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Sororidade: essa onda que cresce pode te levar ou te derrubar!

Significado do termo

Este termo sororidade vem surgindo em diversos tipos de post nas redes sociais, em estampas de camisetas, e recentemente ganhou destaque no discurso comprometido da Miss Brasil Julia Horta. Sororidade surge do latim: sororitas e significa irmã; é aliança entre irmãs, irmandade.

São mulheres que lutam pela valorização do espaço feminino na sociedade contemporânea e convergem com o movimento feminista. Usam pactos que seguem lemas como: “uma por todas e todas por uma”, “mexeu com uma, mexeu com todas”, “não fazer julgamentos prévios sobre mulheres” e “o corpo é meu, minhas regras”.

Surgiu pela necessidade das mulheres lidarem com as dificuldades que envolvem racismo, discriminação, feminicídio, xenofobia e homofobia. Historicamente existiram fatos que criaram a urgência por mudanças, como os ligados ao machismo, a proibição em votar, em trabalhar fora, mulheres precisavam de autorização do marido para viajar, sofreram violência obstétrica, assédio sexual, e muito mais…  

Como elas se organizam

Elas se organizam de diversas formas para ganhar visibilidade e aumentar as conexões com apoiadoras e simpatizantes, e aumentar, assim, o sentimento de pertencimento a essa causa.

Formam grupos de autoajuda, comunidades, fazem movimentos presenciais e online, criam projetos para mulheres empreendedoras, para leitoras, para elaboração de leis que garantam direitos. E ao se identificarem, vão formando redes com troca de informação e passam a se ajudar mutuamente na divulgação dos seus grupos e eventos.

O foco da sororidade é a ajuda entre mulheres, a fim de alcançar seu empoderamento através de depoimentos, frases de apoio, discursos incentivadores para resiliência e atitudes de superação. Dando importância a valorização do seu corpo, a tomada de suas decisões e escolhas. Incentivam a ideia para que se atreveram a mudar o mundo para uma forma melhor, sendo uma potência.

Buscam transmitir conforto, cuidado, gentileza, fraternidade, solidariedade e cumplicidade, mostrando que nenhuma mulher está sozinha, e que ambas devem se ajudar sem ter atitudes concorrentes. Devem ser menos duras umas com as outras, sanando desentendimentos e erros para buscar fortalecer os vínculos feminismos.

O movimento prioriza causar impacto social positivo para as próximas gerações. Querem compensar falhas ocasionadas pelas gerações passadas, que influenciaram para a repressão do feminino, e informar as adolescentes sobre coisas como: autocuidado, autonomia, autovaloração, direitos, deveres e liberdade.

Beneficiadoras mútuas

A sororidade pode ser ótima para fortalecer a autoestima de mulheres que têm personalidades com traços de dependência e/ou de submissão ao sexo masculino, que se submetem à vontade do outro e aos relacionamentos abusivos, que são portadoras de conteúdos reprimidos, que apresentam dificuldades por terem sido abusadas sexualmente, que têm baixa volição, etc.

Elas têm um papel fundamental no acolhimento e prevenção da violência psicológica e violência física, incluindo o estupro. Passam informações para conscientização de que isso ainda ocorre com frequência e orientam acerca dos cuidados para se evitar, autodefesa, e até sobre após o ocorrido.

E claro, a sororidade vem incentivando o olhar para o feminino com garantia de direitos e deveres semelhantes ao masculino. Discursam sobre a importância do empoderamento feminino, e sobre a possibilidade de mostrarem que mulheres unidas podem mudar muitas coisas para melhor.

Cuidados com os extremos

A sororidade deve cuidar para manter a igualdade de gênero e não excluir o outro sexo, o masculino. Infelizmente algumas formas de manifestação ostensivas são radicais em generalizar todos os homens como maus e errados. Essa concepção pode conduzir à armadilha do feminismo, ou seja, algumas atitudes extremas prejudicam a imagem positiva dessa irmandade.

A reprodução de apego na historicidade é fomentada por algumas através de demonstração de ódio ao passado. Isso precisa ser refletido e compreendido racionalmente. Precisamos conhecer o passado, e a partir daí fazer o melhor, mas não ficar reproduzindo discursos de ódio que retomem e revivem essa fase, para evitar a reprodução nas próximas gerações.