Como a psicopedagogia pode ajudar na identificação de transtornos psíquicos?

Como a psicopedagogia pode ajudar na identificação de transtornos psíquicos?

O que é psicopedagogia?

A psicopedagogia é uma área de atuação clínica e institucional que busca investigar e intervir nas dificuldades do processo de aprendizagem. Todos podem se beneficiar da psicopedagogia, pois o seu público é amplo, abrangendo todas as faixas etárias: crianças, adolescentes, adultos e idosos. 

O(a) psicopedagogo(a) possui uma área de atuação ampla, pois pode trabalhar em várias instituições, além da clínica. O profissional da psicopedagogia pode atuar em:

  • Escolas,
  • Universidades,
  • Empresas,
  • Hospitais.

Nestes espaços, o psicopedagogo pode desenvolver trabalhos direcionados às capacitações de funcionários, planejamentos com foco na aprendizagem, dentre outras funções.

Diante da complexidade do processo de aprendizagem, a psicopedagogia utiliza conhecimentos de áreas diversas, tais como: pedagogia, psicologia, psicanálise, sociologia. Deste modo, não existe causa única para as dificuldades em aprender.

Dificuldades de aprendizagem e transtorno de aprendizagem

Entre as causas de dificuldade de aprendizagem, pode-se encontrar:

  • Desmotivação,
  • Conflitos familiares,
  • Falta de estímulos e de apoio escolar.

Além das dificuldades, existem os transtornos de aprendizagem, tais como: TDAH, dislexia, disgrafia, além dos transtornos psíquicos.

A dificuldade de aprendizagem pode ser secundária, ou seja, consequência de um transtorno psíquico, não identificado pelo cliente ou família do mesmo. Ou ainda, o transtorno psíquico pode ser decorrente da dificuldade de aprender.

Entender que, para além do que surge como sintoma, existe um sujeito que se relaciona consigo mesmo, com outros e com o mundo e valorizar esse sujeito como um todo é dever do(a) psicopedagogo(a). 

O que são transtornos psíquicos ou transtornos mentais?

O transtorno mental é considerado um tipo de doença que prejudica o pensamento, as percepções, as emoções, os sentimentos e o modo como nos relacionamos consigo, com o outro e com o mundo.

Diversos fatores podem influenciar o seu desenvolvimento, tais como:

  • Genética,
  • Ambiente,
  • Conflitos familiares,
  • Traumas do passado,
  • Abuso de substâncias como o álcool e outras drogas,
  • Doenças já existentes,
  • Etc.

Depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno afetivo bipolar são exemplos de transtorno psíquicos. 

Na minha prática clínica é comum transtornos psíquicos como ansiedade e depressão serem associados pelos clientes a prejuízos significativos em sua rotina, como estudar e trabalhar, uma vez que relatam indisposição, tristeza profunda, pensamentos acelerados, medos irracionais. 

Costuma-se utilizar um padrão de normalidade para identificar os possíveis sintomas de um transtorno mental, ou seja, existe um padrão que deve se adaptar à convivência em sociedade. Quando se observa uma pessoa que foge deste padrão, podem surgir hipóteses diagnósticas de transtorno mental.

Na prática, isso representa que quando a pessoa possui dificuldades em se relacionar com o outro, em se adaptar a situações rotineiras, prejudicando dessa forma o seu desenvolvimento, pode ser considerado o diagnóstico de transtorno mental. 

Importante considerar que tais padrões de normalidade variam entre os profissionais da saúde, principalmente, entre psicólogos e psiquiatras. Estes profissionais seguem abordagens que podem ser diferentes em termos de entendimento sobre o conceito de transtorno psíquico.

Esta variação sobre o assunto reforça a complexidade do mesmo, ou seja, o adoecimento psíquico pode se apresentar de formas distintas. A diversidade de entendimento sobre transtorno mental ajuda a ampliar o conhecimento sobre o assunto, não havendo, deste modo, conceito certo ou errado, cada um tem sua relevância. 

Investigação psicopedagógica

A investigação psicopedagógica possibilita um olhar direcionado ao sujeito como um todo e não apenas à dificuldade de aprendizagem ou transtorno de aprendizagem, trazidas como demanda principal. 

No início da investigação, o primeiro contato é com os pais ou responsáveis pela criança, nos casos em que o atendimento é para menores de 18 anos de idade. Neste primeiro momento, o profissional buscará informações sobre a demanda da criança, a partir da percepção dos pais.

Após a coleta dos dados iniciais, deve-se firmar o contrato de trabalho com os responsáveis: tempo de cada sessão, quantidade de sessões, valor de cada sessão, forma de pagamento, relatório final sobre o que foi identificado durante o processo, além da proposta de intervenção. 

A coleta de dados pode ser baseada numa ficha de anamnese, onde contém questões pertinentes à história de vida do aluno. Outro ponto importante no processo de investigação psicopedagógica, no caso de crianças, é a visita à escola, que possibilita conhecer o funcionamento pedagógico, as percepções dos professores em relação ao aluno, ampliando desta forma a coleta de dados.

Além da entrevista inicial com os pais e com o próprio aluno, o psicopedagogo utiliza outras ferramentas para a coleta de dados, que são os testes com o aluno. Todas as ferramentas citadas permitem que o profissional consiga identificar o que pode estar relacionado à dificuldade de aprendizagem e se é somente uma dificuldade ou algum transtorno mental ou até mesmo uma dificuldade psicomotora que bloqueia algumas ações do aluno no ato de aprender.

Intervenção psicopedagógica

Após a coleta dos dados clínicos e com base nas observações, o profissional planejará o roteiro de intervenção, que deve possuir o objetivo de auxiliar o aluno a melhorar sua capacidade de aprender e desenvolver habilidades.

Nos casos em que for observado uma relação da dificuldade de aprender relacionado a algum transtorno mental, o psicopedagogo deve realizar o devido encaminhamento para o psicólogo e/ou psiquiatra, além de outros profissionais, a depender do resultado do primeiro momento da investigação psicopedagógica.

Além disso, é importante considerar que o profissional da psicopedagogia não trabalha sozinho, ou seja, para obter um resultado satisfatório, às vezes, necessita de um trabalho multidisciplinar e interdisciplinar. Isso ocorre quando é identificado a necessidade de outro profissional, que pode ser um fonoaudiólogo, psicólogo, psicomotricista, nutricionista, educador físico, dentre outros. 

No projeto de intervenção, o profissional deve incluir a escola e a família, quando perceber que ambos estejam relacionados a dificuldade de aprendizagem do aluno. Neste caso, o psicopedagogo pode orientar os profissionais da escola quanto a estratégias de ensino e aprendizagem, para que o aluno consiga assimilar melhor as aulas.

Em relação aos pais, da mesma forma, o psicopedagogo pode orientar e sugerir melhores formas de acompanhar o processo de aprendizagem do filho.

Referências Bibliográficas

  1. SAMPAIO, S., Manual Prático de Diagnóstico Psicopedagógico clínico. 7° edição. Rio de Janeiro. WAK. 2018.
  2. HADDAD, O. E. M., Psicopedagogia. 1° edição. Curitiba. Contetus. 2020.
  3. AMARANTE, P. Saúde Mental e Atenção Psicossocial. 4° edição. Rio de Janeiro. FIOCRUZ. 2017.
Francisca Jéssica Araújo de Aguiar
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