Transtorno bipolar e mau humor: como diferenciar?

Transtorno bipolar ou mau humor a imagem de uma mulher sorrindo e outra deprimida.
Transtorno bipolar e mau humor: como diferenciar?

Os transtornos do humor estão aparecendo com maior frequência a cada dia que passa. A vida moderna, repleta de tanta tecnologia que nos sobrecarrega ao invés de nos ajudar, tem tornado tudo mais estressante. Com isso, vem o mau humor constante, com pensamentos negativos e a irritação nos acompanhando durante o dia. Porém, essas situações são diferentes de uma doença mais séria: o transtorno bipolar.

Apesar de ser constantemente abordado em redes sociais, websites informativos e blogs, o estigma social e a falta de consciência do público continuam a pautar a maioria dos pensamentos em relação ao Transtorno Bipolar.

No Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas sofrem com pelo menos um dos vários tipos de bipolaridade, o que representa pouco menos de 1% da população, de acordo com o Ministério da Saúde. Contudo, é notório que este tema ainda é um tabu.

Mas qual é a diferença entre eles? Por que são fáceis de serem confundidos? Vamos mostrar agora os conceitos de cada um e os principais sintomas.

O que é o mau humor?

Todo mundo já acordou com o pé esquerdo, não é mesmo? Nesses dias, nada está bom o suficiente e ficamos sempre no limite de explodir a qualquer comentário ou crítica que não nos agrade. Ter esse sentimento de vez em quando caracteriza o que definimos como mau humor. Ele pode acontecer ocasionalmente e está diretamente ligado a nossa capacidade de resiliência aos estímulos estressantes do dia a dia.

Sintomas

O mau humor costuma acontecer de forma pontual, ou seja, não é muito frequente e, normalmente, é desencadeado por algum acontecimento ruim no seu dia. Ele pode ser o sintoma de alguma doença psiquiátrica e afetar consideravelmente a sua vida e saúde quando surge com certa regularidade. Veja alguns sinais e sintomas de quem não está num dia bom:

Apesar de muita gente achar que as principais causas do mau humor são simplesmente os acontecimentos do dia (o ônibus atrasado, o café quente no vestido ou a enxaqueca inesperada), é bom saber que eles só representam 10%. A genética tem 50% de culpa no cartório e a forma como nós nos comportamos diante de um problema representa 40% das causas. Ou seja, manter o otimismo e não se deixar abater é muito mais impactante em seu bem-estar do que a situação em si. O mau humor crônico é chamado de distimia.

O que é o transtorno bipolar?

Como o próprio nome diz, o transtorno bipolar caracteriza-se por apresentar uma oscilação de humor que varia entre dois polos. Ou a pessoa está extremamente agitada ou extremamente apática

Os sintomas vão além da alternar alegria e tristeza de forma normal, como acontece com todos nós. É uma doença psiquiátrica onde há uma disfunção biológica, com taxas de neurotransmissores que oscilam entre altas e baixas, que podem nem mesmo precisar de um fator externo para desencadear um dos pólos do transtorno.

A origem da bipolaridade não é totalmente conhecida pelos médicos. Sabe-se que fatores genéticos e biológicos têm um papel determinante no desenvolvimento da doença, mas o estilo de vida, e contexto familiar também podem influenciar seu desenvolvimento.

Infelizmente, quando não é tratada, a perturbação bipolar pode ter consequências severas para os seus portadores, incluindo suícidio – que, para os portadores do transtorno é 20 vezes mais provável de acontecer.

O dado mais assustador, no entanto, é que o diagnóstico da bipolaridade pode demorar até 10 anos a ser concluído.

Parte da dificuldade em diagnosticar alguém sofrendo com o transtorno bipolar é o fato de que ele incorre em alterações profundas de humor, que podem variar entre episódios de depressão (com tristeza e desespero) e episódios de “mania”, que levam a pessoa a um estado eufórico, acelerado ou até irritável – características também comuns em outros distúrbios psiquiátricos.

Por tudo isto, é extremamente importante que todos percebamos a importância de entender melhor esta condição e assim, eliminar o estigma que a rodeia.

Sintomas

Se você conhece alguém com essa doença, vai perceber que ela passa por fases, períodos em que a pessoa se encontra eufórica como se estivesse extremamente feliz ou muito irritada e, em outros, está completamente depressiva e taciturna, desmotivada talvez até para sair de casa.

Por exemplo, uma das faces da mania é muito fácil de ser confundida com o mau humor. A pessoa fica com o “pavio curto”, torna-se extremamente grosseira por qualquer motivo e pode externar esse sentimento verbalizando ou por meio de agressões físicas. Também há uma dificuldade para dormir por conta do elevado nível de agitação.

Na fase de depressão é totalmente o oposto. A tristeza que o indivíduo sente é tão profunda que ele não tem vontade de comer e pode passar dias e dias em casa sem ao menos tomar banho. É uma forma de depressão extrema.

Quando procurar ajuda profissional?

Qualquer transtorno do humor que esteja causando algum prejuízo na sua vida é caso de procurar um profissional. No transtorno bipolar, é essencial que seja realizado o tratamento psiquiátrico com o uso de medicações e também que haja o acompanhamento com o psicólogo.

No entanto, tal como qualquer outra doença, a perturbação bipolar pode também requerer medicação para o seu tratamento e controle.

Esta condição é crônica e inclui a ingestão de medicamentos durante muitos anos, se não mesmo para toda a vida. Estabilizadores de humor e antidepressivos são as soluções mais frequentes para quem convive com a bipolaridade – mas só funcionam se forem ingeridos de forma responsável e sem falhas.

Há um vasto conjunto de aplicações de saúde e lembretes para medicamentos nas lojas de apps que podem transformar o celular em uma importante ferramenta para quem vive com uma doença crônica, como é o caso do transtorno bipolar. A MyTherapy, desenvolvida em Munique e Varsóvia, é uma delas.

Não ter vergonha da sua condição é extremamente importante para combater o estigma e contribuir para mostrar que pessoas com transtornos psicológicos podem viver uma vida normal.

Uma orientação psicológica também é importante para todos, principalmente nos casos de inadequações que prejudicam a qualidade de vida das pessoas, ainda que não tenham sido diagnosticados com doença alguma.

Como foi dito acima, o mau humor pode ser reduzido consideravelmente pelo modo como encaramos a vida, e a psicoterapia pode ajudar a potencializar a força psíquica, trazendo mais qualidade de vida e saúde.

 Compartilhe sua experiência conosco!


Referências:

Kapczinski, Flávio, and João Quevedo. Transtorno Bipolar-: Teoria e Clínica. Artmed Editora, 2015.

Pereira, Lilian Lopes, et al. “Transtorno bipolar: reflexões sobre diagnóstico e tratamento.” Perspectiva. São Paulo 34.128 (2010): 151-166.

Psicologia Viva
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