Ícone do site Psicologia Viva

O trauma de sofrer um assalto na ótica da Gestalt-terapia

Você já passou pela experiência de sofrer um assalto ou conhece alguém que passou por essa situação? Provavelmente sim. Confira então essas informações.

Sofrer um assalto e o Estresse Pós-Traumático

As consequências desse tipo de situação pode ser o que chamamos de TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), a pessoa fica com medo de vivenciar novamente essa experiência negativa que a colocou em uma situação de vulnerabilidade. 

Vamos imaginar a seguinte situação, você está voltando do trabalho, o dia foi extremamente cansativo, e de repente você é abordado por um assaltante que coloca uma arma em sua cabeça e pede todos os seus pertences. 

A sua reação mais imediata é proteger seus bens, entretanto sua vida está em jogo e por mais que tudo que você conquistou tenha importância, sua vida com certeza vale muito mais, e no fim dessa situação você entrega seus bens e fica se perguntando o que poderia ter feito para não perder seus pertences, ou o que você deveria ter feito para evitar essa situação. .

Olhando todo esse contexto, vamos tentar entendê-lo por partes. 

O sentimento de perda

Primeiro, a importância dos seus bens, você lutou para ter o seu celular, notebook e dinheiro, foram meses trabalhando para conquistar suas coisas e do nada isso é tirado de você, o sentimento de perda claramente será grande, algo foi literalmente roubado de você, e lidar com esse sentimento de perda não é nada fácil. 

Na Gestalt-terapia situações intoleráveis não são expressadas, o organismo cria suas defesas – que é a evitação do contato com situações que remetam ao acontecimento, em nosso caso, o assalto. 

O evitar essas situações faz com que a pessoa não queira sair de casa, tenha medo de motoqueiros ou pessoas que andam de forma suspeita, por exemplo, pois a pessoa não conseguiu assimilar o assalto. 

O ato de reviver o evento traumático

A pessoa acaba revivendo várias vezes aquele evento traumático, isso o impede de viver o presente e ter perspectiva de futuro. 

O querer ter se defendido, reviver o momento na tentativa de mudar o passado gera a paralisação e desencadeia o TEPT.

Nem todas as pessoas conseguem passar por uma situação dessas de sofrer um assalto e continuar seguindo em frente, muitos têm um grande sofrimento psíquico. 

A importância da terapia

A terapia auxilia a pessoa que sofreu esse trauma oferecendo meios para que ela lide com esse sentimento de raiva e impotência.

É importante ter um espaço no qual se possa falar e ser escutado.

Do mesmo jeito que um copo cheio para caber mais água precisa ser esvaziado, a pessoa também precisa se esvaziar de tudo o que aconteceu, para que possa ressignificar todo esse trauma. 

Muitas vezes nós por vivermos situações traumáticas e lidarmos com mais facilidade, acabamos criticando a outra pessoa, diminuindo seu sofrimento e julgando que isso que acontece a outra pessoa nada mais é que pura “frescura”. 

Cada um tem sua vivência e seu modo de ser no mundo, cada um assimila situações traumáticas ao seu modo. 

Cada um passa por situações de um jeito.

Portanto, respeitar o sentimento de cada um é extremamente necessário, olhar com sensibilidade para essa situação e indicar os meios para que ela venha a encontrar o tratamento correto irá contribuir para reintegração dessa pessoa em sua rotina.   

 

Bibliografia: 

Perls, F.S (1947/2002). Ego e fome e a agressão: uma revisão da teoria e do método de Freud. São Paulo: Summus

Perls, F.S (1973/88). A Abordagem Gestáltica e Testemunha Ocular da Terapia. Rio de Janeiro: LTC