É normal ter muita ansiedade na adolescência?

É normal ter muita ansiedade na adolescência?

O que é adolescência? Adolescência x ansiedade

A adolescência é um momento de transformação da infância para o mundo adulto, e é nessa fase que ocorre inúmeras mudanças no psicológico e no físico, tendo que se adaptar a novas situações do dia a dia. Muitas vezes, o adolescente pode ter momentos de socialização e de isolamento, devido a sua instabilidade emocional e em construção.

É uma fase em que ele constrói a sua identidade. É uma fase de experimentação e descobertas.

Essa fase de transformação pode gerar muita ansiedade no adolescente, devido aos novos desafios e incertezas da vida, porque ele tem que enfrentar e buscar um lugar na família e na sociedade. 

O que é ansiedade?

Segundo o DSM-IV, o transtorno de ansiedade inclui transtornos relacionados ao medo e à ansiedade excessiva, sendo que o medo é uma resposta emocional a alguma ameaça, e a ansiedade é a antecipação de alguma ameaça ocorrer no futuro.

O medo faz com que a pessoa tenha comportamento de luta ou fuga e a ansiedade é associada à tensão muscular e à vigilância em relação a uma ameaça que pode ocorrer no futuro, tendo comportamentos de cautela ou esquiva. 

Os transtornos de ansiedade têm vários tipos e eles se diferenciam entre si, de acordo com as situações que fazem a pessoa ter medo ou ansiedade. Para isso é importante fazer uma análise detalhada dos tipos de situações, do conteúdo dos pensamentos ou das crenças, para a sua devida classificação e compreensão do quadro.

A ansiedade patológica se diferencia da ansiedade saudável quando são excessivos ou persistem por longos períodos, afetando o seu nível normal de desenvolvimento. A ansiedade pode ser induzida por longos períodos de estresse (mais ou menos 6 meses) e pode ter curta duração em crianças, tais como o transtorno de ansiedade de separação ou mutismo seletivo.

Normalmente, a pessoa com ansiedade superestima a ameaça das situações que temem ou evitam, sendo importante considerar os fatores contextuais culturais.

Muitas vezes esse quadro de ansiedade é desenvolvido na infância e pode persistir na adolescência e na vida adulta. 

Alguns tipos de ansiedade na adolescência

Transtorno de Ansiedade de Separação:

A criança ou o adolescente tem medo ou ansiedade ao se separar das pessoas que têm apego, evidenciados por três ou mais aspectos:

  1. A criança ou o adolescente sofre quando há afastamento da figura de apego;
  2. Preocupação em excesso envolvendo a figura de apego, tais como: doença, morte, etc.;
  3. Preocupação em excesso de que algum acontecimento pode levar a separação da figura de apego, tais como: sofrer acidente, ser sequestrado, etc.;
  4. Recusar a sair de casa, ir para escola, etc.;
  5. Medo de ficar sozinho;
  6. Recusar em dormir longe da figura de apego;
  7. Ter pesadelos relativos à separação;
  8. Quando a criança se queixa de sintomas que podem trazer palpitações, tonturas, desmaio, dores abdominais, náusea, vômitos, etc., ao separar-se da figura importante.

A duração dos sintomas pode ocorrer por mais ou menos 4 semanas em crianças e adolescentes. Esse quadro pode causar prejuízo na área social, acadêmico, profissional ou outros setores de vida da pessoa.

A criança ou o adolescente com a ansiedade de separação pode ficar com medo de ficar ou sair sozinho, ter medo de ir no quarto sozinha ou de ir para o outro cômodo sozinha, ter medo de dormir sozinha sem a figura de apego, relutar em dormir na casa de amigos ou fazer tarefas sozinha. 

Outra característica de ansiedade é o mutismo seletivo

  1. A criança ou o adolescente pode ter prejuízo ao falar em público ou em situações sociais;
  2. Pode afetar sua interação social e ambiental;
  3. A duração pode ocorrer por um mês ou mais;
  4. Em interações sociais, a criança ou o adolescente não inicia a conversa e só fala se lhe for perguntado alguma coisa;
  5. Pode falar em situações familiares, mas em outros ambientes pode recusar a falar;
  6. Pode recusar a falar na escola e isso pode acarretar em prejuízos escolares;
  7. A criança pode se expressar de forma inadequada, através de meios não verbais, como apontar o dedo, escrever, etc.;
  8. O início pode ocorrer aos 5 anos de idade.

Ansiedade na Análise do Comportamento

É importante salientar que o profissional da Análise do Comportamento deve definir estratégias de intervenção, tais como:

  • A dessensibilização sistemática,
  • O treino de autoinstrução,
  • A monitoração dos próprios sintomas de ansiedade,
  • O reforço positivo,
  • A economia de fichas,
  • O contrato de contingências,
  • A exposição gradual in vivo e a modelação (exposição a situação temida e relaxamento),
  • Etc.

Os pais ou outros responsáveis podem ajudar nesse processo de treino de habilidade sociais da criança ou do adolescente, controlando os comportamentos inadequados, reforçando os comportamento adequados e os seus pequenos progressos.

Mas para fazer a intervenção comportamental, é necessário fazer avaliação inicial com entrevistas, observações e questionários, descrevendo operacionalmente os problemas, a frequência, a duração, avaliar o seu funcionamento em outras áreas, analisar as reações das figuras de apego frente ao problema, etc.

Com o tratamento, o paciente pode identificar os sinais de ansiedade e assim desenvolver estratégias de manejo.

Mindfulness

Conhece Mindfulness? Essa prática está sendo muito utilizada como parte da Terapia Comportamental e está inserida na vertente da Terapia de Aceitação e Compromisso. Esse assunto é recente, mas a sua prática vem de teorias orientais milenares de meditação. 

Para entender melhor, vou dar um exemplo de meditação:

Meditação de um minuto

Sente-se confortavelmente numa cadeira e feche os olhos. Coloque a sua concentração em sua respiração que entra pelo nariz e sai pela boca. Inspire e expire lentamente e observe esse movimento. Se a mente divagar, traga a sua atenção para a sua respiração sem criticar a si mesmo. Sua mente pode ficar tranquila como uma água parada e em paz. Após um minuto, abra os olhos devagar e observe o local em que você se encontra.

Com esse exercício, nós podemos observar dois componentes que é a autorregulação da atenção, levando o paciente ao momento presente. E o outro componente é a postura de curiosidade frente às reações corporais, abertura ao tipo de reação e aceitação dos pensamentos e sentimentos, sem a intenção de transformá-los ou de excluí-los. 

Nesse exercício, foi focado na respiração e nas sensações físicas, mas há outros exercícios que focam em reações corporais, tais como a yoga, caminhar, degustar, etc.

O objetivo dessa atividade é diminuir o controle dos pensamentos e dos sentimentos que têm sobre a nossa mente, para focar no que realmente é importante no momento presente. Vamos buscar ajuda e treinar um pouco Mindfulness?

 

Referências:

  1. Pinheiro, Renata. Vamos falar sobre Mindfulness?. Disponível em <https://comportese.com/2015/10/16/vamos-falar-sobre-mindfulness>. acessos em 19 mar. 2021.
  2. Miyazaki, Maria. Diagnóstico e intervenção clínica comportamenta infantil: uma breve revisão. <https://www.scielo.br/pdf/estpsi/v14n1/02.pdf>, acessos em 19 mar 2021.
  3. Ferreira, Andrea. Psicologia e Adolescência<https://www.psicologoeterapia.com.br/clinica-de-psicologia/adolescencia-e-psicologia/>. acessos em 19 de Mar 2021.
  4. Penman, Mark. Atenção Plena. 2. Ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.
  5. Cordioli, Aristides. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
CLAUDIA F N DE MENEZES
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