Brincadeiras perigosas nas escolas: como intervir?

Brincadeiras perigosas nas escolas: como intervir?

O Comportamento Violento

Atualmente o ser humano vive uma época de estímulos gerados pela internet e a sua velocidade de dados compartilhados. Assim sendo, coisas boas e ruins são espalhadas, e os jovens vão acessando estes conteúdos e alguns os reproduzem. 

As fases da infância e da adolescência são marcadas pelo desejo de explorar os sentidos e situações, já que o cérebro ainda está se desenvolvendo, e a curiosidade vai sendo ampliada conforme o mundo desabrocha à sua volta.

Porém, é preciso que os adultos estejam alertas para os possíveis comportamentos de risco que eles podem apresentar contra si, como por exemplo a automutilação, e contra os seus pares — brincadeiras violentas, por exemplo. 

Sabe-se que todo ser humano possui algum comportamento violento em si, pois faz parte da composição da personalidade humana ter algo relacionado à animosidade.

Conforme a sua personalidade e o seu caráter vão sendo formados, intermediados pelos ambientes que transitam (sociedade, escola e família), o senso de certo e errado vai ganhando um sentido. Por este motivo que é tão importante os adultos estarem atentos ao que as crianças e adolescentes estão lendo, escutando, assistindo e reproduzindo, pois a violência traz prejuízos à vida social e mental, e quando ela ocorre no ambiente escolar, gera a distorção da sua principal função que é educar.

O contexto escolar e as brincadeiras violentas

As crianças e adolescentes encontram na escola o seu “segundo lar”, pois é lá que elas passam boa parte do seu tempo, algumas regras são aprendidas, que interações sociais são vivenciadas e é o local onde aprendem a lidar com algumas situações da vida (simples ou complexas).

Por este motivo, a escola precisa atentar-se ao que está ocorrendo no mundo virtual e social, pois poderá ser reproduzido no ambiente escolar. Pode-se citar, como exemplo, a “brincadeira da rasteira”, que recentemente ganhou grande audiência nas redes sociais, onde dois colegas pulavam e a colega que estava entre eles levava uma rasteira ao tentar imitá-los, caindo desprevenida com a cabeça no chão, ocasionando a sua morte por traumatismo craniano. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Neurologia, estas brincadeiras podem levar a consequências graves à saúde das vítimas, tais como perda da mobilidade (paraplegia), traumatismo craniano, podendo até tirar-lhes a vida, como no exemplo acima citado. Em adicional, pode ocasionar um trauma para quem assiste.

A depender de alguns critérios, este tipo de brincadeira pode ser enquadrada como um bullying, conforme a frequência em que ocorre e o tipo de pessoa que é escolhida. Um fato importante é que pode ser observado uma espécie de sensação de prazer por parte de quem a pratica, ao ver o outro sendo exposto ao ridículo, ou até mesmo em sofrimento. 

Um alerta por trás das brincadeiras violentas

Por demonstrar estar havendo uma reprodução e/ou aceitação de atos de violência, essas supostas brincadeiras merecem receber uma atenção especial, pois os seus praticantes podem estar reproduzindo cenas do seu próprio cotidiano, ou seja, podem estar passando por situações de violência doméstica.

Quando uma pessoa passa por situações de violência com muita frequência, ainda mais por parte das pessoas próximas como os pais e familiares, elas tendem a normalizar e a propagar a violência como sendo algo aceitável.

Desta forma, a escola precisa ficar atenta aos possíveis sinais de violência que estas crianças possam vir a apresentar, sendo necessário acionar as autoridades competentes.

Outro ponto importante que não deve escapar aos olhos mais atentos dos profissionais da escola e da família, é a possibilidade de haver nestas crianças ou adolescentes algum transtorno de conduta, comportamental, e até mesmo apresentar sintomas de algum transtorno da aprendizagem.

Por este motivo que é imprescindível que sejam implementadas nas escolas parcerias com psicólogos especialistas na área do desenvolvimento ou na área clínica, para oferecerem palestras que visem prevenir tais incidências e/ou realizar os encaminhamentos para os profissionais que possam dar prosseguimento ao caso. 

Os psicólogos poderão intermediar estes conflitos buscando investigar as causas e as repercussões destes atos, implicando todas as pessoas envolvidas neste processo. Porém, o psicólogo escolar não realiza atendimento clínico dentro da escola, sendo necessário encaminhar os possíveis casos que tenham alguma suspeita que fuja às questões escolares, tais como psicodiagnóstico, avaliação psicológica, psicoterapia, etc.

Alternativas para lidar com a violência na escola

Através das rodas de conversa com as crianças e adolescentes, é possível orientar sobre os reais riscos destas brincadeiras, e escutar o que eles têm a dizer sobre este fenômeno. 

Uma alternativa para a redução da frequência destas “brincadeiras”, seria conscientizar tanto os profissionais da escola, quanto os alunos e os seus familiares das proporções jurídicas que estes atos podem levar.

Apesar de os adolescentes estarem enquadrados como sujeitos inimputáveis, os seus responsáveis respondem aos danos causados, e a escola também passa por uma avaliação para verificar o quanto é feito neste ambiente para coibir estas situações de risco.

Além disso, é preciso levar os alunos à reflexão se a intenção deles é realmente ferir os seus colegas e aonde desejam chegar com isso, e o que querem comunicar através destes atos violentos.

Assim, sabe-se que as brincadeiras violentas sempre existiram, porém atualmente há estudos e profissionais que podem auxiliar neste processo na busca por uma relação equilibrada no ambiente escolar. Vale salientar que a educação está presente em diversos ambientes na vida dos seres humanos, estendendo-se para além dos muros das escolas.

Logo, para que a escola consiga transcender estes problemas ocorridos no seu ambiente, e que por sua vez também podem estar sendo reproduzidos em outros momentos na vida destas, é preciso haver uma parceria entre a escola, a família e a sociedade.

Isto significa que quando um aluno comete um comportamento inapropriado dentro da escola, é dever da instituição assumir as responsabilidades que lhe couberem, evitando se estagnarem no processo de culpabilização das famílias. 

No campo da família, é preciso estabelecer um estreitamento de laços com a escola, acompanhando os passos dos seus filhos, reforçando o trabalho que já vem sendo executado na escola e vice-versa. 

E a comunidade ou sociedade, também pode participar promovendo eventos com esta temática em que haja aproximação da escola, familiares e alunos, pois assim os laços sociais vão sendo fortalecidos, e a cooperação mútua poderá surgir a partir destes eventos, gerando uma interação saudável nestes núcleos. 

Assim sendo, para que as situações-problemas ocorridas no ambiente escolar possam ser diluídas, é necessário haver uma parceria entre os profissionais da escola (incluindo diretores, professores, psicólogos, etc), a família e a sociedade, para que juntos consigam acolher e orientar as crianças e adolescentes a superar as suas dificuldades de interação social e/ou comportamental.

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