Você não precisa estar dentro do padrão pra ser incrível!

Você não precisa estar dentro do padrão pra ser incrível!

Escrevi um texto para vocês em homenagem ao dia da mulher (08/03) deste ano de 2021. O objetivo desta escrita é realizar uma viagem pelo tempo histórico, conhecer um pouco mais sobre as lutas que as mulheres se empenharam para conquistar seu espaço social no momento presente, compreender sobre certos estigmas que atravessam a sociedade em que todas estão imersas e também te convocar a fazer uma autorreflexão.

Espero que a partir deste texto, você possa tanto entrar em contato com a sua essência, quanto avaliar o seu estilo de vida. 

Nem sempre aquilo que o outro quer de você, é o que você quer dar. Em outras palavras: não necessariamente o padrão imposto quanto ao universo feminino é o que você precisa seguir. Podem querer que você alise seus cabelos, mas você gosta mesmo é dele cacheado, este é um breve e simples exemplo.

Qual é o seu universo SINGULAR feminino? Qual é o preço a se pagar quando você compra ideais que não te cabem?

Percorrendo os tempos históricos

Ao olhar para o passado da sociedade, o cenário que costumava se apresentar nas relações conjugais e familiares era de uma sociedade patriarcal.

Mas, o que é o patriarcado? É um sistema em que a autoridade predomina nas mãos do homem, ou seja, o homem é tido como a figura dominadora e a mulher como aquela que é subordinada a esse poder. Um cenário que era presente há decadas atrás e que, hoje em dia, ainda se instala na realidade de muitas famílias é: o homem trabalhar para garantir o sustento da família, enquanto a função de cuidar da casa e dos filhos cabe à mulher. 

Entretanto, esse ordenamento patriarcal foi sendo desconstruído a partir de movimentos feministas, em que as mulheres se fortaleceram na luta pelos seus direitos sociais e políticos. Em meados do século XIX, ocorreu a primeira onda do movimento feminista, nomeado Sufragista, eminentemente ocidental, o qual tinha como preocupação principal o direito da mulher ao voto.

Um segundo movimento  na década de 1960, teve como meta reivindicar igualdade jurídica e social para as mulheres, com o slogan “o pessoal é político”. Por fim, a terceira onda que tem aberto o campo feminista a leituras de gênero e da sexualidade, desafiando os paradigmas da segunda onda a partir da análise do sujeito político de direitos e de sua agenda de reivindicações. 

Esses movimentos assumiram caráter de grande valia no processo histórico, uma vez que a mulher não se manteve restrita às funções correspondentes aos espaços privados – de sua casa -, mas conquistou o acesso aos ambientes públicos, sendo estes a entrada no mercado de trabalho e acadêmico.

Outro marcador que contribuiu para a autonomia das mulheres foi o advento da pílula anticoncepcional dos anos 60, o qual possibilitou a separação entre sexualidade e reprodução. 

A mulher e a ditadura da beleza

Se, hoje em dia, as mulheres têm o direito ao voto e um lugar de fala na sociedade, representação política, o exercício de escolha, autonomia em suas decisões, entre outras, é graças às lutas realizadas pelo movimento feminista.

É bem comum você conhecer alguma mulher que esteja pagando a sua própria faculdade, trabalhando, morando sozinha, seja solteira e não tenha filhos. Aliás, você mesmo que está lendo esse texto, pode ser essa mulher. Cabe ressaltar que todas essas conquistas não são sinônimo de extinção do patriarcado. Ainda há relações conjugais e familiares que têm como pilar a dominação do homem sobre a mulher. A violência física que ocorre em relacionamentos abusivos representa a realidade de muitas mulheres brasileiras. 

Um outro cenário que vem ganhando destaque e debates em espaço públicos e acadêmicos é a respeito da ditadura do corpo ideal feminino. O modelo ideal de feminilidade vem sendo atravessado e modificado durante décadas. Na década de 70, o que prevalecia era a tendência à magreza. Já o início dos anos 2000 é marcado pela procura de um corpo magro e com músculos definidos.

Para alcançar esse ideal, grande parcela das mulheres vem apresentando uma preocupação exagerada em se submeter às cirurgias plásticas e algumas sofrem de distúrbios relacionados à alimentação. Nessa mesma conjuntura predomina a “ditadura da juventude”, ou seja, a mulher se submete a auxílios médicos para cada vez mais parecer mais nova esteticamente e suavizar traços de envelhecimento. 

Tudo isso nos mostra que embora as mulheres tenham conquistado posições de prestígio, status e poder na sociedade, ainda se mantém presas a um controle do que é ser belo, segundo os preceitos ditados pelo paradigma social atual.

Quem decide ir na contramão desse estigma, muitas vezes, acaba sendo inferiorizado, ridicularizado e vítima de piadas ofensivas e situações constrangedoras. Alguns exemplos são: “Ninguém vai te querer com esse corpo”, “Mulher feminina tem que ter cabelo liso e comprido”

Seguir o padrão ou ser você mesma?

É importante enfatizar que a cobrança social não aparece somente no caminho direcionado à questão estética, mas ainda sim frente a muitas decisões pessoais das mulheres.

Uma mulher por volta de seus 30 anos que escolheu estar solteira e sem filhos, ainda assim, pode ser rotulada por outros como “encalhada”, “infeliz” ou “não realizada”. Comentários de familiares em festas de final de ano podem ser: “Nossa, você está linda com 30 anos, mas acho que te falta um marido e um filho para ficar mais completa ainda.” – o que parece remeter à visão tradicional que para a mulher ser realizada, ela precisa estar casada e com filhos. 

Quero deixar para você uma reflexão: imagine que depois de ler esse texto, você está com um papel em branco nas suas mãos. Esse papel em branco é a sua vida. Você pode colori-la e desenhá-la como você quiser. O que, de fato, você quer?

Como você imagina a sua vida daqui para frente? Não há problema algum em querer ser mãe, casada e com filhos, assim como não há também problema em gostar de frequentar academia e se sentir bem com seu corpo malhado. A diferença é que VOCÊ QUER, se sente bem e feliz com isso, e não que PRECISA se submeter ao que é imposto para se sentir aceita. 

Referências:

  1. Roudinesco, E.; Plon, M. (1998). Dictionnaire de la Psychanalyse. Paris: Fayard.
  2. Bernardi, D., Féres-Carneiro, T., & Magalhães, A. S. (2018). Entre o desejo e a decisão: a escolha por ter filhos na atualidade. Contextos clínicos, 11(2), 161-173.
  3. Bruna de Lara, Bruna Rangel, Gabriela Moura, Paola Barioni, Thaysa Malaquias, Denis Rubra. 1ed Meu amigo Secreto: Feminismo além das redes. 1 ed.. Rio de Janeiro, 2016.
Adriana Alcantara de Melo
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