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O cuidado relacionado às doenças: Uma perspectiva Gestáltica

Esse estudo se refere ao cuidado na saúde integral de pacientes com doenças crônicas ou incuráveis. Ao nos referirmos ao cuidar, olhamos para o cuidador e quem é para cuidado por ele, no seu processo de saúde-doença. 

A psicologia é vista como forma de gerar promoção e manutenção da saúde, a prevenção e tratamento de doenças, a identificação da etiologia e diagnóstico, aprimoramento e regulamentação da saúde. 

Para Taylor (1999) apud Pires e Braga (2009) a psicologia da saúde constitui um campo destinado a entender as influências psicológicas sobre como as pessoas permanecem saudáveis, por que ficam doentes e como agem quando adoecem.

Expressa como o psicológico se organiza, levando em consideração os conteúdos e processos que são construídos no processo da história de vida, é o sujeito que vivencia as emoções, toma decisões e constrói representações da realidade.

A Psicologia representa uma possibilidade de atuação transformadora, voltada para as necessidades da sociedade, levando a uma transformação social, superando a desigualdade. 

A saúde psicológica envolve questões sobre o modo de vida do homem e suas condições histórico-sociais, indo além da visão conservadora de saúde. É vista como possibilidade de transformação da realidade individual em projetos coletivos. Para promover saúde deve trabalhar e ampliar a consciência que o indivíduo tem sobre a realidade que está, instrumentalizando-o para agir, ou seja transformar e resolver todas as dificuldades que essa realidade traz. 

Segundo Fukumitsu; Cavalgante e Borges (2009) o profissional de saúde que se dedica a outro ser humano também é considerado um cuidador, não fazendo algo pelo outro, mas com o outro.

O profissional busca, juntamente ao cliente, formas de desenvolver as suas possibilidades, ou seja, o desenvolvimento da responsabilidade individual.

O adoecimento não significa paralisia ou incapacidade, os sintomas não precisam desaparecer para que o retorno ao estado saudável aconteça. O não saudável é a impossibilidade de atualizar a maneira de satisfazer suas necessidades que pode levar à estagnação. 

Para o profissional dessa abordagem não é o que aconteceu com o cliente, mas como o cliente reage a esse acontecimento. Deve estar atento aos seus limites e do cliente, considerando que as escolhas são imprevisíveis e carregadas de significados próprios ligados à trajetória de cada um.  

De acordo com as autoras Fukumitsu; Cavalgante e Borges (2009) ao cuidar (fazer algo com o outro) somos sempre provocados a rever nossos limites, sem invadir ou ser invadido, mantendo uma fronteira de contato saudável para ser desenvolvida a relação. 

A saúde envolve a questão física, mental e social, não apenas relacionada à doença, apesar desta, o psicólogo, juntamente ao cliente, passa a enxergar o que pode ser possível dentro de suas possibilidades, reconhecendo suas capacidades e escolhas, optando sobre a melhor forma e o melhor momento de efetuar trocas com o mundo, para o crescimento e awareness (consciência de algo forte e presente e dar-se conta de algo que não estava presente até o momento.

Ou seja, estar em contato com a própria existência, com aquilo que se é realmente, visando um equilíbrio e uma possibilidade de auto-regulação satisfatória com o meio.  

Considerando as ideias de Silva e Boaventura (2011) cada um tem uma forma de ser, atuar e estar no mundo que pode conter limitações, diminuindo suas possibilidades de contato. 

Segundo ela, a doença é a forma de expressar o que está invisível, é algo que ataca o organismo e desarranja o funcionamento. A partir de uma visão holística da pessoa, a doença faz parte e se relaciona não só com o corpo físico mas também com o contexto relacional e com as atitudes do indivíduo consigo mesmo frente à vida.

Ao se confrontar com a doença, o indivíduo acaba por lidar com a negação, depois aceitação e movimentos criativos de adaptação.

A doença traz importantes alterações físicas e psicológicas, podendo levar ao estresse, o que faz com que muitas vezes a adaptação não seja saudável, prejudicando todos os envolvidos.  

Segundo Ribeiro (2007) apud Silva e Boaventura (2011) os momentos que ocorrem as resistências, defesas e bloqueios acabam sendo difíceis superar as dificuldades. A cada ciclo precisam ser satisfeitas as necessidades, a partir do momento que isso acontece o contato e organismo se transforma e é iniciado um novo ciclo. 

Sendo assim, é necessário a colaboração do paciente e alguns membros da família, para compreender o todo na questão e o que pode ser feito para readaptação do adoecido nesses casos de doenças.

Referências 

  1. FUKUMITSU, Karina. CAVALCANTE, Flaviana. BORGES, Marcelo. O cuidado na saúde e doença: uma perspectiva gestáltica. Estudos e Pesquisas em Psicologia.UERJ, RJ ANO 9 N 1. P 172-174 2009. Disponível em< http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v9n1/v9n1a14.pdf>. Acesso em< 20 de Março de 2022>. 
  2. PIRES, Ana. BRAGA, Tânia. O psicólogo na saúde pública: formação e inserção profissional. Temas em Psicologia. V 17. N 1. Ribeirão Preto. 2009. Disponível em< http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2009000100013>. Acesso em < 20 de Março de 2022> 
  3. SILVA, Rafaella. BOAVENTURA, Carolina. Psico-oncologia e Gestalt-Terapia: uma comunicação possível e necessária. Revista da Abordagem Gestáltica – XVII(1): 39-45, jan-jun, 2011. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rag/v17n1/v17n1a07.pdf>. Acesso em< 20 de Março de 2022>