Dependências: como enxergar além do que comumente se sabe?

Dependências: como enxergar além do que comumente se sabe?

As dependências

Em se tratando deste conceito, posso dizer que o assunto é amplo, pelo fato de sabermos que no âmbito patalógico se fala de dependência alimentar, emocional, dentre várias doenças psicológicas. Mas levanto a questão: será que o sujeito que sofre de alguma modalidade de dependência é doente? Ou seria a forma desta pessoa lidar com o “objeto” elegido que é doentio?

Por que isto acontece?

Vejamos, quando me direciono a “objeto elegido”, estou falando de qualquer coisa que a pessoa “se apega” de uma maneira exagerada, seja o uso de drogas lícitas ou ilícitas, seja em alguma pessoa, algum amor, ou em comida, sexo, enfim, naquilo que o sujeito pensa o dia todo.

É como se fosse um vício libidinal, em que sua sexualidade se investe, a ponto de escravizar a pessoa em seu próprio pensamento, e enquanto este(a) não comete o ato, não para de pensar, por isso vive uma vida sem paz, pelo fato de todo seu investimento psíquico estar direcionado a apenas um objeto, seja lá o que foi elegido.

E por que todo este investimento?

Tentarei expor da maneira mais resumida e coesa possível. Perceba por meio de um exemplo simples: você sonha em visitar as praias do Caribe, então em um belo dia você visitou, e quando você está lá, para se animar você pede uma cerveja bem gelada e pensa: “ah que delícia, mas opa! Falta um cigarrinho, opa! Mais uma cervejinha, dentre opa e opa e opa!

Ou seja, você nunca está pleno(a), por mais que se satisfaça com aquilo que esteja recebendo, precisa de mais “opa e opa”! 

Nada “tapa o buraco” completamente, porém isso tem um lado maravilhoso, é esse buraco que nos movimenta, que nos causa a ambição de viver, de fazer as coisas, de trabalhar, de amar, mas também de nos viciar, e aí que está o problema!

Quando na tentativa de tapar o buraco nos apegamos em apenas um objeto, isto se torna doentio, pois não é possível eleger “novos” objetos, sustentando a estagnação de um único objeto na tentativa de se satisfazer completamente. 

Portanto, pense se jamais nos satisfazemos por completo. O uso “deste objeto único” tende a nos adoecer, pois não será alcançada a plenitude. 

E agora?

Em se tratando do uso demasiado de um único objeto, fica mais fácil de responder à questão que levantei no início do texto, não é?

Talvez o que adoeça seja a forma do sujeito lidar com sua falta, com seu buraco, todos nós sofremos com nosso nascimento, este seria o primeiro trauma da vida, que é a perda da plenitude, até ali na barriguinha da mamãe você era completo, mas ao nascer você deixou de ser, e ainda bem! 

Porque senão, nem iria desejar mamar para além da sobrevivência. Afinal, a plenitude se resume em não desejar mais nada, e quem não deseja mais nada está morto!

 A vida é assim, um emaranhado de “quereres”, de satisfação, de fracasso, de reclamação, de ter e não ter, porém quando a forma de lidar com isso tudo causa grandes problemas, de fato surge a necessidade de ajuda. 

Mas a questão acima disso é o sujeito ter essa demanda de ajuda, pois somente assim que o(a) psicólogo(a) poderá trabalhar junto com “este sujeito”.

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