
Violência Doméstica – Uma reflexão sobre o caso Domingas e Juca
Algumas obras de ficção cumprem a finalidade de trazer a discussão de temas importantes para a sociedade como a violência doméstica.
Um dos temas discutidos na novela global, assistida por milhões de pessoas no horário das 9 h trata da violência doméstica vivida pela personagem Domingas, mulher simples que é casada com um homem rude que a maltrata, humilha, explora e agride fisicamente. Por mais absurdas que sejam as agressões, a mulher se submete a elas e até implora para que ele não a abandone, aceitando os maiores sofrimentos.
A pergunta óbvia é por quê ela suporta tudo isto, e continua cedendo às suas chantagens, mesmo depois de separada dele e vivendo outro relacionamento? O que leva uma pessoa a tanta humilhação, sofrimento e passividade?
Será que a violência doméstica acontece na vida real?
A resposta é sim! Acontece muito frequentemente, e a maioria das pessoas é capaz de identificar dentre os seus familiares, amigos e conhecidos algum casal que funciona mais ou menos assim. Normalmente as pessoas pensam:
Como pode alguém continuar mantendo um relacionamento onde a tônica é a desqualificação do outro, seja na intimidade ou publicamente?
Como pode alguém aceitar viver neste sofrimento sem um movimento para se libertar, entrelaçando-se cada ver mais nesta relação tóxica?
Existem algumas razões objetivas como o medo de enfrentar uma separação, dependência financeira, filhos pequenos, enfim várias razões importantes que têm que ser consideradas em toda tomada de decisão. Porém o que mais mantém uma situação destas é a dependência emocional e os perfis psicológicos complementares. Neste caso, estes perfis se complementam fazendo com que algoz e vítima se encaixam perfeitamente.
O que faz com que uma pessoa tenha uma personalidade submissa ou dominadora?
Quando a personalidade está se formando, ainda na primeira infância, muitas crenças são introduzidas na estrutura psíquica da pessoa, e estas crenças são absorvidas de acordo com padrões do temperamento do indivíduo.
O resultado é o que pode ser chamado de estrutura da personalidade, e o caráter é a forma como esta personalidade se manifesta na vida da pessoa e nas suas relações com o mundo.
Resumindo: temperamento (inato) + primeiras vivências e crenças absorvidas = personalidade
manifestação da personalidade nas relações com o mundo = caráter
As crenças principais de uma pessoa são normalmente muito arraigadas na sua personalidade, e elas fazem com que ele tenha na sua vida um repertório de ações limitado e repetitivo.
Como isto acontece?
Se uma pessoa que acredita fortemente que não é merecedora de amor, que é incompetente na vida e que precisa de um marido/mulher para que possa sobreviver provavelmente desenvolverá uma personalidade submissa e extremamente tolerante.
Se uma pessoa que acredita fortemente que só se consegue respeito pela força e violência, que o seu espaço só existirá se ele for superior às pessoas com que ele se relaciona, provavelmente desenvolverá uma personalidade dominadora e agressiva.
Como uma pessoa pode mudar este padrão de comportamento?
Estas peças complementares muitas vezes se atraem para formar um todo estável, perpetuando o relacionamento tóxico sem que nenhuma das partes consiga se libertar, até que possa haver uma conscientização do processo que leva as pessoas a esta situação.
A partir desta consciência o indivíduo pode rever e reestruturar suas crenças, e voluntariamente mudar a forma como leva a vida, escolhendo um caminho diferente e reescrevendo sua história, com toda autonomia para mudar o enredo.
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