
Laços afetivos: com quem de fato nos relacionamos?
No divã, recebemos pessoas com sofrimento em vários aspectos da vida, tão comum é sofrer por laços que sequer estabelecemos com o outro, que acabaram virando nós.
Nossos relacionamentos
Precisamos refletir: Com quem de fato nós nos relacionamos? Até onde devemos investir nas relações? Devemos? Tem medida certa? Buscamos fórmulas mágicas nesses tempos de clicks e respostas prontas na internet.
Entender os tempos de relações líquidas pode ajudar-nos a explicar uma série de condutas sociais, filosofias budistas e por aí vai. Tudo tão fugaz, rápido, só se preconizam necessidades satisfeitas e cada um para o seu lado, mas não isenta das muitas frustrações se acumulando. A precariedade dos laços se tornou um grande desafio nos consultórios. Haja divã!
Em constante processo de construção
Sabe aquele ditado que diz: homens são todos iguais, só muda de endereço? Então, mulher também. Cada pessoa traz em si sua história, suas fantasias, suas defesas; sinto informar, não tem gente pronta. Estamos nos construindo a cada momento, não há perfeição! Nas relações imaginárias pode-se tudo, mas a realidade nos pede que tenhamos mais cuidado nessa construção na relação com o outro.
Estabelecer uma relação com alguém é gerar um significado, entender a singularidade de cada um, com suas qualidade e defeitos, no dia a dia, vão haver furos, imperfeições, estabelecer relações com Deus e o mundo é não estabelecer relação com ninguém. Vazio que muitas vezes acaba sendo preenchido com gulas, bebidas, compras em excesso, na tentativa de preencher expectativas irreais.
O medo como obstáculo nas relações
Muitas vezes não nos permitimos numa relação por medo, pois as feridas prevalecem e ainda controlam a possibilidade de sermos felizes até com a gente mesmo.
Cada um vai escolher ser protagonista ou figurante em sua história, a gente pode aceitar, aprender a lidar, ou simplesmente desistir. Quando a pessoa se encoraja a investigar suas questões, ela se abre para muitas possibilidades de realizações, o que está dentro está fora, simples assim.
Desejar ter laços precários ou mais profundos e significativos é a escolha de cada um.
Não podemos querer colocar o outro em um lugar que ele não está afim de ocupar, isto é respeito, isto é amor, isto é a ética do desejo.
Deixa estar… vida que segue. Mas siga em frente, até poetizando…
“Acredite firmemente
No seu gênio criador
Na força ativa da mente
Nas maravilhas do amor
Quem recebe de nascença
Uma cabeça que pensa
Um coração para amar
Tem riqueza garantida
Tem tudo que desejar”.
(Autor desconhecido)
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