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O frio é psicológico?

O que significa dizer que o frio é psicológico?

Você certamente já ouviu alguém falando essa frase, ou mesmo já falou em algum momento, e muito provavelmente nos períodos de outono ou inverno.

A grande questão aqui é: será que o frio é realmente psicológico? 

Para responder a essa pergunta, primeiramente devemos saber o que é o termo “psicológico” ou psique. Psique vem do grego que significa alma, ou seja, ao falarmos que o frio é psicológico, significa dizer que o frio é de origem psíquica, portanto, vem da alma e não do corpo (SOUZA, 2013).

Então o que é essa sensação que sentimos no corpo quando a temperatura ambiente está mais baixa?

Do ponto de vista da ciência, o frio pode ser explicado como uma reação do corpo às temperaturas externas mais baixas do que a corporal. É uma reação de proteção do organismo, que tende a buscar equilíbrio com o clima externo. Então, de acordo com a ciência, podemos afirmar que não, o frio não é psicológico (SOUZA, 2013).

O frio também pode ser atribuído a questões culturais, ou seja, pessoas que nascem no sul do Brasil, por exemplo, são mais resistentes ao frio por estarem acostumadas a temperaturas mais baixas, enquanto que pessoas que nascem no norte e nordeste do país são geralmente, mais sensíveis ao frio. Portanto, o frio pode ser, sim, psicológico. 

Podemos dizer que o frio, até certo ponto, é psicológico?

Vamos fazer uma experiência.

Tente em um dia de frio sair do banho, cantar uma música ou simplesmente prestar atenção em uma música que está em sua cabeça. Quando mudamos o foco das sensações corporais para o auditivo, nós deslocamos a nossa atenção, provavelmente você sentirá menos frio, ou até, talvez, nem o perceba.

De modo que o frio pode ser, sim, psicológico, pois pode ser alterado pela nossa percepção, seja por questões culturais ou por mudarmos o foco da nossa atenção, nos distraindo com uma música, por exemplo, ao invés de focarmos apenas na sensação térmica (SOUZA, 2013).

Porém, isso não significa dizer que alguém que sofra mais no inverno, por ser mais sensível a baixas temperaturas, estejam com o psicológico “abalado” ou com algum tipo de doença ou transtorno mental, e que precisam urgentemente consultar um médico psiquiatra ou um psicólogo para ajudá-lo a tratar de um possível “frio patológico”.

Aliás, devemos destacar também que existem várias doenças que têm origem em aspectos emocionais, ou psicológico, que causam vários problemas reais aos que sofrem dessas patologias e que por isso não devem ser vistas como menos importantes comparadas a doenças de origem orgânica, transmissíveis ou adquiridas. 

Podemos citar como exemplo a alergia nervosa, que pode ser desencadeada por fatores psicológicos e que causam sintomas físicos e bem reais como: coceira, pele irritada e vermelhidão, e como qualquer outro tipo de alergia seja ela de causa emocional ou não, esta requer tratamento tanto médico, como psicológico.

Nesse sentido, podemos citar a depressão, síndrome do pânico e vários outros transtornos mentais como sendo exemplo de problemas causados por fatores psicológicos. Portanto não devemos diminuir a importância de certas doenças por julgarmos ser de origem psicológica (BROTTO, 2018).

O que é psicossomática?

Há também as doenças de origem psicossomáticas, que significa psico/somática: psico, representa a mente, alma, emoção, sentimentos, aspectos psicológicos; e soma é percebida como a simbologia do corpo, ou seja, o funcionamento do organismo.

Desta forma, vários fatores somatizados podem desencadear sintomas e doenças como enxaqueca, síndrome do intestino irritado, alergias alimentares, respiratórias e/ou de pele, gastrite, impotência sexual ou infertilidade (MASSUDA, 2020).

O ser humano é um ser biopsicossocial, e o seu funcionamento integral depende das suas interações biológica, psicológica e social. A psicossomática explica que quando há o desequilíbrio de uma das partes, então surgem as patologias, sob as quais influenciam todas as outras partes (MASSUDA, 2020). 

Regulação emocional 

As emoções são reações psicofisiológicas que transmitem respostas adaptativas. Qualquer alteração na frequência ou na intensidade dessas emoções podem tornar-se patológicas e, certamente, terá impacto na saúde do indivíduo (VIDEIRA, 2020).

A regulação emocional consiste na habilidade de uma pessoa em modelar o seu estado de expressão emocional. Portanto, a não aceitação das emoções podem causar fatores correlacionados à desregulação emocional.  

Autores afirmam que a regulação emocional, para além de ser uma característica central na saúde mental, tem alta relevância no contexto de saúde física (VIDEIRA, 2020).

Através de estratégias de regulação emocional, é possível reduzir o estado emocional negativo e, consequentemente, reduzir a vulnerabilidade dos sintomas que possa vir desestruturar o sistema emocional, evitando assim possíveis dores e patologias psicossomáticas.

Da mesma forma, Videira (2020) explica que as emoções são uma espécie de almofada entre o corpo e o mundo exterior e que se houver um défice no funcionamento do sistema emocional, o corpo é diretamente atingido por vários agressores.

A Terapia Cognitivo-comportamental

Algumas abordagens psicológicas, apresentam como forma de tratamento, técnicas e estratégias que visam ajudar o indivíduo e ter um melhor controle e equilíbrio de suas emoções. Com isso, a Terapia Cognitivo-comportamental tem como ferramenta a psicoeducação, que consiste em ensinar o paciente a como lidar com as suas emoções.

Quando aprendemos a identificar nossos pensamentos, avaliando-os de forma a verificar se esse são de fato verdadeiros ou não, nós podemos modificar as nossas emoções e com isso nos comportamos de forma mais assertiva.

Isso acontece pelo fato das nossas emoções estarem ligadas diretamente aos nossos pensamentos, ou seja, ao trabalharmos na avaliação dos nosso pensamentos negativos ou disfuncionais, podemos regular as nossas emoções e, consequentemente, melhorar a nossa qualidade de vida, mantendo mente e corpo saudáveis. 

Nesse sentido, a psicologia, em suas diversas abordagens teóricas, ressaltam sobre a importância do autoconhecimento e de um olhar mais atento à saúde mental.

Referências:

  1. BROTTO, Thaiana. É tudo psicológico?. São Paulo, 2018. Disponível em: https://www.psicologoeterapia.com.br/psicologo-ajuda-emocional/e-tudo-psicologico/. Acesso em: 26 maio 2021.
  2. MASSUDA, Sabrina. A PSICOSSOMÁTICA E O ESTRESSE NA ATUALIDADE. Campo Grande, 27 set. 2020. Disponível em: http://revistabrilliantmind.com.br/index.php/rcmbm/article/view/7/4. Acesso em: 26 maio 2021.
  3. SOUZA, Felipe. O frio é psicológico? O Psicólogo responde. [S. l.], 2013. Disponível em: https://www.psicologiamsn.com/2013/05/o-frio-e-psicologico-o-psicologo-responde.html. Acesso em: 26 maio 2021.
  4. VIDEIRA, Bárbara Maria Peres. EMOÇÕES E DOENÇAS ORGÂNICAS. [S. l.], Julho de 2020 2020. Disponível em: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/94492/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20de%20mestrado%20-%20B%c3%a1rbara%20Videira%20%282015260056%29.pdf. Acesso em: 26 maio 2021.