A educação, institucionalizada nas escolas, tem sido instrumento social lapidado por interesses das classes dominantes na reprodução das relações de produção típicas da sociedade capitalista. O projeto contemporâneo de escola constituiu-se sob a fórmula de aparelho ideológico do estado (Althusser, 1992), aprisionamento de liberdades (Illitch, 1985) e canalização da libido (Jung, 1971/ [2007]). A partir da necessidade de compreender a razão pela qual o adoecimento psíquico é considerado uma epidemia dentre os professores na Educação Básica, utilizamos a “Psicodinâmica do Trabalho” com objetivo de:caracterizar o contexto e o sentido atribuído ao trabalho docente; identificar as formas de mobilização subjetiva vivenciadas; analisar as vivências de sofrimento criativo e patogênico; e, problematizar estratégias defensivas vigentes na interação entre trabalho prescrito e real.
A metodologia empregada consistiu no estudo de 100 sujeitos, de ambos os sexos (87 mulheres e 13 homens), com idade entre 30 e 65 anos, professores da rede pública de ensino no município de Macaé, por meio de entrevista estruturada, em estudo preliminar desenvolvido no projeto de extensão Pesquisa e Intervenção em Arte, Trabalho e Ações Coletivas, do Instituto de Psicologia da UFRJ. Abordar-se-á questões do sujeito no trabalho, que permeiam sua atividade profissional junto a precarização do trabalho docente, sistemas de avaliação meritocráticos e a própria estrutura inerente a relação professor-aluno-saberes.
Por meio das entrevistas identificou-se as principais atividades do trabalho docente (fomento ao conhecimento e orientação de comportamento), às dificuldades (descontinuidade das políticas públicas, precariedade rede pública, desvalorização do trabalho docente, dificuldade em conciliar as demandas da comunidade escolar, dos alunos e das chefias). As condições descritas mobilizam os sentimentos de insatisfação, de frustração e de não reconhecimento, incitando angústias e a repulsa por permanecer na profissão. A importância do trabalho é reconhecida pela necessidade de sustento e possibilidade de participação em movimentos sindicais.
A canalização da libido é o processo de conversão e transformação da energia instintiva em símbolos, ou seja, há interação entre Eros e Pathos. Esse processo presupõem a domesticação dos desejos. Sendo Eros o território das paixões como disposições patológicas estruturantes, o objeto de amor representa o pathos estruturante aos quais o sujeito busca relacionar-se por amor e sofrimento. A análise dos discursos propiciou a compreensão do porquê o trabalho docente ora é patogênico, ora é estruturante. O sofrimento no trabalho pode encaminhar o sujeito para diferentes destinos, logo tende-se a postular que o sofrimento é inerente e promove conflitos entre o prescrito e o real em meio a mobilizações subjetivas e estratégias defensivas no anseio por instituir o sentidos simbólicos ao trabalho.
Mobilizando-se ou estagnando-se os professores permanecem experienciando o trabalho estruturante e patologizante. E, este estudo pretende contribuir para desestigmatizar as críticas ao trabalho docente ciente de que vivemos uma servidão untraliberal que tem produzido desestruturações severas no sujeitos.
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Destinado a todo aquele que:
- necessita de diagnóstico quanto ao nível de alterações no comportamento, na personalidade e na cognição, bem como o nível de gravidade de determinadas lesões cerebrais e transtornos de aprendizagem;
- desejem identificar potencialidade e dificuldades cognitivas;
busque expressar seus conflitos e dificuldades, ultrapassar os obstáculos que o impedem de integrar-se e adaptar-se adequadamente ao meio social;
- otimizar desempenhos em concursos, provas e processos seletivos.
As sessões podem ser em grupo ou individuais.
- Docência: reflexões sobre o pathos estruturante - 19 de julho de 2016