Você já parou para pensar em quantos padrões são estipulados pela sociedade, diferenciando o que são próprios dos homens e das mulheres?
É comum sermos educados desde crianças com uma certa distinção, e ouvirmos comentários e piadas de que determinadas brincadeiras, atitudes ou objetos pertençam às meninas ou aos meninos e, mesmo que seja sem querer, acabamos sendo influenciados e induzidos ao comportamento machista.
Você já deve ter ouvido algumas das expressões a seguir:
- “Meninas devem ser emotivas, enquanto os meninos não podem chorar”;
- “Mulher fala demais” ou “fala que nem homem garoto”;
- “Meninas são estimuladas a serem limpas, boazinhas e a estarem sempre arrumadas, mas os meninos podem se sujar porque devem ser corajosos e destemidos”;
- “Somente as meninas podem ajudar nas tarefas da casa – como lavar a louça – isso não é coisa de homem. Homem tem que saber dirigir melhor”.
Só que este comportamento que incentiva os meninos a serem “valentões”, “heróis” e fortes emocionalmente e fisicamente, que repreende que eles sejam vulneráveis, sensíveis, emotivos, pacientes ou carinhosos – um exemplo é que quando crescem já não recebem mais os beijos e abraços de quando eram bebês, mas são ensinados a cumprimentarem com tapas nas costas ou apertos de mãos – pode trazer consequências graves à sociedade. Essas são atitudes que reforçam a ideia de que “mulheres são seres inferiores aos homens.”
Os próprios meninos são prejudicados, porque não desenvolverão habilidades (como: empatia, autonomia, independência) e não aprenderão que devem ter responsabilidades de autocuidado, de cuidar dos outros ou das tarefas de casa quando se tornam adultos, porque entendem que não precisam se preocupar, pois sempre terá uma mulher para fazer isso por eles – seja a mãe, a irmã, a esposa, a secretária, etc. Eles aprendem a se sentir, ser e agir de acordo com as expectativas impostas, como se a “obrigação do homem é sustentar a família”.
Só que esta crença de que os homens precisam cultivar valores de força, coragem e disputas não devem ser perpetuados e nem naturalizados pois incitam aos mais diversos tipos de violências psicológicas (relacionamentos abusivos, desigualdade de salários, etc.) e físicas, principalmente sobre as mulheres que são as que mais sofrem com este comportamento.
O que é machismo?
É a recusa de igualdade de direitos entre homens e mulheres. São opiniões e atitudes que denotam uma sobreposição do sexo masculino ao sexo feminino.
Infelizmente este comportamento vem sendo cultivado há anos, pregando uma falsa crença de que a mulher tem que “obedecer” o que homem pensa e dita, porque ele é mais poderoso e mais importante do que ela.
O papel de cuidadores e pais é transmitir os valores para as crianças desde cedo e descontruir esta realidade para que as crianças sejam estimuladas a desenvolver autoconfiança, contribuindo para um mundo mais justo, igualitário e menos violento.
Como falar sobre machismo para as crianças?
Informação, comunicação e demonstração.
Você já refletiu sobre quais comportamentos estão sendo transmitidos em casa? Há outras formas de preconceito ou discriminação que estão sendo disseminados, como: racismo, “bullying” ou lgbtfobia?
Como você trata sua esposa, sua filha e sua mãe pode influenciar a maneira como os filhos tratam as outras pessoas, principalmente as mulheres.
O primeiro ponto é não aceitar mais atitudes preconceituosas como justificativas. Não é saudável, não é brincadeirinha e muito menos natural ofender, magoar e desrespeitar as pessoas.
E sempre há tempo de agir diferente.
Avalie quais são suas referências masculinas e femininas, quais qualidades você admira nelas e que tipo de influência elas podem causar na sua vida e no seu comportamento. Quais filmes, livros e desenhos você está mostrando para as crianças?
Mais do que falar é imprescindível também mostrar como ir exterminando este preconceito.
É primordial mostrar às crianças, que devemos tratar todas as pessoas com respeito. E, que deve haver igualdade, independente se biologicamente for menino ou menina, todos devem ter direitos, oportunidades, acessos a serviços, atribuições e habilidades iguais.
Mostre para as crianças que elas devem ter cuidados, como por exemplo: ajudar na organização e na limpeza da casa, que as tarefas podem ser dividas e que elas podem arrumar suas camas, seus lanches e que elas são livres para escolher com quem e com o que querem brincar.
Isso não vai interferir ou afetar na masculinidade ou feminilidade das crianças, pelo contrário, auxiliará no desenvolvimento do caráter deles contribuindo para que se tornem adultos maduros com responsabilidades afetivas.
Diariamente as crianças se deparam com situações machistas e vão formando seus conceitos. O ideal é aproveitar estes momentos para falar sobre o assunto:
- Se a criança falar mal de uma colega dizendo, por exemplo, que “isso não é coisa de menina”, questione o que ele entende o que pode ser de menino e de menina e como aprendeu isso;
- Quando estão assistindo a um filme, por exemplo, em que a personagem é uma mulher exercendo um cargo de chefia, é possível orientar que as meninas devem ser estimuladas a serem fortes e que podem lutar pelo o que querem e desejam;
- Se você estiver se sentindo triste com a perda de um ente querido, demonstre seus sentimentos. Se sentir vontade de chorar, chore na frente dos seus filhos e ensine que meninos podem demonstrar suas emoções, além de como é importante eles saberem identificar o que sentem, porque é natural sentir medo, frustração, tristeza, nojo, raiva e tantas outras emoções;
- Dê você o exemplo: fale que ama seus filhos.
Mesmo que o machismo esteja ainda arraigado, que esteja sutilmente presente em nossas vidas, ainda temos um caminho longo para extinguir esse padrão de comportamento. Quando necessário for, não podemos nos eximir da responsabilidade de exercer a cidadania e temos que nos posicionar e nos empoderar acerca do assunto.
Estar munido de informação será sempre o melhor caminho para combater qualquer tipo de preconceito. Atualmente é possível encontrar na internet muito material para conscientização sobre o assunto.
Deixo a seguir uma sugestão de filme que talvez você possa se interessar:
Histórias Cruzadas (2011). Drama/Romance, 2h 26m.
Eu realmente espero que este conteúdo seja útil.
Referências
- http://primeirainfancia.org.br/wp-content/uploads/2015/03/1-por_ser_menina_resumoexecutivo2014.pdf
- Luiz Eduardo Alcantara – guardiões do Brotherhood Brasil
Você está vivenciando questões relacionadas a um trauma, ao sofrimento, à ansiedade ou mudanças na vida?
Chega um momento em que é necessária a ajuda de um profissional para lidar com os desafios da vida.
Eu me chamo Andreza Scatena Dan.
Trabalho com a Terapia Cognitivo-comportamental, atendendo diversas demandas, dentre algumas: transtornos alimentares (compulsão alimentar/emagrecimento, bulimia e etc), Ansiedade, Insônia e Transtorno Bipolar.
Atendo pré-adolescentes, adolescentes, jovens adultos e adultos.
O meu objetivo é trabalhar com você a busca incessante pelo seu autoconhecimento e através da psicoeducação, que você consiga lidar com seus problemas e superá-los.
Tudo o que você me disser ficará somente entre nós, respeitando o compromisso ético e sigiloso.
Pronto, agora que eu me apresentei, aproveita a oportunidade e diga-me o que lhe traz até aqui.
E conte comigo.
A boa notícia é que há esperança.
Um abraço.
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