Ego inflado e necessidade de bajulação constante são algumas características do Transtorno de Personalidade Narcisista. Mas é importante salientar que o transtorno vai muito além e pode atrapalhar a vida de todos ao redor.
Para entendermos como de fato funciona essa condição e quais os tratamentos mais indicados, conversamos com a Daniela Seidler, psicóloga da Psicologia Viva (Conexa).
Veja só as dicas sobre a TPN e saiba como se cuidar!
O que é Transtorno de Personalidade Narcisista?
A psicóloga explica que o Transtorno da Personalidade Narcisista é caracterizado por um padrão generalizado de grandiosidade. Ou seja, o paciente tem a necessidade de adulação e falta de empatia.
Além disso, o paciente pode estar em dois grupos diferentes, dependendo dos sinais que apresenta.
“Segundo Pincus, et al. (2009), existem dois subtipos gerais de narcisistas, o grandioso e o vulnerável. O narcisista grandioso lida com uma desregulação da autoestima apresentando fantasias de grandiosidade e superioridade. Estes indivíduos são manipuladores, arrogantes e exibicionistas”.
Ela ainda acrescenta que esses narcisistas apresentam falta de empatia, inveja intensa e agressividade.
“Já o narcisista vulnerável é introvertido, revela-se inseguro e defensivo, apresentando sentimentos de inadequação e incompetência. Também lidam com desregulação da autoestima, apresentando sentimento intenso de vergonha, evitando relações interpessoais devido à hipersensibilidade à rejeição e à crítica”, esclarece.
Atente-se aos sinais!
Segundo o o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), de American Psychiatric Association (APA), as principais características são:
- Autoestima variável e vulnerável, com tentativas de regulação por meio da busca de atenção e aprovação, e grandiosidade declarada ou encoberta (APA, 2014).
Já as causas podem estar atreladas aos fatores genéticos e ambientais. Dessa forma, pode se desenvolver em pessoas que já tenham uma predisposição genética e os fatores do ambiente podem aumentar a incidência.
“Há estudos que indicam incidência maior de Transtorno da Personalidade Narcisista em pessoas que foram excessivamente criticadas ou elogiadas durante a infância e adolescência, fazendo com que não conseguissem desenvolver um senso estável do ‘EU’, o que dificulta sua capacidade de reconhecer limites, aceitar frustrações e obter satisfação pessoal (CRAMER; JONES, 2008)”, cita a psicóloga.
Como o Personalidade Narcisista afeta a saúde mental?
O Transtorno da Personalidade Narcisista pode trazer prejuízos em diferentes aspectos, seja nas relações interpessoais, na vida familiar, no trabalho, nos estudos e em diversas outras esferas da vida.
“Frequentemente pessoas com esse transtorno podem desenvolver comorbidades como depressão, bulimia ou anorexia nervosa, abuso de álcool e/ou outras drogas, sendo estas comorbidades o motivo pelo qual a maior parte desses pacientes busca ajuda especializada (TWENGE, 2013)”.
O ideal é buscar ajuda – e o tratamento terapêutico pode ser um grande aliado!
“A psicoterapia pode ser usada para ajudar o sujeito a se perceber como realmente é, sem as ilusões de grandeza e a aprender como se relacionar melhor com os outros, a fim de estimular relacionamentos interpessoais mais funcionais e obter uma melhor compreensão de suas emoções Neste sentido, o psicólogo deve acompanhar e compreender o movimento do cliente no mundo a partir das situações que o levam para a psicoterapia. Deve olhar para o fenômeno que se apresenta, pois, o modo como o mundo aparece para uma pessoa, pode não ter o mesmo sentido para outra. Ele acompanha e busca compreender o sentido que o próprio sujeito dá para si mesmo e para o contexto em que vive (LOPES,2020; OLIVEIRA, 2018)”.
Fonte: Daniela Seidler, psicóloga da Psicologia Viva (Conexa). A profissional é especialista em conflitos amorosos, morte e luto, transtornos alimentares, compulsões e depressão, entre outros assuntos.
Dra. Daniela fez pós-graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Especialização em Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica pela Faculdade Venda Nova do Imigrante e Residente em Gestão em Saúde Pública pela SESA/UEM.
Para marcar uma consulta, acesse aqui: https://perfil.psicologiaviva.com.br/psicologadaniela
REFERÊNCIAS:
ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (APA). Manual de Estatística e Diagnóstica de Transtornos Mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
CRAMER, P.; JONES, C. J. Narcissism, identification, and longitudinal change in psychological health: dynamic predictions. Journal of Research in Personality, n. 42, p. 1148-1159. 2008. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0092656608000305. Acesso em: 22 out. 2022.
LOPES, G. C. D. Narcisismo, O Conceito De Flying Monkeys E O Comportamento Social. Revista Científica Cognitionis. n.4, p 1-12. 2020. Disponível em:https://unilogos.org/revista/wp-content/uploads/2020/04/NARCISISMO-O-CONCEITO-DE-FLYING-MONKEYS-E-O-COMPORTAMENTO-SOCIAL.pdf. Acesso em 22 out. 2022.
OLIVEIRA, R. R. P. S. O Projeto dos Pais com a Psicoterapia de seus Filhos: Um Estudo Fenomenológico-Existencial. 2018. 126 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Psicologia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2018. Disponível em: http://www.ppi.uem.br/arquivos-2019/PPI_2018%20Renata%20Penha.pdf. Acesso em: 22 out. 2022.
PINCUS AL, et al. Initial Construction and Validation of the Pathological Narcissism Inventory. Psychological Assessment, v.21, n.3, p.365-79. 2009. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/26779097_Initial_Construction_and_Validation_of_the_Pathological_Narcissism_Inventory. Acesso em 22 out. 2022.
TWENGE, J. M. The evidence for generation me and against generation we. Emerging Adulthood, n. 1, p.11-16. 2013. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/2167696812466548. Acesso em 22 out. 2022.