Depressão na adolescência: como identificar e o que fazer?

Depressão na adolescência: como identificar e o que fazer?

O questionário não deve ser considerado como um diagnóstico, apenas como uma orientação dos níveis dos sinais. Nesse caso, sempre é recomendado consultar um profissional capacitado para uma avaliação completa.

A depressão já é conhecida como um grande mal do nosso século. E ela tem sido especialmente perigosa para os nossos jovens. O suicídio é a terceira principal causa de morte dos jovens no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Mais assustador que isso é saber que cerca de 70% destes jovens estavam clinicamente deprimidos.

As causas desta doença são muitas. Ela é uma combinação de fatores emocionais, sociais e biológicos. E para cada pessoa a depressão acontece de um jeito. O que acho mais importante é tentar te mostrar como é a experiência da depressão. Quem nunca teve esta vivência pode ter dificuldade de compreender, pois é um acontecimento interno que só a pessoa que está passando pela tem acesso.

Imagino que você já tenha sentido ou visto alguém sentir como se estivesse “no fundo do poço”. Começou a sentir uma angústia ou dor que não sabia “onde estava”, mas estava ali, e era muito forte. E, com o tempo, passou.

Uma pessoa com depressão sente esta mesma dor, mas ela não passa. Tente imaginar o que você sentiria se estivesse sentindo muita dor, mas não soubesse como fazê-la parar. Esta é a realidade da pessoa deprimida.  A depressão é uma doença de dor e desespero, e ainda é um desafio para médicos e pacientes.

Como é a depressão na adolescência?

A adolescência é, naturalmente, um momento de “crise existencial”; um processo de forte transformação em que o jovem deixa para trás muitas das suas regalias como jovem e precisa encarar as responsabilidades da vida adulta. Portanto, eles passam por uma experiência de perda, de luto.

Ainda, passam por situações desafiadoras como os primeiros amores dolorosos, dificuldades na inserção de uma realidade profissional e vida sexual, e obstáculos no estabelecimento da boa autoestima. O uso indiscriminado de redes sociais, inclusive, tem cada vez mais contribuído negativamente para a autoconfiança das pessoas. E quem mais se prejudica nesse cenário? Isso mesmo, os jovens.

Como sabemos, esses processos de transformação de adolescentes para adultos, são assustadores. Junte a isso as mudanças corporais e de humor causadas pelos hormônios, e temos uma “panela de pressão” que deixa o jovem vulnerável a desenvolver transtornos mentais.

No adolescente, a depressão é vivida de forma muito solitária.

Seus pedidos de ajuda e seus sintomas são com frequência entendidos como  “drama de aborrecente”, uma fase que “ logo vai passar!”.

O desânimo sem fim sentido pelo jovem que entrou em um quadro depressivo, na verdade, é fruto de desequilíbrios na bioquímica cerebral: como a diminuição na oferta de neurotransmissores como a serotonina, ligada à sensação de bem-estar.

É triste vermos tantas pessoas sofrendo, porque a depressão não promove apenas uma sensação de infelicidade crônica, mas incita alterações fisiológicas. Assim, o jovem pode passar por baixas no sistema imune e o aumento de processos inflamatórios. Por essas e outras, já figura como um fator de risco para diversas condições na saúde, como as doenças cardiovasculares.

Nossos jovens estão pedindo ajuda, mas precisamos aprender a escutar!

É importante lembrar que o resultado do questionário não é uma avaliação psicológica. Assim, apenas por esse resultado, não é possível diagnosticar um quadro de ansiedade e depressão.

Como identificar se o adolescente está com depressão?

É possível identificar se o jovem apresenta comportamentos típicos de pessoas deprimidas. Ele vai apresentar alguns dos comportamentos a seguir durante muito tempo:

  • Muita raiva ou irritabilidade: reações exageradas de raiva, como quebrar objetos ou agredir pessoas;
  • Problemas de memória e concentração: dificuldade de se concentrar em qualquer atividade. Mesmo as simples, como assistir televisão. Também esquecimento de eventos importantes, como datas de prova, aniversários, etc;
  • Alterações de sono/apetite: o jovem pode estar dormindo mais ou menos que o seu habitual. O mesmo para a fome, que pode se alterar para muito ou mais;
  • Desesperança: quando o jovem manifesta falta de esperança no futuro, através de falas como: “eu sou um fracasso”, “as coisas nunca dão certo para mim”, “a vida é muito difícil”, ou “felicidade não existe”;
  • Isolamento: o jovem deixa de se socializar e começa a passar grande parte do seu tempo sozinho, no seu quarto, por exemplo;
  • Desistências/falta de interesse: começam a abandonar atividades e interesses que são importantes. Mudar os interesses é saudável. O problema é quando não há mais interesses, e ele deixa de fazer tudo que antes gostava tanto;
  • Sintomas físicos: os transtornos mentais também se manifestam no corpo, através de dores de cabeça persistentes, dores corporais, bruxismo, constipação crônica, dentre outros;
  • Automutilação: esta atitude traz sentimento de alívio da dor.  É mais comum que eles se cortem ou se queimem em locais mais discretos e difíceis de ver, como a parte interna das coxas ou a barriga. Fique de olho nas feridas;
  • Ideação suicida: o jovem manifesta diretamente que não quer ou não aguenta mais viver. Também pode falar indiretamente que “quer dormir por anos, sumir e começar tudo de novo, que não acharia ruim morrer agora, que a vida não tem sentido”, etc.

É bom lembrar que a ocorrência de apenas um destes comportamentos não quer dizer que há um quadro de depressão. É preciso que vários destes fatores aconteçam, e que um diagnóstico seja feito por um profissional.

O que fazer para ajudar o adolescente com depressão?

  • Procure ajuda profissional: esse é o primeiro e mais importante passo. Procure por ajuda profissional (psicólogo e psiquiatra) o mais rápido possível;
  • Sugira um check-up geral: muitos quadros depressivos são iniciados por fatores biológicos como doenças hormonais ou deficiência de algumas vitaminas e minerais, como o magnésio e a vitamina B12;
  • Escute: a vontade de ajudar é muita, mas evite dizer ao jovem o que ele deve fazer para melhorar. A melhor coisa que você pode fazer é escutar. A fala é terapêutica. Ofereça ao jovem este espaço para falar de si e do que está sentindo;
  • Ofereça ajuda: para as pessoas com depressão, tarefas simples e rotineiras podem ser extremamente cansativas. Pergunte se há algo que você pode fazer para ajudar. Podem ser coisas simples, como levar o cachorro para passear ou arrumar o quarto;
  • Faça companhia: o homem é um ser social e sua saúde mental depende disso. Para fazer companhia você não precisa fazer nada específico. Nem conversar. O importante é que você esteja ali presente;
  • Ofereça afeto: o mundo deste jovem é um mundo dolorido, confuso e distorcido. Quase não tem alívio para a dor. Portanto, abrace, beije, diga o que gosta ou admira no nele, ofereça colo, etc. Ofereça conforto;
  • Saiba como pedir ajuda em emergências: tenha, dentro do possível, formas de contatar a família do jovem, o médico psiquiatra, o psicólogo e serviços de emergência;
  • Não ultrapasse os seus limites: você não é de ferro. Ver as pessoas que nós amamos sofrendo muito não é nada fácil. Se afaste temporariamente se for preciso. Se você ficar doente, não poderá ajudar.

Existem formas de prevenir a depressão em adolescentes?

Para prevenir a depressão, é importante gerenciar o estresse. Ler, ter hobbies e se divertir ajudam a manter a cabeça ativa e livre de pensamentos negativos ou preocupações excessivas, e isso pode ajudar a prevenir quadros depressivos.

Cuidar do organismo reflete na saúde mental dos jovens. Por isso é tão fundamental praticar atividade física regularmente e ter boas horas de sono, inclusive porque estudos atestam que incentivam a liberação de hormônios e outras substâncias importantes para a manutenção do humor.

Pesquisas mostram que a dieta também influencia as emoções dos adolescentes (e demais pessoas). Nesse quesito, vale se inspirar no cardápio abastecido de azeite de oliva, peixes, frutas, legumes, verduras e oleaginosas (nozes, castanhas…).

É indicado o uso de antidepressivos para adolescentes?

Sim, existem diversos medicamentos antidepressivos que ajudam a regular a química cerebral, e esses podem ser incluídos no plano de tratamento do jovem.

O acompanhamento psicológico entretanto, que buscará levantar as causas do problema e como ele poderá ser desmontado. Ou seja, a terapia é crucial no processo, uma vez que cuida da raiz do problema, enquanto os remédios tratam os sintomas.

De qualquer forma, é muito importante que a ingestão de medicamentos seja prescrita por um médico, em casos especiais.

A forma de tratamento mais recorrente para melhoria do quadro de depressão para jovens é a terapia cognitivo-comportamental, que identifica conflitos e auxilia o paciente a encará-los e sair do estado de abatimento.

Assim, a depressão pode ser superada se o adolescente fizer corretamente o tratamento e tiver apoio familiar e dos amigos.

Nós podemos ajudar os nossos jovens a terem uma vida melhor se escutarmos o que eles têm a dizer de si.

Você tem um familiar, amigo ou é um adolescente com depressão? Converse com a gente pelos comentários e conte a sua experiência. Queremos ajudar você a superar a depressão o quanto antes! 🙂

 

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