Como a Logoterapia pode ajudar na terceira idade

Como a Logoterapia pode ajudar na terceira idade

Definição de “terceira idade”

Terceira idade, como é chamado atualmente, é um intervalo de tempo que contempla as pessoas que possuem 65 anos de idade ou mais, independente de seu estado físico ou de suas deficiências e dificuldades motoras.

Entretanto, essa é a definição legal “apenas”, o que concede aos idosos certos benefícios legais, como transporte público, atendimento preferencial em diversos lugares, etc.

O Projeto de Lei 5383/19 alterou a Lei 10048/00 e o Estatuto do Idoso que trata da prioridade no atendimento (texto extraído da comunicação da Câmara dos Deputados).

Quem são as pessoas da “terceira idade”?

Terceira idade é uma classificação para pessoas pela idade, o que considera que possuam certas dificuldades, inerentes à condição física; essas pessoas são tratadas como “velhos”, obviamente um termo pejorativo; certa vez, conversando com um médico amigo, ele disse que “o corpo tem um período de vida de cerca de 70/80 anos, aproximadamente, mas o pensamento, o cérebro como se referiu, tem condição para durar 200 anos”.

De novo a pergunta para reflexão: “Quem mesmo são as pessoas da terceira idade”?

Obstáculos e desafios da terceira idade

Sim, idosos possuem certas limitações de ordem física, tais como:

  • Dificuldades para locomoção, muitas vezes,
  • Visão prejudicada, necessitando de correção,
  • Pele ressecada,
  • Órgãos internos necessitando de complementação vitamínica,
  • Etc.

No entanto, a ciência cada vez avança mais e essas características físicas inerentes à idade vão se tornando cada vez menos limitantes. Um exemplo claro disso é a expectativa de vida das pessoas; acredite que, desde 1940, a expectativa de vida do homem cresceu 31,1 anos (fonte IBGE).

Estudos mais recentes

Com essa expectativa de vida prolongada pelo avanço da medicina e farmacologia, torna-se mais importante os cuidados com a mente, cuja expectativa de vida psicológica caminha muito além da expectativa física do homem.

Era comum ouvir de uma pessoa com 50 anos: “estou velho(a), não tenho os mesmos interesses, só me resta aproveitar os poucos anos que me restam”. Tenho certeza que muitos de nós ouviram a mesma frase de alguém, há muito pouco tempo; isso porque a evolução da psicologia, da psicoterapia no atendimento ao idoso caminhou muito lentamente até então, tendo um crescimento exponencial nesse século, pelo aumento da expectativa de vida.

A terceira idade e a morte

Uma das questões que envolvem maior reflexão, está relacionada com a morte. Até pelo fato das dificuldades físicas, pelo avanço da idade e as consequentes dificuldades sentidas pelas pessoas idosas, a morte toma uma posição de relevância.

Muitos autores dão bastante importância à morte como sendo a característica mais marcante da vida do idoso; isso se deve ao fato de ser, a morte, a única coisa certa da vida, ninguém escapa da morte, todos vamos morrer e o fato de estarmos envelhecendo nos aproxima ainda mais da morte. 

Considerar a importância da morte

A morte é consequência da vida; só existe morte se existe vida, vida física e não psicológica, porque, como vimos anteriormente, a mente é muito mais duradoura e funcional do que o corpo.

Mas o que temos de importante é considerar a morte como fazendo parte da vida; e de que isso nos serviria? Para fazermos o melhor da nossa vida no tempo que ainda nos resta; nos resta muito tempo? Pouco tempo? Não importa, importa o que faremos com esse tempo.

Por que o idoso se entrega à morte e não à vida?

Sem dúvida, a maior preocupação do idoso, pelo que temos visto, está relacionada com a presença da morte. Pelo fato de ser inevitável e assustadora, ela se faz presente nos pensamentos e atitudes dos idosos; não é resiliência, é submissão a essa morte, que ninguém sabe quando chegará. 

Por que o idoso se submete à ideia de morte?

Lembro de meus avós que, mesmo que pensassem em morte, nunca ouvi de nenhum deles o medo de morrer; eles estavam mais ligados à vida, ao que faziam, aos seus ideais e seus projetos de vida.

Meu avô trabalhou em uma empresa até um ano antes de sua morte, quando ficou impossibilitado de qualquer coisa, pela doença que lhe acometera; isso aos 85 anos de idade. Minha avó, da mesma forma, tinha seus projetos de vida, cuidava de suas plantas, de sua casa, de cozinhar para a família e reunir todos os familiares aos domingos para o almoço, que ela mesma preparava. Ela faleceu um ano depois de meu avô.

Então, de que os idosos precisam?

Quando saímos às ruas, vemos diversos tipos de pessoas com idade já avançada. Os mais alertas, mais conversadores, mais alegres, são aqueles que estão realizando alguma coisa, que estão em atividade, qualquer atividade produtiva.

Essa atividade produtiva faz com que o idoso transcendentalize, isto é, tire de si a preocupação com a morte e se preocupe em servir, em distribuir seu amor pelas coisas que faz e pelas pessoas a quem se dedica.

Minha avó tinha seus afazeres simples, cuidar das plantas, dos almoços, da casa, mas tudo que fazia, fazia para distribuir seu amor aos outros, filhos, netos, noras e visitas; todos. Isso fazia com que sua preocupação principal fosse servir seu amor e não morrer.

Por que o idoso se entrega?

Tive oportunidade de conhecer, na minha lida em consultório, alguns idosos que simplesmente se entregaram às vicissitudes, que desistiram de viver por assim dizer. Usavam sempre o termo “já estou velho demais para isso”; “o que eu ganho fazendo isso”?, “Ah, meu tempo já passou”.

Essas frases pertencem a pessoas que ainda não haviam completado 65 anos de idade, mas já haviam se entregado, haviam sucumbido às dificuldades, às adversidades. Mas por que isso acontece? Por que falta para as pessoas definir o que é importante para si próprio, fazer escolhas que contemplem outras pessoas, escolhas que visem atingir positivamente outras pessoas.

E quem seriam essas pessoas? Aquelas pessoas que o idoso deposita seu carinho, seu amor, pessoas a quem o idoso se dedica por amor. Isso é transcendentalizar-se, ir além de si próprio, de suas necessidades, vislumbrar necessidades dos demais, daqueles que estão próximos.

Não é dever ao próximo, é apenas compreender que o idoso pode fazer mais por si mesmo quando faz mais pelos outros.

Muitos consideram o idoso um sujeito chato

Muitas vezes sim, porque ele acredita que seus conhecimentos a respeito das coisas, seu tempo de vida, sua experiência, são suficientes para servir de exemplo para as novas gerações, e percebemos que não é, por uma série de razões, inclusive pelo fato da vida ser muito complexa e nos traz muitos desafios diferentes a cada instante.

Dessa forma, o idoso passa a repetir histórias acontecidas com ele em sua vida, com a melhor das intenções, é claro, mas que geralmente não atendem as necessidades atuais, dos mais jovens; o idoso precisa reconhecer que criou sua história, que viveu sua história, que fez suas escolhas, que solucionou seus problemas e, muito provavelmente, ajudou muitas outras pessoas como filhos, netos, amigos. Importante que o idoso continue sua história, que entenda que sua vida não terminou, ela continua e, muitas vezes, continua influenciando outras pessoas que o cercam.

Limitações e impossibilidades

A idade avançada nos traz limitações; as escadas ficam mais altas, os caminhos mais longos, as coisas mais pesadas.

São limitações físicas que o idoso tem que enfrentar em seu cotidiano, que podem ser bastante limitantes. Por outro lado, se o físico lhe impõe limitações, o psicológico fica mais resistente. O idoso viveu o suficiente para equilibrar seu psiquismo, sabe perceber as pessoas, sabe controlar suas emoções, sabe julgar com mais facilidade, sabe recolher-se quando o momento exige.

Portanto, o idoso não deve ter receio de entender suas necessidades, de demonstrar seus afetos, pois isso é a garantia de uma vida mais tranquila. Não atropele seus sentimentos e desejos, deixe que fluam e entenda suas necessidades, faça alguma coisa por você mesmo, sempre.

Sexualidade na terceira idade

Os idosos não deixam de ter desejos sexuais, não deixam de admirar outros corpos, outras pessoas; mas a concretização sexual pode não ter o mesmo desempenho dos desejos.

Desta forma, o idoso se torna mais limitado sexualmente. A medicina já possui recursos que facilitam a concretização dos desejos sexuais, mas é importante para o idoso identificar outras forma de realização sexual que não seja apenas o coito.

Com isso, é conveniente ao casal identificar suas necessidades e descobrir meios pelos quais exista satisfação e concretização sexual. Lembre que as emoções podem ajudar muito também nessas situações e uma conversa entre o casal poderá ser muito proveitosa.

O que estimula o idoso?

Cada pessoa é estimulada diferentemente dos demais. O que interessa a uns, pode ser enfadonho para outros. Para pessoas mais jovens, talvez desafios mais intensos possam trazer maior atrativo, mas para o idoso nem sempre esses desafios podem lhe trazer interesse; os idosos geralmente possuem mais interesse por cuidar, zelar, para distribuir sua experiência para outras pessoas, para ensinar.

Dessa forma, devem ser estimulados no sentido de estarem sempre presentes, no seio da família e de amigos, serem acolhidos pelos demais não como pessoas débeis, com dificuldades, mas como seres que possuem as mesmas emoções, sentimentos e desejos de todos e sempre, sempre querem ajudar.

Projetos de vida para os idosos

Com isso espero demonstrar o quão importante é, para qualquer pessoa, mas principalmente para os idosos, desenvolver projetos, buscar uma razão, um sentido para as coisas que quer realizar, entender suas emoções, desejos e necessidades, trazê-los para o ambiente familiar e de amigos, não como dependentes de afeto e carinho, mas como uma pessoa como qualquer um de nós.

Felipe Pierry
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