Estresse em piloto de avião: como a psicologia pode ajudar

piloto de avião e copiloto na cabine de comando
Estresse em piloto de avião: como a psicologia pode ajudar

O avião é considerado o meio de transporte mais seguro que existe (vá lá, é o segundo mais seguro, pois perde para o elevador). Uma pesquisa de 2015 calculou as chances de alguém morrer em um acidente aéreo: uma em 8 milhões. Portanto, você pode ficar bem relaxado em sua poltrona, já que a possibilidade de a aeronave cair é bem lotérica.

Quem não fica muito tranquilo é o piloto. Ainda que as probabilidades de acidente sejam minúsculas, há muita pressão envolvida no dia a dia da profissão. No ranking das ocupações mais estressantes, pilotar avião aparece em quinto lugar.

Mas a ocorrência de estresse em pilotos de avião talvez seja um pouco mais grave do que essa colocação sugere. Um levantamento feito em dezembro do ano passado com 1.850 pilotos de diversas nacionalidades registrou que 12,6% apresentam sintomas de depressão. Quatro por cento admitiram ter pensado em suicídio semanas antes da pesquisa.

Confira o post que preparamos e saiba como a psicologia pode ajudar estes profissionais!

O receio de procurar ajuda

Em março de 2015, um avião da Germanwings caiu nos Alpes Franceses. Cento e cinquenta pessoas morreram. As investigações sobre as causas indicaram que o copiloto Andreas Lubitz, de 27 anos, sofria de depressão e deliberadamente provocou o acidente.

O desastre acendeu um alerta, fazendo com que o problema do estresse entre os pilotos saísse das sombras. Para Joseph Allen, coautor da pesquisa realizada ano passado, pela Universidade de Harvard, há um “véu de sigilo” encobrindo o assunto. Ele acredita que haja um receio de um piloto de avião buscar ajuda especializada por medo de prejudicar a carreira.

As causas do estresse no piloto de avião

Longos períodos longe da família, carga excessiva de trabalho e a responsabilidade associada à segurança dos passageiros estão entre as causas de estresse em pilotos de avião. Tudo isso decorre em fadiga, diminuição da capacidade de concentração e leva, em casos extremos, à depressão e aos impulsos suicidas.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 350 milhões de pessoas sofrem de depressão. Menos da metade procura auxílio médico por causa do estigma que a doença ainda carrega.

No Brasil, o piloto de avião passa 6 dias da semana fora de casa. A carga horária é pesada: pode chegar a 12 horas por dia. É comum realizarem seguidas viagens de madrugada, sem descanso, o que aumenta a fadiga e torna o sono “incontrolável”, como registrou uma conversa entre piloto e copiloto divulgada pelo Jornal Nacional em 2015.

Há um projeto de lei tramitando na Câmara dos Deputados desde 2012, que visa regulamentar a profissão, aumentando o número de folgas e impedindo que pilotos varem madrugadas na cabine do avião. Atualmente o projeto está parada na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP).

A psicologia pode ajudar

Fatores como a brutal jornada de trabalho apenas a legislação pode solucionar. Porém, outros problemas decorrentes do estresse ocupacional podem ser resolvidos por meio de orientação psicológica.

Embora algumas pesquisas considerem o excesso de trabalho o principal agente estressor, resultando em um processo de esgotamento físico conhecido como Síndrome de Burnout, não se pode desconsiderar os aspectos psicológicos envolvidos na questão do estresse: pressão pelos resultados, responsabilidade acima da capacidade gerencial, relações interpessoais, percepção de satisfação com a função exercida etc.

Portanto, o aspecto emocional é um gatilho do estresse, e este pode ser tratado com o devido acompanhamento psicológico, de maneira que o paciente tenha a possibilidade de problematizar as dificuldades que o trabalho impõe e dar vazão às angústias que sente.

Ainda que haja um tabu cercando a questão do estresse em pilotos de avião, a tendência é que o problema seja discutido mais amplamente, abrindo caminho para que os profissionais da área busquem ajuda especializada.

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Como a mudança de postura ajudar a alavancar sua carreira


Referência:

Fanjoy, Richard O., Stanley L. Harriman, and Randal J. DeMik. “Individual and environmental predictors of burnout among regional airline pilots.” International Journal of Applied Aviation Studies 10.1 (2010): 15-30.

Vieira, Isabela, and JANE ARAUJO RUSSO. “Burnout and stress: between medicalization and psychologization.” Physis: Revista de Saúde Coletiva 29.2 (2019).

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