Como identificar pensamentos suicidas

Como identificar pensamentos suicidas

O que é comportamento suicida

O comportamento suicida inclui o suicídio consumado e a tentativa de suicídio. O suicídio pode ser definido como: “Todo ato executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a sua morte, através de um meio no qual o indivíduo acredita que vai resultar no fim”. Cada suicídio é um evento complexo que tem sua especificidade e sua própria história. 

A tentativa de suicídio é quando o individuo se autoagride com a intenção de tirar a própria vida, utilizando um meio que acredite ser letal, sem resultar em óbito.

O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial que pode afetar indivíduos de diferentes origens, faixas etárias, condições socioeconômicas, orientações sexuais e identidades de gênero. Mas o suicídio pode ser prevenido, e saber reconhecer os sinais de alerta é o primeiro passo.

Os pensamentos suicidas são muito mais prevalentes do que a gente imagina. Alguns estudos mostram que quase 1 em cada 5 pessoas já teve, de alguma forma, algum tipo de pensamento suicida, em algum momento da vida, ou seja, eles são muito mais comuns do que a gente pensa.

Os pensamentos suicidas surgem quando a pessoa acredita que não há solução para seus problemas. Quando pessoas são suicidas, seus pensamentos e sentimentos são negativos e não conseguem enxergar uma maneira de resolver seus problemas. É como se não conseguissem ver uma luz no fim do túnel.

Dentre os principais fatores de risco para o suicídio, podem ser destacadas:

  • As dificuldades de acesso aos serviços de saúde;
  • O estigma associado à busca de ajuda;
  • Trauma e abuso;
  • Abandono;
  • Perdas de pessoas com vínculos afetivos fortes;
  • Transtornos por uso de substâncias;
  • Conflitos relacionais;
  • Dificuldades financeiras,
  • Perda de emprego;
  • Transtornos mentais;
  • Desesperança;
  • Dor crônica;
  • Fatores genéticos e biológicos;
  • Tentativas anteriores de suicídio.

Os transtornos mentais têm significativa associação com comportamento suicida, a maioria das pessoas que cometeu suicídio tem um transtorno mental diagnosticável.

Suicídio e comportamento suicida são mais frequentes em pacientes psiquiátricos. Dentre as psicopatologias, observa-se um índice maior de suicido na:

  • Depressão,
  • Transtorno afetivo bipolar,
  • Transtornos de personalidade,
  • Transtorno de abuso de substancias,
  • Esquizofrenia,
  • Transtornos de ansiedade.

O histórico familiar é um fator muito importante, pois estudos dizem que um pai/mãe que cometeu suicídio aumenta em 60% a chance que o mesmo aconteça com seu filho(a). 

Pensamentos suicidas

A maioria das pessoas suicidas comunica seus pensamentos e intenções suicidas. Elas frequentemente dão sinais e fazem comentários sobre “querer morrer”, “sentimento de não valer pra nada”, “eu não tenho nada a esperar, as coisas nunca vão melhorar”; “eu não vejo nada melhorar, não há razão para viver”; “eu não consigo suportar a vida, jamais poderei ser feliz”; “eu sou um peso para os meus familiares, é melhor que fiquem sem mim”; “eu me sinto infeliz e só tenho uma saída”.

Percebe-se que, com esses pensamentos, o indivíduo não consegue vislumbrar outra saída, que não seja acabar com a própria vida, único meio que acredita ter para lidar com seus problemas sem solução.

Um dos fatores de risco para o suicídio é a desesperança: o indivíduo que apresenta crença de desesperança tende a prever o futuro sem expectativas, perde a motivação pela vida e seu desejo de viver é arruinado. Ainda que seja forte a associação da desesperança com atos suicidas, é importante destacar que esta não é condizente com todos os pacientes suicidas.

Há pacientes, por exemplo, que tentam o suicídio e têm pouca intenção de morte. Tal comportamento é explicado pela necessidade que sentem de comunicar algo a alguém. Esse fato está relacionado a mitos existentes acerca dos comportamentos suicidas.

Um desses mitos é de que pessoas que falam de suicídio não o cometerão, já que sua intenção seria apenas chamar a atenção. Isso é um engano. É  preciso que todos que estão ao redor de uma pessoa com tal comportamento atentem, levem esse discurso a sério e tomem as devidas precauções.

Outro mito existente é de que o suicídio acontece sem aviso e é sempre impulsivo, o que também é errado, pois os indivíduos suicidas em geral realizam alguma comunicação, seja verbal ou comportamental, acerca das ideações da intenção de morte. Além disso, a autodestruição pode parecer um ato impulsivo, mas tal ato pode ter sido pensado durante um bom tempo.

Pandemia de COVID-19 aumenta fatores de risco para suicídio

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertou, que a pandemia da COVID-19 pode aumentar os fatores de risco para suicídio, incitando as pessoas a falarem abertamente e de forma responsável sobre o assunto.

A ideia é que, mesmo com o distanciamento físico, as pessoas permaneçam conectadas com familiares e amigos e aprendam a identificar os sinais de alerta. 

O coronavírus está afetando a saúde mental de muitas pessoas. Estudos recentes mostram um aumento da angústia, ansiedade e depressão, especialmente entre os profissionais de saúde. Somadas às questões de violência, transtornos por consumo de álcool, abuso de substâncias e sentimento de perda, tornam-se fatores importantes que podem aumentar o risco de uma pessoa decidir tirar a própria vida.

Suicídio: A dimensão do problema

  • Estima-se que um milhão de pessoas cometeram suicídio no ano de 2000 no mundo. 
  • A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo.
  • A cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. 
  • O suicídio foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, estando atrás apenas dos acidentes de trânsito.
  • Entre adolescentes de 15 a 19 anos, o suicídio foi a segunda principal causa de morte entre meninas (após condições maternas) e a terceira principal causa de morte entre meninos (após acidentes de trânsito e violência interpessoal).
  • 79% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda.
  • Cada suicídio tem um sério impacto em pelo menos outras seis pessoas.
  • O impacto psicológico, social e financeiro do suicídio em uma família e comunidade é imensurável.

Prevenção ao suicídio: Onde procurar ajuda

Vale ressaltar a importância de procurar ajuda de profissionais qualificados, caso o indivíduo tenha esses tipos de pensamentos ou vontade de acabar com a própria vida.

Em casos de emergência: SAMU 192, UPA, Pronto-socorro, Hospitais.

Serviços de saúde: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde.

Centro de Valorização da Vida: Telefone 181 (ligação gratuita) ou www.cvv.org.br para chat, e-mail. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.

Camila CaverzanFuguta

Psicóloga 

CRP: 06/137417

Referências bibliográficas:

  1. Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1997). Terapia cognitiva da depressão. Porto Alegre: Artmed.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Prevenção do Suicídio: manual dirigido a profissionais de saúde da atenção básica. Brasília: MS, 2009.
  3. CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA (CVV). O Centro de Valorização da Vida. Disponível em: <http://www.cvv.org.br>. Acesso em: 06 abril 2021.
  4. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Prevenção do suicídio: um manual para professores e educadores, Genebra: OMS, 2000.
  5. Organização Pan-Americana da Saúde. (2020, 10 de setembro). Pandemia de COVID-19 aumenta fatores de risco para suicídio. Retirado de: https://www.paho.org/pt/noticias/10-9-2020-pandemia-covid-19-aumenta-fatores-risco-para-suicidio
  6. Wenzel, A., Brown, G. K., & Beck, A. T. (2010). Terapia cognitivo-comportamental para pacientes suicidas. Porto Alegre: Artmed.
  7. World Health Organization (WHO). (2014). Preventing suicide: A global imperative.
Camila Caverzan Fuguta
Últimos posts por Camila Caverzan Fuguta (exibir todos)
Deixe seu comentário aqui
Assine nossa newsletter

Outros posts que você também pode gostar

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos melhores conteúdos sobre bem-estar, saúde e qualidade de vida

Saúde mental, bem-estar e inovação que seu colaborador precisa

Através do nosso programa de saúde mental, as empresas reduzem perdas com afastamento do trabalho por demandas emocionais.