No decorrer dos anos, e especialmente a partir da revolução industrial, a psicologia emerge como um importante saber científico para ajudar na compreensão da nova sociedade.
Para isso, muitos pesquisadores se dedicaram a estudar uma série de comportamentos associados a sofrimentos mentais, chegando a níveis que beiravam o insuportável (como é o caso da Borderline).
Dentre os resultados das investigações no campo da saúde mental, descobriu-se que muitos comportamentos se repetiam e eram associados a emoções, pensamentos e crenças, o que permitiu a caracterização dos transtornos mentais, dentre eles os transtornos de personalidade.
Os transtornos de personalidade afetam vários aspectos da vida da pessoa, em especial o humor, as relações interpessoais, afetos, emoções, trazendo quase sempre uma sensação de confusão que beira àquilo que costumamos entender como loucura.
Embora o poeta esteja certo ao afirmar que “de perto ninguém é normal”, algumas situações trazem muito sofrimento psíquico em função da complexidade do turbilhão de emoções e comportamentos envolvidos.
Dentre os casos de Transtorno de Personalidade destaca-se o Borderline, por suas características específicas que alteram vários aspectos da vida da pessoa.
O que é Borderline?
O Transtorno de Personalidade Borderline ou Limítrofe, caracteriza-se por um conjunto de sintomas que trazem grande instabilidade em vários aspectos da personalidade, como relacionamentos, auto-imagem, afeto e comportamentos (ARNTZ, 2015).
Essas características deixam a vida das pessoas com esse transtorno muito difícil, trazendo grandes impactos nas relações interpessoais e em vários campos da vida – desde profissionais até relacionamentos pessoais.
Embora grande parte das pessoas sejam realmente inteligentes, acabam por abandonar estudos e trabalhos em função dos fatores emocionais.
Em termos práticos, o sofrimento causado pelas características deste transtorno, muitas vezes, leva o indivíduo a responder de forma “exagerada” a situações cotidianas da vida com grande instabilidade e impulsividade, estando sempre na borda ou no limite para explosões que podem ser dirigidas ao outro ou a si mesmo, podendo ocorrer, tentativas de suicídio ou automutilação.
Esses episódios de explosão trazem uma sensação de alívio e prazer num curto prazo.
Estudos da Associação Americana de Psiquiatria apontam que entre 1,1 a 2,5% da população sofre deste transtorno, sendo mais predominante na população feminina.
O transtorno é mais comum de ocorrer na idade adulta e pode afetar significativamente a qualidade de vida do cliente.
Pessoas com esse transtorno possuem uma acentuada instabilidade emocional, que pode chegar de um extremo de êxtase a tristeza – de forma brusca e instantânea, normalmente associada a sentimentos de rejeição. Por esse motivo, é comum a confusão com o Transtorno Bipolar.
A pessoa com borderline pode ter dificuldades em comunicar claramente seus sentimentos, especialmente em situações que a rejeição apresenta-se acentuada. Podem haver episódios de automutilação e tentativas de suicídio, também ligados a uma compulsão e uso de drogas.
A ansiedade costuma afetar fortemente pessoas com transtorno de boderline bem como estado depressivo ou de tristeza profunda.
Em função dos diversos fatores listado, o diagnóstico desse transtorno é um desafio para diversos profissionais de saúde mental – mesmo os mais experientes, especialmente em função da vasta gama de sintomas que o compõem e que podem ser facilmente confundidos com outros transtornos.
Como diagnosticar uma pessoa com Transtorno de Boderline?
O diagnóstico pode ser realizado pelo psicólogo e/ou psiquiatra, esses profissionais poderão detectar o transtorno a partir de anamneses específicas e, no caso da abordagem terapia cognitivo-comportamental, a aplicação de métodos como o Diagrama de Conceituação Cognitiva.
É importante ressaltar que não existem exames para diagnosticar transtornos de personalidade. Quase sempre é necessário um bom profissional de saúde mental para reconhecer a operação do conjunto de sintomas que atuam nesses casos.
O suicídio é a causa de morte de cerca de 10% das pessoas com esse tipo de transtorno, e a principal forma de tratamento é a psicoterapia, muitas vezes associada ao acompanhamento psiquiátrico. Os medicamentos podem ajudar a minimizar a ansiedade e a depressão, reduzindo tentativas de suicídio.
A psicoterapia é capaz de contribuir para mudanças importantes com vista à superação dos desafios trazidos pelo transtorno de borderline, uma dessas formas é ajudando o paciente a ampliar sua autoconsciência, modificar comportamentos, a fim de contribuir positivamente nos vários aspectos da vida, aumentando assim o potencial criativo e transformador do cliente.
É muito importante saber que não é possível fazer o auto diagnóstico dos transtornos mentais. Eles exigem grandes esforços dos profissionais de saúde para serem diagnosticados e normalmente só é concluído após algumas sessões iniciais.
Portanto, se você percebe que tem sofrimentos que são insuportáveis e impedem suas atividades diárias, um psicólogo pode ajudar a mudar esse quadro.
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