Qualidade de vida no trabalho: onde investir para alcançar o bem-estar

Qualidade de vida no trabalho: onde investir para alcançar o bem-estar

Os desafios e necessidades atuais do mundo do trabalho

Passamos a maior parte de nosso dia envolvidos com o nosso trabalho e as atividades que desenvolvemos para garantir o nosso sustento. Em nossa sociedade, o trabalho ocupa uma importante centralidade e é responsável pela estruturação de nossa vida, fornecendo os meios de garantia de nossa subsistência.

Além disso, o trabalho nos proporciona reconhecimento ou um local de status diante dos grupos sociais que frequentamos. Assim, o trabalho é capaz de nos proporcionar imensas conquistas, momentos de união coletiva, possibilidade de exercer a nossa criatividade, de nos desafiar e ajudar a contribuir ou atuar sobre o mundo. Tudo isso é aquilo de mais positivo, aquilo que nos mobiliza no mundo do trabalho e nos faz pensar na importância de alcançarmos nossos sonhos e objetivos a partir da nossa produtividade.

No entanto, o mundo está em constante processo de mudanças e o trabalho nem sempre corresponde às nossas expectativas. Por vezes, pode ser causa de adoecimento, sofrimento e profunda frustração, limitando nossas possibilidades de bem-estar. Dependendo da realidade em que estamos e das nossas necessidades, não estamos inseridos no trabalho que gostaríamos, mas naquele que podemos ter.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a preocupação com as condições causadoras de estresse e a necessidade de promoção à saúde são grandes desafios coletivos para os próximos anos. A má notícia é que estudos em psicologia deixam claro que o sofrimento, o estresse e as experiências que proporcionam o mal-estar são indissociáveis do trabalho.

É impossível evitarmos condições desafiantes e desagradáveis durante a vida em qualquer contexto social que frequentarmos. Por isso, não será no contexto de trabalho, onde passamos a maior parte do tempo de nossa vida produtiva e adulta, que condições como essa deixem de existir.

A boa notícia é que, mesmo sendo um trabalho coletivo, melhorias são possíveis e, dependendo das condições de seu contexto de trabalho, boa parte da promoção de bem-estar, pode ser um investimento pessoal realizado por você mesmo.

Qualidade de vida no trabalho: o que é e o que pode fazer

O mundo do trabalho mudou. Inovações no campo das tecnologias da informação e comunicação, modelos de gestão cada vez mais sofisticados e construídos em parceria com muitos estudiosos, mudanças trabalhistas, tentativas globais de otimizar, facilitar e humanizar o trabalho nas organizações de variados tipos, fizeram com que termos como qualidade de vida no trabalho (QVT) e saúde do trabalhador fossem cada vez mais recorrentes e aparentes no mundo organizacional.

Essa é a nova realidade no contexto atual do trabalho e, junto a isso, um novo perfil profissional foi sendo exigido do trabalhador:

  1. Manter-se atualizado diante da celeridade das informações.
  2. Conhecer e manejar novas ferramentas tecnológicas que avançam rapidamente.
  3. Lidar com as incertezas, atuando em ambientes diferentes e com papéis pouco definidos.
  4. Ser inventivo diante dos novos desafios trazidos pelos novos tempos, por vezes lidando com problemas pouco conhecidos e estruturados.
  5. Trabalhar em equipe.

Com todas essas questões e apesar de todos os esforços, podemos dizer que o contexto atual de trabalho ainda mantêm uma relação frequente com queixas recorrentes. É possível concordar que o trabalho nem sempre está associado a relações de prazer, saúde e realização?

Mas quando é possível reunir essas condições e o trabalho ganha significado, a sensação de poder e satisfação é uma grande promotora de bem-estar e resultados para a organização. É aqui que entram os estudos e aplicações em Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). Na busca em manter e proporcionar condições de bem-estar, sem mascarar as dificuldades, mas suplantando-as.

São muitos os modelos de QVT, mas o que os estudos em trabalho e em psicologia do trabalho apontam que aqueles programas que foram criados a partir da escuta dos trabalhadores e das necessidades que esses relatam, têm muito mais chances de funcionar e impactar em resultados para os trabalhadores e as organizações.

Não adianta ter boas intenções e ofertar aquilo que não se precisa. É preciso ter planejamento: diagnóstico participativo (saber qual o problema a partir de quem vivencia ele), plano de ação (o que pode ser feito realmente pela empresa e o que exige coparticipação dos funcionários), execução respeitosa (manter o foco e a fé na importância da QVT, entendendo que é um investimento) e avaliação dos resultados (sabendo o que deu certo e aperfeiçoando o que não deu).

É trabalhoso, mas é uma excelente alternativa para quem deseja de fato mudar um ambiente problemático e com vocação insalubre.

Algumas áreas do trabalho impactam consideravelmente na qualidade de vida e no bem-estar e é onde empresa e trabalhador, conjuntamente, devem atuar. Algumas delas foram apresentadas pelo pesquisador e psicólogo Mario César Ferreira.

  • Condições de Trabalho apropriadas.
  • Organização do Trabalho que favoreça o desenvolvimento deste.
  • Relações socioprofissionais satisfatórias.
  • Oportunidade de reconhecimento e crescimento profissional.
  • Possibilidade do uso de tecnologias da informação que facilitem o trabalho.
  • Oportunidade de vivenciar emoções e humores positivos no trabalho.

Mas que fique claro, mesmo que grandes medidas sejam adotadas pelas empresas, de nada adianta se as ações mais importantes, ou seja, aquelas que devem ser tomadas por vocês (mesmo que não haja nenhum programa de QVT onde trabalha) não estejam sendo tomadas. E quais seriam essas medidas? Mais adiante eu vou dar algumas dicas. Mas antes, vamos entender como o bem-estar pode ser afetado pelo trabalho.

O que pode melhorar o meu bem-estar no trabalho?

Para os trabalhadores, alguns fatores são associados imediatamente ao bem-estar. No geral, Mario César Ferreira apresenta uma definição na qual, para os trabalhadores, bem-estar no trabalho são emoções e humores positivos que se originam das situações vivenciadas pelo(s) indivíduo(s) na execução das tarefas.

Então, é um trabalho de muitas mãos, mas a sensação de bem-estar é algo que faz parte da natureza humana e só pode ser avaliada a partir da análise de aspectos objetivos somados a condições subjetivas de interpretação. São três os tipos de fatores que podem influenciar o bem-estar e a sua gestão: individuais, organizacionais e situacionais.

Os fatores individuais são aquelas que estão diretamente ligados a questões do indivíduo (saúde, caraterísticas pessoais, de personalidade e profissionais). Os fatores organizacionais dizem respeito a questões ligadas à organização (cultura organizacional, modelo de gestão, relações socioprofissionais do trabalho). E as situacionais dizem respeito às situações que ocorrem e interferem no trabalho (imprevisibilidade, diversidade, variabilidade).

A reunião dessas três exige um trabalho de muitas mãos, mas para as questões individuais é possível realizar um planejamento pessoal.

Dicas práticas para atuar em prol do meu bem-estar no trabalho

A satisfação no trabalho tem íntima relação com as relações socioprofissionais no trabalho. Invista nessas relações buscando ampliar seu número de contatos e sua rede de apoio para os momentos de crise na organização. Saber que pode contar com colegas, além de reconfortar emocionalmente, pode fornecer ferramentas de apoio práticas para a solução de problemas. Mesmo que tenha um tipo mais introvertido, zele pelas boas relações e troca de benfeitorias.

Invista em conhecimento profissional, mas não limite a sua aprendizagem apenas às questões técnicas. Se seu trabalho lhe causa prazer, aprender além de fornecer satisfação também lhe trará retorno ao desenvolver bem aquilo que gosta. Se, ao contrário, o seu trabalho não lhe dá prazer, aprender coisas diferentes ampliará a sua rede de possibilidades criativas para lidar com sua rotina de trabalho e causará uma válvula de escape para que você associe o esforço em  aprender com algo prazeroso e continue sempre se aperfeiçoando.

Não acomode-se à atividade exclusiva de seu trabalho. Busque ser participativo em outras atividades sempre que houver oportunidade. Banque o desafio de uma atuação autônoma. Um trabalho muito mecanizado frustra a criatividade, mas se for esse o caso e não for possível inovar, não abra mão de investir em outras atividades de prazer fora do trabalho ou ajudando colegas no que for possível. O nosso cérebro é capaz de criar, aprender e mudar até idades avançadas.

Defina seus objetivos pessoais e veja como seu trabalho, de forma realista, pode lhe ajudar nisso. Crie pequenas metas e vá galgando-as até um objetivo maior. Cada pequena meta alcançada lhe trará satisfação e dará sentido aos ganhos pessoais a partir do esforço despendido no trabalho. Trabalhar para ter algo que você queira e não somente que você precise.

Cuide de sua saúde com práticas saudáveis na vida e no trabalho. Não adianta todo um aparato ergonômico e seguro se você não entende a importância de estar seguro e se dedicar cuidado e atenção. Ao tomar a decisão de cuidar de sua saúde e se mover para isso, você perceberá como seu foco individual ganha importância e aumenta seu desejo em autocuidado, diminuindo expectativas, por vezes infantis, na ação dos outros. Negligenciar-se é uma forma de não amor. Não é fácil mudar comportamentos de uma vida, mas existem diversos profissionais que podem lhe ajudar nisso, dentre eles, o psicólogo.

O trabalho não é e nem deve ser a única prioridade em sua vida. Amplie a sua rede de contatos para além do trabalho. Atividades familiares, religiosas, esportivas, de lazer, devem coexistir com o trabalho. Assim, períodos estressantes e problemas pontuais podem ser melhor enfrentados com o suporte de uma vida voltada para diversas atividades. Além disso, a convivência com pessoas diferentes nos estimula à mudança e a encarar os desafios sob diferentes perspectivas, evitando que remoamos problemas de fácil solução ou insolúveis para além do necessário, gastando neles todo o nosso foco, energia mental, emocional e física.

Por fim, o mundo do trabalho não mudará em função apenas de nossas necessidades individuais, mas buscar ressignificar nossas escolhas e nossa realidade é importante. Aqui tratamos de situações comuns num ambiente organizacional assistido de forma geral, em que faz parte grande número de trabalhadores, mas infelizmente não todos.

Nesse caso, as dicas podem ser executadas como forma de ampliar as medidas individuais em busca de bem-estar, mas estejam atentos a abusos físicos e emocionais, e proteja-se deles sabendo que a prioridade é você.

Tem desejado ressignificar a sua vida e buscar um melhor desenvolvimento pessoal e profissional?

É só entrar em contato: https://blog.psicologiaviva.com.br/psicologos/mariapassos

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Referência:

Ferreira, Mário César. Qualidade de Vida no Trabalho. Uma abordagem centrada no olhar dos trabalhadores. E. ed., Brasília: Paralelo 15, 2017.

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