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Mindfulness e a regulação emocional

O que é Mindfulness?

Mindfulness ou atenção plena se trata de um estado mental específico. Relaciona-se com a capacidade de manter:

Um dos objetivos é manter o foco, como também a flexibilidade, observando as sensações corporais, os sentimentos, as emoções e o fluxo de pensamento, mas sem se envolver, praticando realmente a observação. 

O mindfulness é uma técnica de meditação muito conhecida e utilizada em todo o mundo. A Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) se utiliza cada vez mais dessa técnica, e deste modo as possibilidades da terapia se ampliam quando se incorpora a atenção plena. Torna-se importante, por exemplo, quando se busca a aceitação de emoções intensas ou de eventos passados que impactam nossas vidas. 

Quais os benefícios do midfulness?

Os benefícios do Mindfulness vão muito além dos citados, podendo ser destacada também a clareza de percepção, que é uma consequência da prática. Assim como a disposição para aceitar a realidade presente da forma como ela é. Esses benefícios surgem ao longo do processo, a partir da mudança de perspectiva que é possível alcançar e que é cultivada dia após dia quando se pratica a atenção plena.

Benefícios quanto à regulação emocional

Muitas vezes temos a tendência de temer algumas emoções, principalmente aquelas que são muito intensas, quando demonstram fragilidade ou despertam uma sensação de impotência. Assim, é comum tentar evitá-las, fugir, esquivar-se de qualquer situação ou pessoa que possam levar a essas emoções.

Isso ocorre quando não se entende as emoções, o que são e como funcionam. Surge a crença de que as emoções são insuportáveis, duram para sempre e que não é possível controlar. Enquanto na realidade, as emoções duram apenas por um tempo limitado, saber disso já as torna mais suportáveis, assim como, entender suas origens e funções.

Experimentá-las permite conhecê-las e também aprender formas de regular essas emoções.

O benefício do Mindfulness está no fato de ser um espaço para observar, experimentar as emoções por completo, não controlar ou suprimir, mas observá-las. Permite manter-se em contato com o presente, sem se envolver de forma que a emoção domine. Buscando experimentá-las como uma onda, observando quando surgem e também quando terminam. 

Experimentar e regular as emoções 

Ao praticar a atenção plena (mindfulness), buscamos simplesmente observar o fluxo da consciência, as sensações e emoções, sem julgar, descrever ou avaliar. Buscamos nos tornar conscientes, entender o que se passa, mas sem envolvimento, sem deixar, por exemplo, a mente se perder em um pensamento. 

De modo geral, quando tentamos suprimir emoções, sentimentos, pensamentos e qualquer ocorrência mental, com frequência eles se intensificam e aparecem mais repetidamente na consciência. Isso significa que quanto mais se tenta eliminar uma emoção intensa, mais forte e evidente ela se torna.

As práticas de Mindfulness são efetivas em auxiliar as pessoas a lidar com emoções difíceis, por não tentar suprimi-las ou modificá-las. O principal objetivo é buscar um contato profundo com a existência presente. A psicoterapia associada ao Mindfulness pode proporcionar uma nova forma de encarar as emoções, que facilitará o dia a dia, os relacionamentos e poderá proporcionar novas experiências.   

Como começar a praticar Mindfulness? Pela respiração

Após entender o que é o mindfulness, seus benefícios e como a relação com nossas emoções pode mudar a partir da utilização dessas práticas, como ou por onde começar? 

O início e nosso primeiro foco é a respiração, algo que está presente a todo o momento. Ela funciona como uma âncora, sendo uma conexão com o presente. Quando conscientemente, focamos a atenção na respiração, estamos cultivando presença. Observe o fluxo natural da respiração, a sensação de inspirar e expirar. 

A respiração é como um ciclo, começa, termina e recomeça. Quando o foco da atenção é a respiração, o foco também é o presente. Então para começar, dedique alguns minutos, comece com cinco ou dez minutos por dia, vá aumentando progressivamente, nesse tempo apenas observe sua respiração, cada inspirar e expirar.  

E quando a mente divagar?

Uma questão e dúvida que surge é: como vou controlar e impedir que minha mente divague? 

O objetivo não é controlar ou impedir que a mente divague. Isso acontece naturalmente, mas quando ocorrer, apenas observe o que quer que esteja acontecendo. Observe seus pensamentos, sentimentos, emoções e retorne a atenção para a respiração, esse é o foco. Esse é o início para praticar Mindfulness. 

Através da prática aprende-se que não somos o que pensamos ou sentimos, isso não nos controla. Podemos treinar a mente e escolher conscientemente qual será o foco da atenção.

Pensar em acontecimentos passados, relembrar memórias e imaginar o futuro faz parte, o prejuízo surge quando só se faz isso. É comum nos tornarmos ansiosos ou totalmente desconectados, esquecendo do agora, de viver o que está acontecendo. Por isso é importante treinar a mente para focar no presente.

Quando começar e o que pode facilitar?

Vamos começar a praticar Mindfulness? Vamos começar a treinar nossa mente para focar no presente? O que você acha de experimentar e buscar desenvolver uma nova relação com suas emoções? A prática proposta pode ser realizada a qualquer momento, por exemplo, quando parecer que é muito difícil lidar com uma emoção.

Lembre-se de dedicar alguns minutos de seus dias para treinar essa habilidade, assim ela se torna uma ferramenta que poderá ser acessada em momentos difíceis.  

Se você quer começar a praticar atenção plena e se quer aliar o Mindfulness com a psicoterapia, saiba que esses processos se conectam. Essa associação pode facilitar o processo, já que o profissional pode te guiar e te ajudar a desenvolver a atenção plena.

A terapia Cognitivo-comportamental (TCC) utiliza o Mindfulness cada vez mais. Se você busca atendimentos psicológicos para ajudá-lo na sua relação com as emoções, saiba que, sim, o processo terapêutico pode ajudar você.  

Bianca Natielly de OliveiraPsicóloga 

CRP-04/62342

Referências Bibliográficas:

  1. LEAHY, Robert L; TIRCH, Dennis; NAPOLITANO, Lisa A. Regulação Emocional em Psicoterapia: Um guia para o terapeuta cognitivo-comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2013. 331 p.
  2. PIRES, Jeferson Gervasio et al. Evidência de Validade da Medida de Atenção Plena pela Relação com Outras Variáveis. Psico-USF,  Campinas,  v. 23, n. 3, p. 513-526,  jul.  2018. Disponível em: <http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712018000300513&lng=pt&nrm=iso>.Acesso em  02  jun.  2021.  https://doi.org/10.1590/1413-82712018230310.