O que é mesmo tristeza?
Etimologicamente, o termo tristeza originou-se a partir do latim tristitia (estado de desânimo ou aspecto infeliz) e, como se sabe, o sentir faz parte do humano. Sendo assim, dentre os vários sentimentos que o homem é capaz de viver, existe esta emoção básica que é a tristeza.
Mas, o que é mesmo tristeza? Uma simples mudança de “humor”? Um estado mais duradouro de sentir-se “pra baixo”? Pode-se dizer que a tristeza é um sentimento que faz parte da condição humana, aonde a pessoa se identifica triste quando se percebe com uma falta de ânimo, de disposição e de alegria diante das situações e da vida.
O indivíduo pode sentir-se triste em várias situações, como por exemplo: na falta de emprego, dificuldades de relacionamento, dificuldades no trabalho, problemas familiares, dentre outros. Mas, o fato é que a tristeza pode aparecer em diferentes intensidades, podendo durar um dia, vários dias e até mesmo semanas ou meses.
É como se a pessoa não sentisse mais o mesmo “gosto” diante das situações. Claro que a falta de disposição nas atividades também ocorre quando o indivíduo sente-se triste. Deste modo, a tristeza por si só não é considerada uma doença, mas um sentimento que pode estar presente na vida das pessoas em diferentes graus de intensidade e que passará mesmo durando um período, como uma semana por exemplo.
Como posso “superar” a tristeza?
Primeiramente, é preciso deixar bem claro a singularidade de cada ser humano, ou seja, cada pessoa tem seus gostos, hábitos, recursos emocionais para vivenciar as experiências do dia-dia. Todavia, algumas alternativas podem ser utilizadas e adaptadas por cada um ao tentar lidar com a tristeza. Dentre elas pode-se citar:
- Busca por atividades que tragam sensação de bem-estar e prazer, como: passeios, conversas com amigos, viagens, idas a salão de beleza, dentre outros.
- Meditação, yoga, massagens de relaxamento.
- Fazer atividades que são do gosto pessoal de cada um, como leitura de um bom livro, ginástica e fazer a faxina em casa ao som de uma boa música são alguns exemplos.
- Conversar com amigos, parentes, namorado(a).
E a depressão como identificar?
Muitas vezes chamada de “Mal do Século”, a depressão pode ser caracterizada, de acordo com a CID 10 (Classificação Internacional de Doenças), como uma alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração associada, em geral, a uma fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo.
Ela pode vir acompanhada de:
- Insônia,
- Diminuição do apetite,
- Choro intenso,
- Dentre outros sintomas.
O indivíduo pode ainda sentir-se com baixa autoestima e diminuir a confiança em si. Para identificar e diferenciar a tristeza da depressão o que a pessoa deve perceber é se ela consegue, por si só, com seus recursos emocionais internos e com o apoio de outros, não mais sentir-se “dessa maneira”, ou seja, a pessoa consegue passar pela tristeza e voltar às suas atividades habituais.
Porém, se a angústia, o choro, a insônia, a perda de interesse “persistirem”, mesmo após tentativas de superação, é hora de procurar ajuda profissional.
Quando o indivíduo pode sentir-se deprimido?
Abaixo estão algumas situações em que o indivíduo pode sentir-se deprimido:
- Ser vítima de bullying;
- Ser desprezado por escolhas pessoais;
- Sofrer violência doméstica;
- Rejeição por amigos/familiares;
- Fim de relacionamentos;
- Apego excessivo;
- Ter histórico de depressão na família;
- Dificuldades financeiras;
- Outros Transtornos Mentais (comorbidade);
- Perda dos pais ou outro familiar;
- Doenças Físicas;
- Desemprego;
- Dificuldades de relacionar-se com os demais.
Psicoterapia? Como ela pode me ajudar?
A Psicologia possui várias abordagens no que se refere ao atendimento clínico. Dentre elas está a Gestalt-terapia, que é uma abordagem psicoterapêutica centrada no cliente, onde, através dela, a pessoa passa por um processo de tomada de consciência (awareness), percebendo-se em suas situações e vivenciando-as no presente de uma nova maneira.
A abordagem enfatiza também a responsabilidade, a autoregulação (forma como o organismo interage com o mundo, atualiza-se) e o ajustamento criativo (“melhor maneira do indivíduo estar em contato com o mundo”). A Gestalt-terapia foi desenvolvida por Fritz Perls, Laura Perls e Paul Goodman entre as décadas de 1940 e 1950.
Trazendo para a temática apresentada acima, na psicoterapia de abordagem gestáltica, o indivíduo passa a conhecer-se melhor, entrando em contato com emoções e sentimentos, bem como com os significados que estão sendo dados por ele em suas vivências. Isto é, passa a perceber “como se sente”, “como experiencia suas questões emocionais”, “quais recursos emocionais que possui”, pois muitas vezes o indivíduo não consegue enxergar estes recursos para lidar com as mais diversas situações.
É um processo que requer um tempo que varia de pessoa para pessoa, onde é possível, através da psicoterapia, a pessoa conhecer-se mais, ampliar seus recursos emocionais e adquirir uma nova maneira de viver suas dificuldades a partir do momento em que entra em contato com suas dores, emoções e impasses com profundidade.
Para lidar com a depressão, ficam algumas dicas, que têm a ver com a abordagem da Gestalt-terapia:
- Gerenciar pensamentos que nos afastam do momento presente, do aqui-agora;
- Em vez de ficarmos com preocupações, que não vão “resolver”, devemos nos permitir vivenciar o momento, estando abertos a cada momento de forma receptiva;
- Tentar tirar dos nossos discursos os “eu deveria”, “eu tinha que ter feito”, “não era pra ser assim”, que nos afastam das vivências do momento atual.
Como o próprio Fritz Perl afirmou, o ajustamento criativo é de suma importância para lidar com a depressão, pois o indivíduo pode fluir em busca de novas habilidades, integrando-as, dando-se conta também de novas possibilidades no seu viver. - Para a Gestalt-terapia, depressão tem a ver com bloqueio do ciclo de contato, onde se mostra como uma experiência para o indivíduo, tendo um sentido único para cada ser. Para tanto, na psicoterapia a pessoa pode entrar em contato com suas dores e emoções, dando-se conta, passando por um processo de autoconhecimento profundo que faz desabrochar um novo olhar e até um novo viver a partir daí.
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