Como ressignificar te ajuda com a dor emocional

Como ressignificar te ajuda com a dor emocional

O que aprendemos sobre as emoções

Ressignificar é atribuir um novo significado a algo. Mas para uma nova percepção, precisamos compreender a antiga, certo?

Desde criança, durante o nosso desenvolvimento, aprendemos com as nossas experiências, nossa família e cultura a classificar algumas emoções como positivas e negativas. Um dos critérios para isso é a sensação desagradável que tais emoções nos despertam. Nos sentimos desconfortáveis quando sentimos o medo, a raiva, a frustração, por exemplo. 

Outro fator importante para a classificação das emoções como positivas e negativas é o valor atribuída a elas. Aprendemos que sentir raiva é errado, que a frustração não é a emoção de alguém que tem sucesso na vida.

Nossas emoções não são apenas o que sentimos, mas também o que acreditamos que elas dizem sobre nós. 

Efeito bola de neve

Vamos imaginar o seguinte cenário: sentir-se frustrado é desagradável. Mas se eu acredito que a frustração é uma característica de pessoas que não têm sucesso, logo, ao ver nas redes sociais alguém que aparenta o oposto a como me sinto, meu sofrimento aumenta, meus pensamentos são dominados por frases de autocrítica. 

Além disso, a modo que me comporto para aliviar tal sofrimento, pode ter como consequência sentimentos como culpa e vergonha. Assim, a bola de neve continua a crescer.

Resumindo, a maneira que vamos lidar com essas emoções está relacionado a interpretação que damos a elas. Evitar emoções desagradáveis ao invés de aceitá-las e ressignifica-las, além de prolongar o sofrimento, abre espaço para maneiras não saudáveis de evitar essa emoção.

Aceitação como primeiro passo

Aceitar não é ser passivo, mas compreender haver uma diferença entre o que se pode controlar e o que não se pode controlar.

As emoções existem para serem sentidas. Evitar senti-las pode não ser uma estratégia eficiente. Mas encará-las e perguntar “o que você está me dizendo?” pode indicar o que em sua vida tem feito manutenção de seu sofrimento, e qual necessidade você tem que não está sendo suprida.

Emoções nos ajudam a tomar decisões. Mas também podem nos levar a conflitos em nossas relações sociais e a tomar decisões que nos distanciam do que queremos em nossas vidas. Elas não são apenas uma consequência de uma experiência, mas também influenciam na situação que se está vivendo.

A terapia não é sobre viver uma vida onde se sente apenas a felicidade, nunca sentindo emoções desconfortáveis. Mas é sobre aceitar que tais emoções fazem parte de quem somos, que são temporárias e aumentar a compreensão do que está acontecendo em sua vida.

Elas não duram para sempre

Um dos fatores que potencializa o sofrimento gerado por uma emoção é a crença de que esta emoção vai durar para sempre. Essa é uma preocupação muito frequente em casos de depressão e ansiedade, por exemplo. 

Ter consciência de que essas emoções não duram para sempre, principalmente no processo de psicoterapia, é essencial para elevar a tolerância a essas emoções e reduzir os comportamentos inadequados que buscam o alívio imediato, mas que no final, acabam mantendo o ciclo de sofrimento.

Compreender a emoção

Quando sentimos uma dor em nosso corpo, podemos nos encher de medicamento para se livrar da dor. Mas é uma boa ideia? O ideal é ir ao médico fazer exames e compreender qual é a causa dessa dor. As emoções desagradáveis, que causam em nós a chamada dor emocional, também nos indicam que algo está acontecendo. 

Logo, ir ao profissional de saúde mental pode te auxiliar a compreender de onde vem essa dor e qual a melhor estratégia para lidar com ela. Isso possibilita que você chegue o mais próximo possível de seus objetivos e valores, e não fique apenas mascarando o sofrimento.

Os valores e as emoções

Então, vamos combinar? Não existem emoções boas ou ruins, mas sim agradáveis e desagradáveis de se sentir. E o mais importante, elas nos indicam que algo é importante e necessário em nossas vidas.

A terapia auxilia o cliente a associar essa emoção ao valor ou objetivo que é importante. Dar um significado mais amplo para essa emoção possibilita ao cliente ir além da sensação desagradável que a emoção traz.

E é através dos valores que podemos reconhecer nosso propósito e dar significado aos eventos, elevando a frequência das emoções agradáveis.

Agir com estratégia

Mas como lidar com as emoções desagradáveis?

As emoções não vão desaparecer. Fazem parte de nosso funcionamento e possuem funções importantes. O que podemos fazer é compreender quais são suas funções e o que essa emoção está querendo te mostrar sobre sua vida.

Voltando ao exemplo dado anteriormente: sentir-se frustrado não é ser um fracasso, mas sim, sinal de que precisa rever algumas decisões. Focar na emoção é focar no que não se pode controlar. Mas compreender o que ela quer te mostrar gera possibilidades de criar uma estratégia focada no que você pode mudar: seus pensamentos, sua perspectiva e seus comportamentos.

Para refletir

Então aqui vão algumas perguntas para auxiliar você em uma reflexão sobre suas emoções:

  • Tem alguma emoção que você não se permite sentir?
  • Você recorre a alguma atividade para se livrar dessa emoção?
  • De alguma forma você diminui a maneira que está se sentindo?
  • Você vê alguma emoção como uma fraqueza ou defeito?
  • Se esforça para que as pessoas pensem que você é diferente de como está se sentindo?
  • Medo de perder o controle da emoção, e tenta “empurrar para debaixo do tapete”?

Responder a essas perguntas pode ser um primeiro passo rumo a uma maior compreensão da maneira que você se relaciona com suas emoções. E a partir daí, seguir os passos mencionados neste texto: a aceitação, a compreensão e a mudança de comportamento.

Os benefícios 

A habilidade de conviver com as emoções, sejam elas suas próprias ou de outra pessoa, contribui para experiências de vida mais completas.

Através da ressignificação é possível regular as emoções desagradáveis, para que elas se tornem menos intensas e duradouras. E possibilita que novas decisões sejam tomadas, e a mudança necessária para alcançar uma vida mais saudável ocorra.

Referência

  1. Regulação emocional em psicoterapia: um guia para o terapeuta cognitivo-comportamental. – Leahy, R. L., Tirch, D., & Napolitano, L. A. (2013); Artmed Editora.
  2. Terapia do esquema emocional: manual para o terapeuta. – Leahy, R. L. (2016); Artmed Editora.
Érika Machado Chinen
Últimos posts por Érika Machado Chinen (exibir todos)
Deixe seu comentário aqui
Assine nossa newsletter

Outros posts que você também pode gostar

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos melhores conteúdos sobre bem-estar, saúde e qualidade de vida

Saúde mental, bem-estar e inovação que seu colaborador precisa

Através do nosso programa de saúde mental, as empresas reduzem perdas com afastamento do trabalho por demandas emocionais.

Fechar
Fechar