significam a dificuldade de compreender o outro ou ainda por não entender o motivo da mudança do parceiro.
Mas será que realmente é isso? Ou será que o que se procura no outro está perdido na própria história?
O medo de ser feliz
A autossabotagem ocorre também nas realizações pessoais. Muitas vezes, a pessoa já sofreu tanto, já se acostumou a viver assim que quando surge a possibilidade de mudança tem receio de se permitir tentar, arriscar, ser feliz ou então, de somente tentar.
Arriscar sair do lugar pode ser aterrorizante, assim, o indivíduo começa a pensar que não adianta tentar, que seus planos não triunfarão e, sem perceber, se sabota, faz algo que certamente acarretará o fracasso e tudo pelo medo de ser feliz.
A difícil arte de criar raízes
Há situações em que a pessoa planeja, deseja, porém, ao longo do processo perde o foco, o interesse, e inicia outro projeto começando outra jornada. Deste modo, a conclusão torna-se um elemento da imaginação, nunca se concretiza.
A impossibilidade de concluir algo é observável na escolha acadêmica, por vezes o sujeito ingressa em um curso, se dedica, porém, quando termina, perde o interesse, desiste nas primeiras dificuldades, voltando a frequentar a academia na esperança de encontrar sua vocação e ter realização profissional.
Excesso de confiança
Uma boa dose de equilíbrio na vida é muito bem-vinda e saudável, por isso, o oposto do medo, o excesso de abertura para tudo também pode ser prejudicial.
A impulsividade pode ser um elemento da autossabotagem também, quando a pessoa procede de maneira desafiadora, não respeitando seus próprios limites, colocando-se em risco.
Há muitos comportamentos perigosos sob os quais o indivíduo não reflete, como por exemplo manter relações sexuais com desconhecidos sem proteção, dirigir embriagado, infringindo leis de trânsito, entre tantas outras atitudes nocivas.
Observar as próprias condutas pode dar início a um novo caminho, o da autorreflexão e responsabilização.
Defendendo-se?
Entre tantas habilidades desenvolvidas para adaptação, o homem adquiriu a autodefesa externa e interna, e muitas vezes para poupar-lhe sofrimento, ocorre o esquecimento.
Isso não acontece por um desejo do sujeito, mas sim por mecanismos internos, dos quais a pessoa não tem controle. Embora aconteça a ausência de lembrança, as mesmas forças internas retornam, como por exemplo em sonhos ou nos padrões repetitivos.
Muitas pessoas queixam-se de não saber o motivo ou a finalidade de sempre estar na mesma situação, culpam as demais pelas circunstâncias de suas vidas.
É preciso assumir o curso da própria vida.
Reconhecendo-se
Perceber-se nesse ciclo é o primeiro passo para a ruptura. O medo é um instinto de sobrevivência há muito desenvolvido pela humanidade, ele protege, porém, quando passa a ser impedimento para o crescimento, significa que é tempo de romper.
Estar no mesmo lugar não é circunstância somente para alguns, isso é muito compartilhado, a diferença consiste em observar-se de maneira honesta.
É preciso coragem para assumir a responsabilidade por si próprio e o desejo de mudança. A psicoterapia pode auxiliar na tomada de consciência, trabalhando aspectos internos com total sigilo e acolhimento.
Recriando o mito
Não passe a vida como Sísifo, pagando a pena com ações que nunca terminam, cansando-se em vão. A vida exige constante atualização.
Apresentação:
Seja muito bem-vindo (a). Sou a psicóloga Alessandra Alves.
Como você tem vivido? Sente que não consegue concluir nada em sua vida? Que está simplesmente dormindo e acordando, sem grandes movimentos e mudanças que realmente possam te proporcionar realizações ou de ter um novo sentido de vida!? Saiba que você não é o único, mas a transformação só depende de você. Inicie seu processo terapêutico.
Alessandra Alves – Psicóloga 59386 / CRP – 5º REGIÃO
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Referências Bibliográficas:
ROSNER, Stanley; HERMES,Patrícia. Ciclo da autossabotagem. 8ª ed.-Rio de Janeiro: Best Seller, 2016. Disponível em: <http://docero.com.br/doc/n1sex5e>. Acesso em: 09 outubro 2020.
FREUD, Sigmund. (1914-1916). Os arruinados pelo êxito. FREUD, Sigmund. A história do movimento psicanalítico, artigos sobre metapsicologia e outros trabalhos, Volume XIV. Coleção: Edição Standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud. Editora: Imago, 2015. Página 190 – 201. Disponível em: <http://conexoesclinicas.com.br/wp-content/uploads/2015/01/freud-sigmund-obras-completas-imago-vol-14-1914-1916.pdf>. Acesso em 09 outubro 2020.
- Depressão: A dor solitária - 11 de dezembro de 2020
- Auto sabotagem: A disputa interior - 19 de outubro de 2020