Angústia – o que é, o que fazer durante o sentimento de angústia?

Angústia – o que é, o que fazer durante o sentimento de angústia?

A angústia é, dentre todos os sentimentos e modos da existência humana, aquele que pode reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade como ser (…).” Heidegger

Atire a primeira pedra quem nunca se percebeu angustiado! Sentida comumente como um aperto no peito, uma sensação de vazio inexplicável, uma ansiedade e uma implacável incerteza, trazendo uma irritabilidade e um desespero incomuns, como uma voz interior, a angústia nos lança a seguinte questão: o que eu vou fazer com a minha vida?

Com tantos sintomas desconfortáveis, fica fácil concebê-la como uma grande vilã, afinal de contas, quem deseja experimentar tudo isso? E pior: com alguma frequência!

E se eu lhe convidar a dirigir um olhar diferente para ela? E se eu lhe contar que alguma angústia é sinal de uma boa saúde mental e nos mobiliza a fazer escolhas diante da implacável finitude?!

Finitude e responsabilidade

Somos seres pensantes e somos os únicos dotados de uma capacidade autorreflexiva: pensamos sobre nós mesmos, sobre o sentido da vida, cogitamos possibilidades de vir a ser na mesma medida em que nos entregamos à desesperança das impossibilidades, somos observadores da própria existência e somos constantemente assombrados pela ideia do nosso próprio fim!

Além disso, não somos pré-determinados: embora tenhamos uma carga genética que influenciar nosso temperamento, ainda assim, não somos completamente condicionados e reféns da nossa constituição.

Não há receitas prontas para viver!

Diante da indeterminação da vida e da necessidade de uma perpétua construção da realidade, a angústia aparece pela constatação da liberdade: estamos fadados a ser livres!

E se precisamos continuamente fazer escolhas e ao mesmo tempo reconhecer que outras tantas teremos de abandonar, damo-nos conta da nossa responsabilidade e implicação perante a existência. E mais: escolher tendo em mente que precisamos fazer isso num indefinido e limitado período.

Então, o que vamos fazer nesse hiato entre o momento em que subimos ao palco da vida até aquele em que nos deparamos com o fechar das cortinas?

Busca de sentido e autorrealização

A grande questão não é responder como se aplaca a angústia, mas como encontrar sentidos!

A angústia, em alguma medida, é vital à existência, é a descoberta de que não estamos finalizados, prontos, completos, mas que precisamos, continuamente, assumir uma postura de responsabilidade ao que escolhemos, e assumir o risco.

Vivermos anestesiados não nos levará a lugar algum: é a angústia o agente propulsor que nos motiva a encontrar razões de ser e agir! E buscar essas razões, por meio das escolhas diárias, torna-nos sujeitos de ação, atores e diretores da nossa própria peça!

É possível transformar a angústia em algo positivo?

É possível transformar a angústia em combustível para autorrealização quando encontramos algo pelo que lutar, quando encontramos significados ao viver, quando nos conectamos a outras pessoas e somos capazes de sermos mais empáticos, quando conseguimos ampliar a consciência individual para uma consciência coletiva, quando aprendemos, primeiramente a amar a si mesmos e então o outro.

É dessa forma que não corremos o risco de experimentar o vazio existencial, este sim, amplificador da angústia.

Tente ser um investigador de si mesmo e dar respostas a algumas questões que podem ser bastante mobilizadoras:

O que você ama? O que pode amar?

O que lhe é importante? O que te realiza? O que você tem feito com seu tempo?

O que não lhe serve mais? Quais aspectos da sua personalidade e de seu comportamento você pode abandonar para se sentir mais leve e mais feliz?

Que atitudes cotidianas você pode tomar para melhorar seu ambiente e o das pessoas ao redor? Está conseguindo se relacionar bem com elas?

Qual a sua responsabilidade nos problemas sobre os quais você tem lamentado?

Você tem uma dimensão espiritual? Como pode viver essa dimensão de forma plena?

Rubem Alves, saudoso escritor, filósofo, educador, advertia-nos: ostra feliz não faz pérola. A arte de criar e recriar a própria realidade e a que nos cerca depende de algum desconforto!

Por isso, caso você se sinta angustiado, saiba que esse é um mecanismo humano que indica que algo precisa mudar!

Pegue essa sensação de vazio, ansiedade, incerteza, irritabilidade e desespero e transforme em sua pérola e, se precisar, pode contar com a ajuda dos profissionais da psicologia.

Karen Valadao Fagundes
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