Como entender e controlar o ciúme?

Como entender e controlar o ciúme?

O ciúme normal, o exagerado e o patológico

Todo mundo em algum momento da vida já sentiu ciúme, seja de um parceiro, irmão, amigo ou qualquer outro familiar. Isso é normal, pois se trata de um sentimento que é motivado pela insegurança e despertado quando estamos ligados a alguém, mas nem sempre ele é prejudicial para a relação, pois pode demonstrar uma parcela de carinho e cuidado, além disso, podemos escolher como reagir diante de uma situação, evitando possíveis brigas e comportamentos abusivos no relacionamento. 

Qualquer pessoa está sujeita a sentir ciúme, independente do quanto ela é autoconfiante, pois o ciúme surge quando há o medo de que o relacionamento seja ameaçado, porém, pessoas inseguras e com baixa autoestima estão mais vulneráveis ao ciúme.

Apesar de o ciúme ser normal e todos estarem suscetíveis a senti-lo, ele é considerado um sentimento desagradável, pois sempre que ele surge está acompanhado de outros sentimentos como:

  • Medo,
  • Ansiedade,
  • Raiva,
  • Tristeza,
  • Impotência,
  • Etc. 

O pensamento é o combustível do ciúme, pois quanto mais alimentamos nossos pensamentos de desconfiança, mais sentimos ciúme, podendo até influenciar nossos comportamentos. Por exemplo, uma pessoa muito ciumenta tem frequentemente pensamentos do tipo: “ele pode me trocar por outra pessoa”, “meu parceiro deve estar escondendo algo de mim”, “ele vai me deixar”.

Quanto mais vida a pessoa dá a esses pensamentos, mais ansiosa e desconfiada ela pode ficar. 

Diante de todos esses pensamentos, há grande chance da pessoa ter o comportamento de seguir o parceiro, bisbilhotar o celular e redes sociais, ler mensagens e e-mails e outras atitudes, com o objetivo de descobrir algum fato do parceiro que vai confirmar os pensamentos citados anteriormente e com isso passar a fazer várias suposições e imaginar diversas situações.

Muitas vezes o indivíduo que é ciumento considera essas imaginações e suposições como verdades absolutas, o que traz muitos prejuízos e brigas para a relação. 

Portanto, é importante saber diferenciar o ciúme normal do exagerado, e estes dois do patológico.

O ciúme normal é aquele relacionado ao cuidado, carinho e preservação da relação, geralmente não causa desentendimentos. Já o exagerado é mais intenso e causa muito desconforto e tristeza para quem sente, normalmente é gerado devido à baixa autoestima e o ciúme patológico causa sofrimento para quem sente e para o parceiro, é um ciúme provocado por ideias fantasiosas ou até mesmo delirante. A seguir veremos como funciona a mente ciumenta.

Como funciona a mente ciumenta

A mente ciumenta é formada por quatro elementos:

  • Crenças centrais,
  • Livros de regras,
  • Pensamento enviesado,
  • Preocupação e ruminação.

Calma, vou explicar cada um deles. Essas partes que compõem o ciúme contribuem para detectar ameaças ao relacionamento, ou seja, o indivíduo fica atento a possíveis pessoas e motivos que podem levar à perda do parceiro, favorece o exagero da importância dos fatos, sendo que às vezes é uma simples situação e a mente acaba exagerando e dando uma importância maior, colabora para a pessoa ter comportamentos que vão confirmar seus medos, como por exemplo vigiar o parceiro com o intuito de descobrir algo e deixa a pessoa paralisada imaginando o que pode acontecer ou o que já aconteceu. 

Crenças centrais

São ideias que temos sobre nós mesmos e sobre os outros, é a maneira que pensamos sobre as coisas e situações, geralmente são formadas desde a infância, mas também podem surgir na vida adulta, elas se fortalecem ao longo da vida, são pensamentos tão enraizados e profundos que torna difícil questioná-los, normalmente são considerados pela pessoa como uma verdade absoluta.

Por exemplo, uma crença central sobre nós mesmos poderia ser: “não sou atraente”, “não sou bonita”, “não mereço ser amada”.

Livros de regras

São regras e suposições que temos sobre nós mesmos e sobre outras pessoas. Normalmente são pensamentos construídos assim: “Se isso acontecer, então aquilo vai acontecer”. Um exemplo de regra sobre nós mesmos: “preciso ter um relacionamento para ser feliz”, outro exemplo de regra sobre os outros: “não devo confiar em outras pessoas porque elas vão me trair”. Reflita sobre suas regras e pergunte-se se elas são inflexíveis e te causam sofrimento, caso sejam, é importante procurar ajuda. 

Pensamento enviesado

São pensamentos que surgem automaticamente, de forma espontânea baseados na desconfiança e ciúme, eles podem ser verdadeiros ou não, e podem levar a distorções, ou seja, situações que não são reais. Um exemplo de distorção é a rotulação, quando a pessoa atribui rótulos negativos a ela e aos outros, como “eu sou feia” e “todo homem trai”. Sugiro que observe como seus pensamentos negativos contribuem para seu ciúme. 

Preocupação

São previsões negativas do futuro, por exemplo “se ele sair sozinho pode me trair”.

Ruminação

É se apegar aos aspectos negativos do passado ou presente. Uma forma de evitar as preocupações e ruminações é vivendo o presente, o aqui-agora e não concentrar sua atenção apenas no negativo.

Então para saber lidar com essa mente ciumenta é importante questionar suas crenças e encontrar sinais que comprovam ou contestam elas, não considerar as regras como verdades absolutas e torna-las mais flexíveis, observar os pensamentos automáticos e evitar que eles dominem sua mente, além de viver o presente ao invés ficar preso em situações do passado, generalizando, como se o seu parceiro sempre fosse fazer aquilo, além também de evitar ficar imaginando possíveis situações que podem ou não acontecer.

Agora vamos aprender, no próximo tópico, como controlar o ciúme.

Como lidar com o ciúme

  1. Identifique as causas do seu ciúme: São vários motivos que podem gerar o ciúme, às vezes pode ser experiências da infância, traumas de relacionamentos anteriores, sensação de abandono, falta de afeto e outros. Se precisar, procure ajuda de um psicólogo para te auxiliar nessa etapa, quando você é consciente das causas, fica mais fácil controlar esse sentimento.
  1. Tenha uma comunicação clara e objetiva: Quando há uma boa comunicação entre o casal fica mais fácil expressar as opiniões e sentimentos, dizer o que incomoda, o que é inadmissível no relacionamento para você e o que pode ser evitado para serem mais felizes. Assim, seu parceiro terá consciência dos comportamentos dele que causa ciúme em você e poderá evitar, caso sejam coerentes.
  1. Tenha um momento só seu: A vida a dois é bacana, mas isso não pode impedir que você tenha sua individualidade, seu espaço e liberdade. É preciso que cada um tenha seu momento sozinho, sua liberdade e que reserve um tempo para si mesmo. 
  1. Viva o presente: Desapegue-se do seu passado. Muitas vezes, devido a experiências de relacionamentos anteriores, a pessoa fica presa ao medo intenso de perder o outro. Cada relacionamento é de um jeito, não compare o seu último relacionamento com o atual e não fique imaginando possíveis situações que podem acontecer, não sofra antecipadamente com o presente, viva o agora, desfrute do hoje.
  1. Eleve a sua autoestima: Seja uma pessoa segura de si, confiante, reflita sobre suas qualidades, cuide de você e valorize o que você tem de melhor. Uma pessoa com autoestima saudável e positiva é mais confiante e sabe diferenciar atitudes do parceiro que merecem atenção e que devem ser ignoradas. 

6. Busque terapia: A terapia pode ser uma opção para salvar o relacionamento que está sendo sufocado pelo ciúme, pode auxiliar você a elevar sua autoestima, encontrar a autoconfiança, a encontrar as causas do seu ciúme, a se amar mais, saber comunicar com seu parceiro e ter um relacionamento leve e saudável. 

Então, diante dessa enxurrada de informações, eu te convido para me seguir no Instagram @psicologaterciliaosorio e seguir o Psicologia Viva para ter mais informações sobre esse assunto e outros.

Quer se conhecer, trabalhar o ciúme e saber como controlá-lo? Marque uma sessão comigo e comece a sua jornada rumo ao bem-estar emocional.

Referências:

  1. Leahy, R. A cura do ciúme: aprenda a confiar, supere a possessividade e salve seu relacionamento. Porto Alegre: Artmed, 2019.
  2. Ferreira-Santos, E. (2003). Ciúme: o medo da perda. São Paulo: Claridade.
Tercília Maria Rodrigues Osório
Últimos posts por Tercília Maria Rodrigues Osório (exibir todos)
Deixe seu comentário aqui
Assine nossa newsletter

Outros posts que você também pode gostar

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos melhores conteúdos sobre bem-estar, saúde e qualidade de vida

Saúde mental, bem-estar e inovação que seu colaborador precisa

Através do nosso programa de saúde mental, as empresas reduzem perdas com afastamento do trabalho por demandas emocionais.