Querido Trabalho Duro #1: Work Horror Story

Querido Trabalho Duro #1: Work Horror Story

Cada pessoa tem suas preferências, algumas preferem escutar histórias, outras, preferem ler. Nesse caso, queremos ampliar o acesso de todos e todas ao podcast que desafiará seu olhar sobre o mundo do trabalho. Vamos lá?

Imagine só a seguinte situação: você acorda, toma seu café da manhã, se prepara para ir trabalhar. Chegando lá, você não pode nem ir ao banheiro.

Pois é, essa é nossa história de hoje do seu podcast sobre saúde no ambiente de trabalho: o Querido Trabalho Duro. Fica comigo até o final para conferir as dicas dos especialistas em saúde!

Olá, meu nome é Fernanda Lima. Eu sou Analista de Marketing do Grupo Conexa, e este é o podcast Querido Trabalho Duro, um espaço para compartilhar histórias de firma que vão te fazer pensar sobre saúde no ambiente de trabalho — e às vezes vão te indignar, pode confiar!

Mas calma! No final de cada episódio, eu vou convidar profissionais que vão propor soluções para melhorar o clima organizacional. Então, fica comigo até o fim! Vamos lá?

Como funciona nosso podcast sobre saúde no trabalho com relatos reais? 

Gente, imagina só se isso acontecesse com você, se você estivesse em um lugar trabalhando por oito horas e sem poder ir ao banheiro? O que você faria? Já imaginou o clima nessa empresa? 

Lembrando que todas as histórias narradas neste podcast são baseadas em fatos reais. Ou seja, pedimos aos queridos trabalhadores deste nosso Brasil para enviar histórias no mínimo 

estranhas — e tem coisa estranha nesse mundo do trabalho, viu, gente — que aconteceram com eles em algum momento de suas carreiras. 

A nossa personagem do Work Horror Story: conheça a Marina 

Vou chamar nossa querida trabalhadora de Marina — aqui, sempre mudaremos os nomes das personagens e nunca mencionaremos os nomes das empresas para manter a integridade dos dois, tá? Segura a curiosidade aí. 

Bom, o ano era 2017, beeem antes da pandemia e a Marina, no auge dos seus 

18 anos, havia conseguido seu primeiro emprego mais estável! 

Primeiro emprego gera aquela animação, né, gente? Vontade de comprar umas blusinhas, fazer a primeira tatuagem, ajudar a família… a gente espera muita coisa boa. 

A Marina estava lá, bastante empolgada com essa primeira experiência, e eu preciso compartilhar com vocês o porquê. 

As vivências profissionais anteriores dela tinham sido em buffets de festa infantil. Apesar de muito divertidas, são jornadas bastante cansativas, né. Além disso, a Marina não tinha salário nem dias de trabalho fixos, ou seja, era aquela falta de previsão que acaba deixando a gente estressada. Assim não dá pra planejar as blusinhas e as tattoos do próximo mês. Já pensou? 

Então, quando a oportunidade de trabalhar em um quiosque de produtos de piscina chegou para a Marina, ela ficou maravilhada, gente! Era uma proposta muito boa. Ela passou por um processo de avaliação e foi aprovadíssima, olha que coisa boa. 

 

As terríveis condições de um primeiro emprego: saiba como a Marina trabalhava 

Marina chegou no quiosque com a animação lá em cima! Ela começou a trabalhar, tranquila. Piscina vai, piscina vem, boias pra cá, espaguetes pra lá… aquela vontade de curtir um solzinho… e Marina muito feliz. 

O problema veio quando a vontade de ir ao banheiro apertou, ela percebeu que não teria como ir pelas próximas OITO HORAS DE TRABALHO, porque o quiosque não tinha banheiro. Simplesmente não tinha banheiro. 

Gente, e olha só: ela ficou lá por algum tempo, viu? E me contou ainda que, nos primeiros dias, considerou a situação “normal”, fácil de lidar… isso porque ela ia ao banheiro antes de pegar o trabalho, lá para as 6 horas da manhã e depois quando ia pro cursinho pré-vestibular às 7, 7:30 da noite. 

Gente!!! Isso são 11 horas sem poder ir ao banheiro, como pode uma coisa dessas? E o pior, né. Marina pensando em água, piscina, o dia inteiro… imagina o sofrimento! Eu não consigo imaginar ter que passar 4 horas, quem dirá 8 sem ir ao banheiro, já que eu particularmente carrego uma garrafinha comigo em todos os momentos para me manter bem hidratada. Hidratação é tudo, viu, gente? 

A Marina começou a fazer o contrário, foi parando aos poucos de beber água, pois começou a sentir dores quando prendia a bexiga por muito tempo. A pior parte é que o quiosque era afastado de outros comércios e Marina não conhecia ninguém das lojas ao lado pudesse ajudá-la, de repente cuidando do quiosque por ela por uns minutinhos. Ela era novata e estava muito nervosa por ser seu primeiro emprego formal. Eu imagino a ansiedade que a Marina deve ter sentido. E segurar a bexiga nunca é legal, a gente sabe. Olha o perigo dessa situação… 

Faltou orientação por parte dos patrões de Marina, vamos combinar. 

Quando ela sentia muita vontade, acabava indo até o depósito que ficava nos fundos do quiosque e fazia xixi em uma garrafa pet, guardava para jogar fora depois de seu expediente. Ai Marina, que dó, era uma situação completamente insalubre, hem. 

Eu gostaria de poder dizer que essa era a única condição de trabalho precária do primeiro emprego da Marina, mas infelizmente, não era. 

Nem ir ao banheiro, nem se alimentar direito, como pode isso?  

Além de não ter como ir ao banheiro, não tinha uma copa ou cozinha para Marina almoçar. Tinha até um aparelho para aquecer marmitas, mas ele demorava muito e ela acabava tendo que comer em sua mesa enquanto trabalhava. E fica pior, como era um quiosque, as pessoas apareciam em qualquer momento, certo? Se ela estivesse almoçando, ela guardava a marmita rápido para que o cliente não percebesse que ela estava comendo. Não tinha essa de horário de almoço, porque Marina ficava sozinha na loja. 

Ai, gente, nem sei o que dizer desse empregador… Só sei o que eu sinto por essas situações: muita indignação! 

Por fim, A Marina viveu dessa forma: prendendo xixi, indo no depósito, almoçando em sua mesa e escondendo a marmita por 11 MESES. É, 11 MESES… Eu imagino que rolava aquele medo de largar o primeiro emprego, de sentir que fracassou. A gente sabe que não é bem assim que as coisas funcionam, mas quando a gente vive uma situação desagradável nem sempre enxergamos a realidade com clareza… eu tre entendo, Marina! 

Finalmente depois desse período, ela resolveu sair e se dedicar aos estudos. 

Finalmente: um final feliz para a Marina e sua Work Horror Story 

Como nem tudo é tragédia nessa Work Horror Story, a Marina me contou que quando ela conseguiu um segundo emprego e encontrou o banheiro e microondas para esquentar sua marmita, ela ficou MUITO FELIZ! Que foi uma sensação maravilhosa. 

Marina, eu torço pra que você esteja crescendo na sua carreira e tendo um super sucesso profissional. Desejo muita saúde pra sua bexiga que já sofreu tanto, e muita comida boa nesse almoço. 

Marina, muito obrigada por ter partilhado uma parte da sua história conosco. 

Que barra tudo isso que ela passou, né? Mas quais as complicações que isso pode trazer para a saúde? É a hora da gente chamar os nossos convidados especiais! 

 

Confira as dúvidas que os especialistas em saúde tem para você após essa história! Eles são o Gabriel Garcez, diretor Médico da Conexa, e a Psicóloga Luciente Donato, que atua na Psicologia Viva. 

Fernanda: Bom, primeiro eu queria saber do Gabriel Garcez. O que pode acontecer com a nossa saúde se a gente ficar tantas horas sem fazer o xixi? Aliás, quantas horas, no máximo, a gente pode segurar o xixi? 

 

Gabriel Garcez: Olha a retenção urinária, ela pode levar a infecção urinária pela estase da urina na bexiga, aumenta os riscos das pedras no sistema urinário como um todo. E ao longo prazo pode levar até uma incontinência urinária: o relaxamento do esfíncter e a incapacidade de segurar a urina. Então a pessoa tem perdas urinárias de forma recorrente.  

Fernanda: Importante lembrar que nunca iremos fazer diagnósticos fora dos consultórios virtuais da Psicologia Viva e da Conexa, mas você acredita Grabriel que as dores que a Marina sentiu poderiam ser indícios de uma doença mais grave?  

Gabriel Garcez: De fato, é difícil a gente dizer somente pela história, o que pode estar acontecendo com a Marina, mas algumas hipóteses podem vir a cabeça. Uma delas é justamente a formação de pedras nas vias urinárias.  

A pessoa que segura e retêm muito a urina, pode formar pedras nas vias urinárias e isso dá dor no momento de eliminar essas pedras. Outra possibilidade é a infecção urinária, cistite, infecção urinária baixa, que é quando você tem uma estase urinária na bexiga e isso pode causar dor no baixo ventre quando dor ao urinar.  

Fernanda: Mas não são só complicações no nosso corpo físico, né? Luciene, o que essas situações de estresse podem gerar no futuro? Ainda mais sendo uma primeira experiência profissional… 

Luciene Donato: Fernanda, você tocou num ponto muito importante, o estresse, assim como qualquer outra emoção em até certo nível é saudável e necessário à nossa sobrevivência, porque, por exemplo, em uma situação de perigo, é ele que vai nos deixar em alerta e prontos para a gente tomar a atitude. 

Agora o problema surge quando ele atinge níveis elevados. E aí já estamos falando do distresse ou estresse excessivo. Ele pode causar tantos sintomas físicos quanto psicológicos. 

Gabriel Garcez: De fato, , ter um nível de estresse é basal no dia a dia natural, mas quando ele passa de um limite, aquilo ali começa a dar repercussões clínicas para a pessoa. Aquele estresse começa a dar repercussões clínicas para a pessoa. Pode se manifestar por meio da quietude, por exemplo. A síndrome das pernas inquietas, dificuldade para dormir, pesadelos a sonolência ao longo do dia, aquela sensação de desanimo, sensação de falta de ar, taquicardia, por exemplo, que é quando o coração começa a bater mais forte.  

Tudo isso são sintomas de que o nível de estresse pode estar além do desejável. E é importante, então, nesses casos, parar e avaliar um pouco sobre a rotina daquela pessoa ou sobre os gatilhos que estão levando aquela pessoa a ter esse essa síndrome é é que afeta a parte clínica da pessoa. 

Luciene Donato: Acho importante a gente destacar que isso vai variar de pessoa para pessoa, não é? Então precisa mesmo a gente prestar atenção desse excesso que o nosso organismo acaba tendo que enfrentar diante de momentos estressantes, né? Em níveis que que cheguem aí a sinalizar que está sendo excessivo, que está sendo próximo do insuportável. 

Fernanda: Luciene e Gabriel, o que a empresa, nesse caso, quiosque, poderia ter feito, e deveria fazer para melhorar as condições de trabalho da Marina e dos outros colaboradores?  

Luciene: O quiosque poderia ter certamente estruturado melhor esse ambiente de trabalho para que a Marina não se colocasse é em situações de risco, como nesse período tão longo, em que ela se submeteu a não dar vazão às suas necessidades fisiológicas. Isso claramente a submete ao estresse a um processo até mesmo de ansiedade e, com certeza, impactou diretamente no desempenho de suas funções ali. 

Gabriel Garcez: O ideal é que todo o ambiente de trabalho tenha, pelo menos um banheiro para que os colaboradores possam frequentar. Usar de forma recorrente e por livre demanda. Mas na impossibilidade de ter um banheiro ali local, algumas opções são fazer parcerias com outros estabelecimentos vizinhos, conversar coma loja ao lado do quiosque ao lado ter algum tipo de parceria. 

O principal aqui é estabelecer pausas frequentes para que esses colaboradores possam parar o trabalho e então ir ao banheiro para urinar, para fazer as necessidades do dia a dia. O que não pode é o colaborador ficar 8 horas, 9 horas sem poder ao banheiro, porque isso traz repercussões clínicas importantes. 

Fernanda: Qual é a lição que fica dessa história?  

Luciene Donato: Bom, Fernanda, nossa recomendação é no sentido de que se mantenha um bom ambiente de trabalho. Diferentemente do que ocorreu no quiosque em que a Marina trabalhava, porque a qualidade do local de trabalho ela influencia no desempenho dos colaboradores, né? E, por consequência, na produtividade. Afinal, trabalhadores mais felizes geram maiores lucros para a empresa. 

Gabriel Garcez: Olha uma coisa que é, eu posso deixar de mensagem aqui é que as empresas tentem cada vez mais disseminar um ambiente de segurança psicológica. Ninguém melhor do que o próprio colaborador sabe as necessidades que eles sentem no dia a dia. Por isso, é necessário que o ambiente seja psicologicamente seguro para que esses colaboradores possam trazer essas informações, seja para o seu gestor, seja para a área de gente da empresa. 

Isso é muito importante, porque é só assim que as empresas conseguem identificar os problemas, os focos de problemas que são potencialmente problemas de saúde mental e então corrigi-los a fim de manter um ambiente de trabalho saudável e com segurança psicológica e para todos. 

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