O medo em nossa vida

O medo em nossa vida

O que sentimos quando estamos com medo?

Relacionado ao instinto de sobrevivência, o medo pode levar as pessoas a se comportarem de diversas formas. Podem fugir ou ter reações inesperadas, bem como apresentar reações fisiológicas como o ressecamento dos lábios, o empalidecimento da pele, contrações musculares, dentre outros.

O medo leva as pessoas a estarem em constante estado de alerta, seja por um perigo real, situação estressante ou por imaginar que algo ruim pode ocorrer. As pessoas geralmente perdem em criatividade, na medida em que podem apresentar reações impensadas e até mesmo deixarem de agir quando deveriam expressar alguma reação.

Ao sentir medo o cérebro libera substâncias químicas, o que leva ao disparo do coração, contração dos músculos, respiração acelerada, sudorese, dentre outras reações que ocorrem de forma involuntária.

Fritz Perls considera o ritmo de contato/fuga com o meio ambiente como componente principal do equilíbrio do organismo. A imaturidade e a Neurose implicam uma percepção imprópria do que constitui esse ritmo ou uma incapacidade de regular seu equilíbrio.

Assim, pode-se dizer que ao sentir medo o indivíduo perde o equilíbrio de seu organismo, o que pode levá-lo a diversas reações e sensações corporais e até mesmo ao desenvolvimento de patologias.

O que o medo pode desencadear

Ao sentir medo o indivíduo pode apresentar os comportamentos característicos da Fobia, do Transtornos de Ansiedade etc. levando a um desajustamento do organismo.

A instalação do Transtorno de Ansiedade para Cordioli & Teruchkin (2007) ocorre devido à vivência repetitiva de experiências estressantes e/ou traumáticas, ou também por aprender crenças fóbicas ou pela imitação de comportamentos que transmitem uma percepção negativa do mundo e do outro, sendo vistos como uma permanente ameaça.

Na abordagem da Gestalt-terapia, os Transtornos de Ansiedade representam os dilemas do contato de união/separação, dependência/independência e polaridades conflitivas de confiança/desconfiança, passividade/agressividade, vividas pela criança que sofre de ansiedade fóbica.

Pode-se citar o exemplo de uma criança que desenvolveu uma fobia específica como uma “forma” de se ajustar a uma situação familiar onde o pai age com agressividade.

Para ela, essa pode ter sido a única maneira que seu organismo encontrou de lidar com a situação, podendo sentir que assim está “protegendo a mãe e os irmãos”, por exemplo. Assim, os sintomas apresentados seriam tentativas de ajustamentos criativos (comportamentos, gestos, pensamentos, tensões corporais) para lidar com a Angústia.

Como lidar com o medo?

Fritz Perls (1942-2002) fala na Gestalt-terapia da importância da boa utilização da energia para o não-aparecimento de um sintoma. Essa energia, quando não utilizada de forma a possibilitar um contato pleno consigo e com o mundo, fica contida, acumulada, surgindo assim o sintoma, o que leva ao adoecimento psíquico.

É como se a pessoa não funcionasse plenamente em suas capacidades e recursos mas, ao contrário, de uma forma “limitada” ou “restrita”.

De certa forma o medo nos protege em algumas situações, porém ele pode interferir a ponto de a pessoa não se abrir para experiências ou até mesmo levar o indivíduo a desenvolver determinadas patologias.

Medo e ansiedade estão muitos ligados. Ao sentir ansiedade a pessoa pode ter medo de objetos, pessoas ou situações, intensificando a angústia e afetando a homeostase do organismo como um todo.

O medo está presente em transtornos ansiosos, e dentre as patologias que ele está presente podemos citar:

  • A Síndrome do Pânico;
  • Fobias;
  • Transtorno de Estresse Pós-traumático;
  • Dentre outros.

A Gestalt-terapia é uma abordagem da Psicologia que trabalha com a Awareness (tomada de consciência). Deste modo, a abordagem possibilita ao cliente dar-se conta de suas sensações e percepções na situação de medo em que se encontra. Podendo assim entrar em contato com suas angústias, dores e sensações, surgindo a oportunidade de um novo olhar sobre suas vivências, levando-o a encontrar “novas maneiras” de lidar com seus medos.

Abaixo, cito recursos que podem ajudar o indivíduo a lidar com o medo:

  • Faça meditação. Nesse momento você pode entrar em contato com seu interior e ter um momento de tranquilidade;
  • Tente perceber de que você tem medo. De altura? da solidão? de lugares fechados? de não conseguir êxito? Tente também identificar o que você sente quando está com medo, tentando emitir comportamentos que podem ajudar a melhorar o estado de angústia. Se não conseguir, busque ajuda de um profissional de psicologia;
  • Respire profundamente durante 5 minutos. Isso lhe permitirá entrar em contato com seu silêncio interior, sendo esta uma técnica importante na tentativa de controle do medo;
  • Faça atividades físicas de sua preferência, pois são uma boa alternativa para distrair-se e para manter a saúde física e mental;
  • Procure a convivência com pessoas que fazem você se sentir bem, seja amigos, familiares, namorado(a), esposo(a) e, se sentir-se à vontade, converse com eles sobre suas dificuldades, medos e angústias.
  • Busque passeios agradáveis como forma de distração.
  • Pratique o autocuidado no sentido de olhar para suas necessidades e tentar atendê-las conforme for possível e de acordo com seus recursos psicológicos e humanos.

Esteja disposto a praticar o autocuidado e busque estar bem

Autocuidado implica voltar-se para si, numa atitude de cuidar de si mesmo, mobilizando energia para estar bem consigo mesmo.

A abordagem da Gestalt-terapia trabalha com o indivíduo para que este entre em contato com suas reais necessidades, suas sensações e dificuldades, para que a partir deste olhar sobre si, a pessoa possa ter um novo encontro consigo mesma. A partir daí ela pode desenvolver-se, adotando atitudes novas, aprimorando-se ou descartando atitudes que não fazem bem. 

Quando se fala em autocuidado, pode-se pensar também em estratégias que levam a pessoa a conhecer-se mais e aprofundar-se em habilidades que a fazem sentir-se bem, ajudando consequentemente ela a lidar com as dificuldades cotidianas.

Nesse processo, há também uma melhora da autoestima, pois o indivíduo passa a gostar mais de si e valorizar-se.

Quando o indivíduo está consciente de si, praticando o autocuidado, seus medos e angústias ao serem experienciados podem ser ressignificados. Assim, nas dificuldades o indivíduo estará com o autosuporte mais desenvolvido, lidando melhor com suas problemáticas.

Pode-se começar praticando o autocuidado através de atividades que a pessoa gosta de fazer, como aeróbica, corridas, pilates e também quando o indivíduo cuida da saúde física e mental, cuida da sua estética, faz um bom passeio, ler um livro de sua preferência etc.

Cuidar de si implica está em contato com seu interior, além de olhar-se com mais profundidade, o que faz com que a pessoa lide com suas problemáticas com mais leveza e com mais consciência de si.

 

Referência Bibliográfica:

PERLS, F. A abordagem Gestática e a Testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

PERLS, F.; HEFFERLINE, R; GOODMAN,P. Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1997.

Rayssa Mazza de Castro Alencar
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