Um homem que se conecta com suas emoções na paternidade

Um homem que se conecta com suas emoções na paternidade

Um pai presente na vida dos filhos

Em muitas famílias o homem é provedor — inclusive é defendido esse lugar — é o que paga as contas da casa, toma a maior parte de seu tempo no trabalho e quando chega está cansado. Como ficam os filhos? Muitas vezes sem carinho, sem abraços, sem palavras de afeto. O pai não sabe nada da vida do filho, e o filho não sabe nada sobre aquele pai desconhecido. 

Pai e mãe trabalham, muitas vezes quem corre para ter essa ligação afetiva quando chega do trabalho é a mãe, quer saber se foi bem na escola, se está fazendo o trabalho de casa, como anda o seu comportamento, etc. Quando falamos de um pai presente, estamos nos referindo a um pai conectado afetivamente com seus filhos, que consegue ouvir a dor do outro e que mesmo cansado de sua rotina de trabalho tem um espaço reservado. Para uma mudança significativa nesse homem, é preciso que ele conheça as suas emoções.

A revolução do homem será interna

Podemos dizer que a revolução do homem será interna. Não será nada fácil por causa do conservadorismo da sociedade que desde criança já estipula como um homem deve se comportar.

Determinando conjuntos de regras que valorizam a força física que está ligada à violência nas brincadeiras dos meninos, colocando as emoções como fraqueza, naturalizando a superioridade dos homens pela força sobre as mulheres, podendo chegar a uma aversão conhecida como misoginia.

O homem tem uma dificuldade enorme de falar sobre seus sentimentos, muitos maridos fogem quando têm que conversar com a sua esposa e filhos, expressar em palavras eu te amo! Têm dificuldade em fazer uma simples pergunta: Como foi o seu dia? É necessário discutir que tipo de homem queremos ser, se queremos ser um homem duro que se fecha, não escuta, sofre calado e faz sofrer quem está ao seu lado.

Questionando o modelo tradicional de masculinidade

Podemos dizer que o modelo tradicional de masculinidade é um modelo favorável ao homem, em que a mulher faz tudo, enquanto ele fica observando, como um líder imponente. Ser pai e mãe não tem nada com biológico, genético ou gênero, simplesmente é uma construção social.

Para que aconteça alguma mudança esse homem precisa renunciar ao sistema patriarcal, que dá todo o poder ao homem na família, e este passando a poder fazer o que quiser enquanto todos devem obedecer sem questionar. O papel da mulher já está estipulado, devem ser esposas e mães dedicadas e submissas, vivendo exclusivamente para o lar.

É necessário um homem mais empático, que enxergue toda a sua família como infeliz, sem afeto e muitas vezes perdidos, isolados, em caixinhas no seu celular, um mundo separado da conversa, verdadeiros estranhos. 

Um homem mais empático diante das reais necessidades da família

Um homem empático significa que se preocupa com os sentimentos da mulher e dos filhos. Consegue olhar para a família e observar que algo está acontecendo, dando atenção necessária, escutando, falando pouco, compreendendo o momento difícil. Um homem empático não foge quando acontece um problema, pelo contrario enfrenta junto com a família.

Um homem empático já fica acompanhando a esposa nos exames de pré-natal, querendo saber se está tudo bem com o futuro bebê. Quando este nasce, assume a responsabilidade, junto com a mãe, de carinho, atenção e educação. Observando um homem você percebe claramente um peso que ele carrega nas suas atitudes.

Um homem mais leve

Quando falo de mais leve estou me referindo às suas atitudes na família e com os outros. É importante que esse homem perceba que aquela criação que recebeu de masculinidade tóxica pode e deve ser revertida, que ele não precisa repeti-la como se fosse um mantra absoluto: “filho meu não chora”, “tem que ser sempre durão”, “tem que ser agressivo”, “impor a sua vontade”, “nunca fale os seus sentimentos”, etc.

Muitos homens foram abandonados à própria sorte, sem saber o que fazer diante da vida, sofreram calados, conheceram muitas vezes palavras duras na infância, pobreza extrema, ninguém para dar a mão em momentos difíceis, entender que você pode mudar o rumo da sua vida e principalmente da sua família, e que não precisa mais repetir o que fez o seu pai biológico, isso é libertador. Depois de sofrer muito, as mulheres estão mais exigentes.

As mulheres estão mais exigentes no relacionamento com os homens

As mulheres estão interessadas em relacionamentos verdadeiros que vão durar, que possam dar segurança, querem homens que assumam uma maior participação nas tarefas de casa, não querem mais assumir tudo sozinha, principalmente na criação dos filhos, estão cansadas de serem traídas em seus relacionamentos. Chega de ficar sozinha em casa enquanto o marido está na rua, agora é preciso saírem juntos como um casal. Querem homens que possam dar suporte emocional pondo de lado, até certo ponto, seus próprios interesses em favor da família ou do relacionamento.

Conversar sobre seus sentimentos quando acontece algum problema, tem se tornado um desafio para muitos homens, por isso, conhecer a mulher que está ao seu lado, dar tempo para amadurecer a relação é muito importante. 

Um homem que divide hobbies e interesses com a mulher

É muito importante em uma relação dividir interesses em comum, como por exemplo, viajar juntos, aquele lugar maravilhoso com montanhas e cachoeiras, por amor à natureza possam fazer uma caminhada, desbravando lugares exóticos, quem sabe ambos possam mergulhar, ver o fundo do mar com a sua diversidade e beleza única, peixes de todas as cores e tipos, cozinhar juntos, talvez experimentando sabores e gostos diferentes.

Conversar diversos assuntos, quem sabe os dois possam falar de um momento divertido da viagem, a ideia aqui é compartilhar algo que fica como sendo momento único do casal, fica registrado na mente e no coração. Não é fatos que aconteceram, mais sim a intimidade de falar abertamente que leva a uma emoção em comum. Por isso, é importante saber retirar a máscara e se expor, sendo você mesmo diante daquela mulher.

Deixando a máscara de homem forte cair

Para conhecimento histórico, quem construiu uma autoimagem idealizada de homem forte foi a própria sociedade burguesa, detalhando o comportamento que deveria seguir, uma voz forte que pudesse se sobressair, uma musculatura rígida, o seu andar era vigoroso e elegante, uma beleza com marcas no seu rosto, praticamente um guerreiro, a imagem do herói.

A máscara caiu, quando a mulher foi buscar os seus direitos diante de duas guerras mundiais e a industrialização, surgiu o movimento feminista com a discussão da norma sexual e moral burguesa segundo a visão feminina, queria mudar os papéis sociais, essa discussão fortaleceu as mulheres no campo social, algo que atravessava tanto os homens quanto as mulheres.

Uma nova forma de ver o homem

Podemos dizer que graças a busca dos direitos das mulheres, ocorreram os estudos sobre o gênero masculino na Europa e Estados Unidos, abrindo uma nova forma de ver o homem, aquele que podia falar de suas fraquezas diante da vida, mudando a sua forma de ser dentro da sociedade.

A figura do herói indestrutível caiu por terra, o homem tem sensibilidade masculina, não precisa ser agressivo para se afirmar, seu comportamento é de um homem que respeita a sua vez quando fala, seu corpo segue a boa saúde e não uma imposição muscular. Admitir que existe muito ainda a caminhar diante de uma análise da subjetividade masculina, mais os passos importantes já foram dados, o que realmente precisamos é realizar uma conversa em conjunto. Antes não existia a busca por mudança, somente resistência pelo homem, agora começamos a discutir as emoções nas relações em um campo mais amplo.

Podemos começar a respeitar as nossas singularidades e diversidades

É importante perceber que as identidades masculina e feminina não são fixas e que estão em constates mudanças de acordo com o tempo, por causa da cultura vigente, modo de ver a vida e estar nela, novos comportamentos surgem, diante de novas condições.

O mais importante é que homens e mulheres possam ambos respeitar as suas singularidades, existem diferenças, mas estas diferenças não significam que um é superior ao outro, simplesmente são diferentes em seus corpos, suas formas de sentir e ver a vida, ambos possam construir uma sociedade com suas singularidades e diversidades.

Referências 

  1. Texto: “Nova Masculinidade“ virá por meio de uma paternidade diferente, afirma antropólogo. Autora: Alejandra Agudo – Jornalista – repórter. Data: 29/05/2016
  2. Texto: A paternidade ativa é um antidoto contra o patriarcado. Autor: Ritxar Bacete – Antropólogo. Data: 11/08/2018
  3. Texto: Masculinidade na história: A construção cultural da diferença entre os sexos. Autor: Sergio Gomes da Silva – Psicólogo Graduado – UFPB – Especialista em Sexualidade Humana, pelo centro de educação, UFPB. Data: 02/10/1999
Roberto Alexandre Fontane Baptista
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