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Gaslighting nos relacionamentos abusivos: a violência silenciosa

O que significa o termo Gastlighing e da onde surgiu?

Gaslighting é uma das formas de violência psicológica mais utilizada pelo agressor em relacionamentos abusivos. O termo surgiu da peça teatral “Gas Light” de 1938, que depois foi adaptada ao cinema em 1944, onde o marido tenta manipular sua esposa apagando e ascendendo as luzes da casa do casal, que eram movidas à gás, fazendo com que a mesma pensasse que enlouqueceu.   

Esse tipo de violência psicológica é muito frequente, mas pouco detectada por quem está sendo manipulado. A palavra traduz uma violência psicológica típica de relacionamentos tóxicos, em que o abusador distorce, mente e manipula a vítima até ela achar que enlouqueceu e está errada. Geralmente, quem manipula emocionalmente tende a desvalorizar, diminuir e confundir os sentimentos do outro.

Entendendo o que é a violência psicológica

A violência contra a mulher não é só física. A Lei Maria da Penha (Lei nº11.340/2006) classifica os tipos de abuso contra a mulher nas seguintes categorias:

Essas últimas são as formas de violência menos visíveis e por isso difíceis de serem detectadas. A legislação considera como violência psicológica qualquer conduta que cause à mulher dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. 

Tal ato de violência pode ocorrer mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir.

Já a violência moral é entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. São ações que criam um ambiente de medo e insegurança e de incapacidade de tomar decisões sobre a própria vida, inclusive de se defender e sair desse relacionamento abusivo

Como o Gaslighting acontece

O abusador tenta colocar a vítima contra as pessoas. Inventa coisas sobre seus amigos e sua família para que cada vez mais ela se afaste deles com o objetivo de isolá-la socialmente. Ele, por sua vez, segue sua vida normalmente com os amigos e familiares.

Falas como: “você está exagerando”, “está imaginando coisas” ou “você está enlouquecendo” são muito utilizadas nesse contexto pelo agressor. A repetição de uma ideia acaba construindo uma crença e diminui a capacidade de autopercepção da vítima e ela acaba acreditando naquelas afirmações. A sensação é de que está realmente enlouquecendo. O objetivo do abusador é ganhar poder e controle sobre as vítimas.

Outra característica do abusador que utiliza gaslighting é ter uma reação de “morde e assopra”. Quando a pessoa abusada o confronta, ele se comporta de forma pacífica, fazendo vários agrados à vítima. Isso acaba gerando uma confusão e insegurança na pessoa abusada. Por estar envolvida emocionalmente, alimenta a esperança de que o parceiro irá mudar. Ele sabe disso e exatamente por esse motivo se comporta assim.

Vale ressaltar que estatisticamente as mulheres são vítimas de gaslighting em relacionamentos amorosos com os homens, mas isso não é exclusividade. Essa manipulação cruel pode ocorrer na convivência familiar, no trabalho e nas amizades. Além disso, ela não é exclusiva a um gênero.

Sinais que irão auxiliar a identificar o gaslighting

É muito importante prestar atenção nos sinais, é necessário prestar atenção se dúvidas, medos e maus sentimentos passam a fazer parte do dia a dia com mais frequência, tais como:

Como devo agir se eu identificar os sinais de gaslighting?

 

Daniela Trajano Alvim Vieira – Psicóloga 

 

Referências bibliográficas:

Livro: O Fenômeno Gaslighting, de Stephanie Moulton Sarkis.

Livro: A Louca Não Sou Eu, de Beatriz Manfredini e Giulianna Muneratto.

Lei Maria da Penha – LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006