Os efeitos da maternidade no cérebro e comportamento das mulheres

Os efeitos da maternidade no cérebro e comportamento das mulheres

Um breve conceito da maternidade e seus impactos na construção histórica e social da mulher

A maternidade é difundida através de vastas investigações acerca da sua conceitualização. Para além de uma condição fisiológica da mulher, a maternidade possui também aspectos históricos, sociais e culturais.

Isto é, durante um logo período, a maternidade foi pensada como função feminina e “a uma transposição social e cultural das suas capacidades de dar à luz e amamentar” (CHODOROW, 1990 apud MOURA eARAÚJO, 2004p. 45). Enquanto, no casamento, o homem ocupava a função de provedor, a mulher se limitava aos cuidados da casa e dos filhos.

Carneiro (2005) cita que em decorrência da “naturalização” dessas funções femininas, começou-se a demarcar uma série de características ligadas à dedicação necessária a uma “boa” mãe, identificando maternidade e feminilidade que, em diferentes graus, permanece até os nossos dias.

Trazendo para a realidade atual, no que diz respeito à mulher contemporânea, uma das questões mais complexas, problemáticas e conflitantes continua a ser a maternidade.

A despeito de todas as mudanças ocorridas nas últimas décadas, parece que a ideia unidade mãe-filho é básica, universal e psicologicamente mais apropriada tanto para o desenvolvimento sadio da criança quanto para a completude da mãe (CARNEIRO, 2005).

No entanto, para além disso, pode ser gerado cuidado e afeto através de outros pares. Assim, essa característica não é intrínseca da mulher.

Possíveis manifestações cognitivas e comportamentais na maternidade

A maternidade é apontada por muitos como algo romantizado, cheio de plenitude e realização à mulher, podendo conferir uma culpabilização às mães que fujam dessa regra. No entanto, psicologicamente falando, ela pode acarretar uma série de comprometimentos à saúde mental da mulher.

De acordo com Lima, Santos e Barbosa (2021), fatores da baixa educação, a pobreza ou uma relação familiar conflituosa, colaboram fortemente para o aparecimento da depressão pós-parto. A baixa autoestima, fatores socioeconômicos e gravidez indesejada ou não-planejada estão associados também à depressão puerpério.

Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-V, os principais sintomas se caracterizam pelo humor depressivo ou anedonia (diminuição ou perda do interesse nas atividades anteriormente agradáveis). Os demais sintomas são:

  • Mudança significativa de peso ou do apetite,
  • Insônia ou sono excessivo,
  • Fadiga,
  • Agitação ou retardo psicomotor,
  • Sentimentos de desvalia ou culpa,
  • Perda de concentração e ideias de morte ou suicídio.

O quadro que ocorre no pós-parto pode incluir acentuada labilidade de humor e sentimentos ambivalentes em relação ao bebê (APA, 2013apud BRUM 2017, p.94).

As configurações do maternar

Conforme exposto, sabe-se que a maternidade pode ser contemplada de diversas maneiras, com experiências e vivências diferenciadas para cada mulher.

Diante disso, é interessante elucidar os cuidados que são necessários a esse processo vivenciado pela mulher, tais quais: assistência à saúde de forma integral, servindo de espaço e assegurando os direitos das mulheres, sobretudo ao direito de escolha, buscando desconstruir julgamentos e impasses da sociedade.

Dessa forma, estaremos amplificando discussões sobre a temática com o intuito de abranger, apreender e compreender os efeitos ocasionados pela maternidade.

Letícia Cavalcante. Psicóloga. CRP –24/04016 – Terapeuta Cognitivo Comportamental.

Referências Bibliográficas

  1. Barbosa,Paloma Luzia; Lima, Débora; Santos,Maria Dionísia.Os impactos da idealização da maternidade na saúde mental damulher contemporânea.Belo Horizonte, 2021.
  2. BRUM, Evanisa.Depressão pós-parto: discutindo ocritério temporal do diagnóstico. Universidade Presbiteriana Mackenzie–Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo,v.17, n.2, p. 92-100, 2017.
  3. Família e casal: efeitos da contemporaneidade/organização: Terezinha Feres-Carneiro. –Rio de Janeiro:Ed. PUC-Rio,2005.
  4. MOURA, M.S; ARAÚJO, M.F. A Maternidade na História e a História dos Cuidados Maternos.Psicologia Ciência e Profissão, 2004, 24 (1), 44-55.
Letícia Cavalcante
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