O ideal de perfeição
Desde que iniciamos nossa vida social aprendemos a buscar o perfeccionismo. Na escola, de quem são os trabalhos que a professora expõe no mural? Quem costuma ser elogiado? Quem costuma ser admirado? Aqueles que fazem tudo de modo perfeito, ou ao menos é o que parece.
Por vezes, é como se a ideia de perfeição tivesse sido inventada com a única e exclusiva finalidade de nos atormentar.
Você já parou para pensar que o que chamamos de perfeição é uma simples questão de opinião? E em outras situações, é uma questão de ocasião. E que a perfeição pode envolver a imperfeição, como no caso de um jogo de futebol, que se todos jogarem com perfeição, não haverá gol.
A resposta para lidar com a busca pela perfeição é o equilíbrio. Alguém que não está preocupado em fazer um bom trabalho e não liga a mínima para preparação cuidadosa é muito diferente de alguém que, sentindo-se na obrigação de ser perfeito, acaba paralisado pelo medo de fazer qualquer coisa errada.
Sabemos que em algumas profissões há uma busca constante pela perfeição, como o cortador de diamantes, pois precisam seguir parâmetros rígidos.
Vale lembrar que o nível de perfeição que almejamos e admiramos dificilmente será atingido se não passarmos por um período de treinamento.
A lei do retorno decrescente
A busca por perfeição está sujeita à lei do retorno decrescente. Oi?! Sim!
Por mais que ela possa nos motivar a darmos o melhor de nós, se levada ao extremo ela pode acarretar exatamente no contrário, levando a uma insatisfação constante, ao fracasso, à desistência, à procrastinação, e o indivíduo simplesmente abre mão de tentar.
O perigo é que, com muita frequência, quando insistimos na perfeição acabamos sem nada.
O que nos leva a querer o perfeccionismo em tudo?
O que leva o perfeccionista ao desejo ardente de fazer tudo certo? Medo de ser desmascarado.
O crítico interno irá reclamar: “Todo mundo” vai nos reprovar.
o perfeccionismo é uma forma de manifestar o desejo de evitar constrangimentos. E então, muitas vezes, a escolha é não fazer nada. Assim podemos nos agarrar na ideia de “Teria sido perfeito, se eu tivesse feito”, e com isso, viver de fantasia.
Mudando este padrão de comportamento
Para mudar este padrão, o primeiro passo é identificar como você se sente em relação ao perfeccionismo alheio. Reflita se você já disse ou pensou alguma dessas frases, e o que estas atitudes significam:
“Eles têm padrões mais baixos.”
Certas pessoas possuem padrões inferiores, ou não seguem nenhum padrão, e se saem bem. Não estou sugerindo que nos nivelemos por baixo.
Mas será que o fato de nos afastarmos o mínimo que seja do meu padrão significa que devo abandoná-lo por completo? Não! Por vezes é preciso fazer o possível, mesmo que fique aquém do seu melhor, por falta de tempo, recursos, etc., e isso não significa que você passou a adotar padrões inferiores, mas a prioridade é outra.
“Eles podem dar mancada porque são ricos/bem-sucedidos/adorados.”
Essa é a típica frase da síndrome do tudo ou nada: os outros têm tudo e a gente nada. Mas raramente isso é verdade.
“Eles fazem tudo perfeito.”
Como você tem certeza disso? Ninguém é perfeito. Temos a tendência de atenuarmos os erros e defeitos das pessoas que gostamos e admiramos. E assim parece que tudo que fazem, fazem de maneira perfeita.
Entretanto isso não é verdade, e certamente não se aplica a tudo que eles fazem. Pergunte a eles se nunca cometeram nenhum deslize. Muitas pessoas adoram contar suas histórias de erros (passados, claro!).
“Não espero dos outros nada aquém da perfeição”
Estamos pedindo que o outro dê o melhor de si ou que faça mais do que está ao seu alcance? Há uma diferença entre uma pressão que motiva e outra que esmaga, nem sempre conseguimos enxergá-la, e o resultado é a possível paralisação de quem sofre esta pressão.
Cada um precisa determinar a importância que atribuiu ao seu padrão de perfeição pessoal.
“O que é preciso sacrificar para fazer tudo certo? Será que vale a pena?” Não raro os perfeccionistas compram brigas por causa de um desejo automático de ganhar, sentimento este bastante natural, sem parar para pensar duas vezes se vale realmente a pena.
Em algumas situações acabamos nos equivocando por acharmos que o outro não nos considera perfeito o bastante. Mas lembre-se: achar não é saber. Pode ser que o que nós consideramos menos seja considerado fantástico pelos outros.
Afinal, a perfeição é uma questão de opinião. ✌
O segredo é dizermos a nós mesmos: “Vou correr este risco, mesmo não me sentindo seguro se vai dar certo ou não. Porque a única maneira de descobrir se vou dar conta disto ou não é tentando.”
Se você acreditar que não ser perfeito significa não dar o melhor de si, talvez isso lhe provoque uma crise de consciência.
Vivemos numa cultura que nos instiga a almejar o máximo, e nunca nos contentarmos com menos. Porém, há ocasiões que o melhor caminho é o do meio. Não sempre, mas às vezes.
Optar por ser menos perfeito, é conviver no início com um desconforto, com ansiedade. Porém, passando este momento inicial, há uma redução da ansiedade quando percebermos que estamos realizando, na verdade, mais do que no passado.
Algumas dicas úteis
Para ser menos perfeito, comece fazendo propositalmente algo de maneira imperfeita. Exemplo: arrume a cama sem esticar o lençol. Ou lave todos os pratos, menos um. Não importa o que você escolher. O importante é fazer e depois avaliar o resultado.
Material baseado no livro “As 10 bobagens mais comuns que as pessoas inteligentes cometem e técnicas eficazes para evitá-las”, Dr. Arthur Freeman e Rose DeWolf
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