Mal de Alzheimer: Causas, sintomas e como a psicoterapia pode ajudar

Mal de Alzheimer: Causas, sintomas e como a psicoterapia pode ajudar

Grandes avanços nas áreas da medicina e tecnologia permitiram uma melhora na qualidade de vida das pessoas, assim como proporcionaram um aumento da expectativa de vida. Diante disso, as projeções mostram que o número de idosos aumentará muito nos próximos anos. Uma matéria publicada pela CNN aponta que no ano de 2100, 40% dos brasileiros serão idosos! 

Por isso precisamos estar preparados para o impacto político, social e econômico desta reestruturação social. Principalmente, se levarmos em conta que muitos idosos exigem um maior suporte, tanto em relação à saúde quanto à qualidade de vida.  

Dados publicados pela Organização Pan-Americana de Saúde mostram que existem cerca de 55 milhões de idosos que sofrem com demência e que precisam de cuidados. As estimativas mostram ainda um salto de 139 milhões em 2050 e um despreparo e desamparo mundial para enfrentar esse tipo de situação.

É por isso que neste texto, nós trouxemos informações sobre a demência que acomete cerca de 70% dos idosos: o Mal de Alzheimer.  

Origens 

O Alzheimer é um tipo de demência que vem sendo cada vez mais pesquisada e discutida nos dias de hoje. Mas antes de falarmos sobre os avanços, vamos entender quais as origens dos estudos e o que constitui o Alzheimer.  

Para começar a nossa viagem pelo tempo, vamos usar como base o livro “Em busca da memória”, escrito pelo neurocientista Joseph Jebelli. A coletânea reúne vários conhecimentos sobre o Alzheimer, partindo da sua descoberta até estudos sobre tratamento.  

Tudo começou em 1906, em Munique quando uma senhora chamada Auguste Deter foi levada ao psiquiatra Alois Alzheimer, pois estava sofrendo de um tipo de distúrbio desconhecido que afetava o seu comportamento, memória e os afazeres cotidianos. 

Descobertas cerebrais  

A única forma de determinar com exatidão que a pessoa está com Alzheimer é em um exame pós morte. Isso porque o Alzheimer deixa marcas muito características no cérebro de pacientes.  

E foi isso que o psiquiatra descobriu após fazer um exame no cérebro de Auguste: Ele percebeu que o cérebro era menor e tinha uma grande quantidade de células murchas (mortas) que estavam preenchidas por partículas escuras. 

Com o microscópio eletrônico, foi descoberto que estas placas de partículas escuras eram formadas por um emaranhado de filamentos pretos entrelaçados que sufocavam a célula desde dentro. 

Mas como a morte das células afeta no funcionamento do órgão? É o que vamos descobrir agora.  

A anatomia do nosso cérebro 

Em nosso cérebro existem alguns tipos de células, mas vamos nos atentar aos neurônios. Eles são responsáveis por transmitir mensagens químicas por meio das sinapses. É essa ligação que permite a formação de pensamentos, emoções, aprendizagem e memória. 

A morte dos neurônios provocado por estas placas escuras prejudica, portanto, toda a nossa rede de funcionamento cerebral.   

Por exemplo, o hipotálamo é a região responsável pela memória e é também uma das primeiras atingidas pela demência. Por isso, um dos sintomas iniciais acaba sendo dificuldade de memória e esquecimentos.  

Sintomas 

Um cientista chamado Kraepelin descreveu de forma mais aprofundada quais seriam os sintomas do Alzheimer:  

  • Perda gradual da memória; 
  • Alterações da percepção;
  • Descuidos no trabalho e aparência;
  • Desorientação espacial e temporal;
  • Perda de vocabulário;
  • Fala arrastada;
  • Dificuldade de compreensão;
  • Irritabilidade;
  • Movimentos desordenados. 

Com base nesta descrição, os médicos observam sinais de perda de habilidade, dificuldade de reconhecimento de pessoas/objetos, agitação, agressividade ou apatia, dificuldade de verbalização e de realizar atividades motoras aprendidas no passado (como andar ou comer). 

Diante da apresentação de alguns sintomas, vários exames são feitos para que a partir de um diagnóstico sejam pensadas em formas de cuidado.

Diagnóstico 

Para falar um pouco do diagnóstico, usamos algumas informações dadas pela geriatra Ana Beatriz Di Tommaso, que participou do Laboratório de Estudos Sobre a Morte da USP.  

Neste momento 3 pontos devem ser pensados: 

História Clínica: Aqui é feita toda uma pesquisa com a família sobre o histórico clínico e comportamental; 

Avaliação Cognitiva: São feitos alguns testes e avaliação para identificar as dificuldades. Alguns deles são: bateria leve, teste do relógio e fluência verbal; 

Avaliação Funcional: A funcionalidade do paciente é comparada com ele mesmo, em momentos diferentes.  

A soma da queixa + alteração no teste + disfuncionalidade pode ser sinal de uma potencialidade para a demência 

Um outro aspecto muito relevante que deve ser explorado em casos de Alzheimer é sobre as questões psicológicas, que se estendem do paciente até a família, do diagnóstico até o luto. 

Diagnóstico: A origem do sofrimento 

Segundo a psicóloga Vera Bifulco, o diagnóstico é um momento crucial, tanto para o paciente quanto para a família que recebe a notícia. Afinal, apesar do diagnóstico ser da pessoa, o diagnóstico é também da família, pois impacta na dinâmica familiar e questões emocionais.  

É importante também voltar o cuidado e a atenção para a família, já que o diagnóstico da demência pode desencadear um luto antecipatório, no qual a família sente uma presença física do familiar, mas uma ausência psicológica. É como se o distanciamento, a perda de personalidade e inversão de papéis fizessem com que a perda ocorresse um pouco a cada dia até culminar na morte física. 

Por mais que pareça um momento duro, podemos pensar em algumas alternativas para amenizar o sofrimento e dar um maior conforto tanto para o paciente quanto para a família.  

A seguir vamos descobrir como fazer isso! 

Fatores de proteção 

Estas ações devem ser tomadas tanto pelos parentes dos pacientes, quanto pelos cuidadores, psicólogos e demais profissionais que trabalham para o bem-estar e qualidade de vida do idoso.  

Espiritualidade 

Segundo a OMS um dos fatores muito importantes na qualidade de vida de uma pessoa é a espiritualidade. É importante então que você, familiar, saiba quais são as práticas espirituais relevantes para o idoso e encontre uma forma de expressá-la.

Lembrar o sentido e significado da vida para cada um pode deixar esta fase delicada um pouco mais leve. 

Estímulo 

Ter uma boa disponibilidade de recursos terapêuticos é muito importante para garantir um maior conforto e qualidade de vida.  

Além de um acompanhamento com uma equipe multiprofissional, incluindo psicólogos é essencial que haja uma rede de apoio com a família.  

Assim, com um trabalho em conjunto, as habilidades podem ser estimuladas por meio de diários, post its e de terapia ocupacional. 

Cuidado Humanizado 

É muito importante que a família e o cuidador tenham empatia pelos idosos que sofrem com a doença. Muitas vezes eles podem estar imersos em seu próprio universo, revivendo lembranças e repetindo histórias da infância. 

Nessa hora é importante ter uma escuta ativa e buscar entender o mundo dele, tentando se colocar no lugar do outro e respeitando os seus pensamentos e principalmente a sua memória.  

E para você, psicólogo que atende um paciente com Alzheimer, você nunca deve esquecer-se de que este cuidado vai além da técnica e por isso deve envolver muito carinho e humanização de cuidado. 

Prevenção 

Estresse 

O estresse, principalmente a longo prazo, pode gerar um desgaste neuronal, além de afetar as sinapses e reduz a capacidade do cérebro de produzir novos neurônios. Além disso, estudos mostram que uma pessoa exposta cotidianamente ao estresse tem cerca de 2,7 vezes mais chance de desenvolver Alzheimer.  

Dieta 

O que a alimentação tem a ver com a saúde mental? 

Em nosso corpo existem algumas bactérias que nos ajudam, mas dependendo da nossa dieta, o número de bactérias pode aumentar e provar um desequilíbrio, aumentando o número de anticorpos e de inflamações.  

Por isso, a ação de alimentos antibactericidas como por exemplo, alho, azeite, mel, canela, verduras, grãos integrais, peixes, nozes, podem evitar esta situação. 

Exercício 

Ter a pressão muito alta ou muito baixa é um fator de risco para o Alzheimer. 

Mas a boa notícia é que até mesmo um exercício moderado pode equilibrar a pressão, como por exemplo, caminhadas na esteira.  

Treino do cérebro 

Um estudo feito em 2009 pelo Alzheimer’s Society mostrou que o treino cognitivo pode ajudar pessoas com mais de 60 anos a realizar tarefas do dia a dia como fazer compras, memorizar listas e controlar a finança. Desde que seja um estímulo diário e periódico.  

Outra pesquisa mostrou que pessoas que praticam atividades como palavras cruzadas, quebra-cabeças, cartas e outras têm 47% menos de probabilidade de desenvolver o Alzheimer.  

Sono 

O sono é muito importante, pois é através dele que é feita uma limpeza e a consolidação de memórias e habilidades aprendidas durante o dia.  

Por isso é preciso estar atento à transtornos do sono como a insônia 

Por mais que seja preciso que mais estudos sejam feitos, fica claro que a mudança de estilo de vida é essencial para uma boa qualidade de vida.   

Se você quer saber sobre como é a psicoterapia de um paciente com este tipo de demência, fique atento, em breve vamos lançar um curso chamado “Curso de atendimentos especializados”, onde este será um dos temas abordados. 

Em fevereiro nos vestimos de roxo para falar sobre a importância de conscientização sobre doenças como o Alzheimer. Que com mais acesso à informação possamos nos unir para quebrar o estigma e pensar em planos de cuidado para garantir uma boa qualidade de vida para os idosos! 

Referências

  1. https://www.paho.org/pt/noticias/2-9-2021-mundo-nao-esta-conseguindo-enfrentar-desafio-da-demencia 
  2. http://www.lemipusp.com.br/  
  3. https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/estudo-aponta-que-idosos-vao-representar-40-da-populacao-brasileira-em-2100/  
  4. https://www.amazon.com.br/busca-mem%C3%B3ria-biografia-Alzheimer-descoberta/dp/854220980X  
  5. https://blog.psicologiaviva.com.br/o-que-dizer-depressao/ 
  6. https://blog.psicologiaviva.com.br/envelhecer-e-um-privilegio/  
  7. https://www.instagram.com/p/CZAOoDHsv-w/  
Psicologia Viva
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