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Ansiedade normal vs patológica: Saiba diferenciar uma da outra

Imagem: Rawpixel

Será que a ansiedade que você sente é normal? Sentir o coração palpitar diante de um desafio ou ter as mãos suadas quando está nervoso é algo que todo mundo já passou. Mas quando a ansiedade fica excessiva?

É o que perguntamos para o profissional da Psicologia Viva (Conexa) para tirar todas as suas dúvidas! Veja só!

O que é ansiedade

Você sabia que a ansiedade, transtorno amplamente falado em todo o mundo, é uma reação natural a todos os seres humanos?

Evolutivamente, foi necessário desenvolver a capacidade de entrar em estado de alerta. Isso possibilitava a defesa dos perigos aos quais os primeiros homens eram expostos na época em que ainda viviam em florestas, cercados por animais selvagens.

Ou seja, a ansiedade, ao contrário do que se possa imaginar, não é uma novidade. Ela acompanha a humanidade, em diferentes graduações, desde os primórdios.

Ao longo do tempo, com a ocupação e construção de espaços urbanos, a exposição aos riscos e ameaças foi reduzida. E, a partir do desenvolvimento econômico e social, chegou-se ao atual contexto em que vivemos.

Contudo esse mecanismo de defesa continua a ser acionado quando há uma situação de surpresa ou uma expectativa de futuro. Isso porque, existe o medo daquilo que ainda é desconhecido.

Assim, esse mecanismo de defesa, fazendo você ficar vigilante, prepara o seu corpo para algo que vai ou pode vir acontecer. Observe que quando tem ansiedade, você tende a se agitar mais que o normal. Sempre que existe um compromisso marcado, ou você precisa se preparar para algum evento, reunião ou tomar alguma decisão importante, provavelmente haverá mais ansiedade.

Os tipos de ansiedade

É importante esclarecer que a ansiedade possui diferentes tipos que variam de acordo com os estímulos que causam o medo e o estado de hipervigilância. Por exemplo:

Dessa forma, os casos mencionados acima são TRANSTORNOS DE ANSIEDADE e eles delimitam quando uma ansiedade se torna patológica. E isso acontece devido ao grau de intensidade e aos prejuízos gerados a curto e longo prazo para o indivíduo afetado.

A ansiedade normal e a patológica

A ansiedade é considerada normal, ou seja, não é tida como um transtorno quando:

Em contrapartida, quando ela se repete constantemente e é gerada por um turbilhão de pensamentos intrusivos e negativos, o corpo entende que você deve ficar em estado de alerta para se proteger daquilo que está por vir. Inclusive, a esse acúmulo de pensamentos ruins é dado o nome de catastrofização.

Todo esse estresse gerado pelo excesso de ansiedade gera uma série de manifestações físicas. Ou seja, o corpo é diretamente afetado pelo transtorno e a ocorrência de crises. 

Assim, após uma ansiedade muito forte, é comum ocorrer:

Assim, por haver uma manifestação de forma intensa e repentina, esses episódios são chamados de CRISES DE ANSIEDADE. Um quadro de ansiedade patológica traz prejuízos a longo prazo, como o estabelecimento de doenças psicossomáticas. Essas doenças são geradas por problemas psicológicos não resolvidos e que repercutem na saúde física.

Por isso, é muito comum chegar a um consultório médico com uma queixa de dor física e depois descobrir que o problema é psicológico. Muitas pessoas se espantam quando descobrem que a origem de problemas como doenças de pele, gastrite e úlcera, por exemplo, são desencadeados devido à ansiedade excessiva.

Além disso, um transtorno de ansiedade pode abrir espaço para o estabelecimento de um quadro de depressão. Muitos pacientes ficam extremamente desgastados por não conseguir lidar com a sua ansiedade e acabam entrando em um quadro depressivo. Assim, acaba sendo bastante comum que pacientes apresentem a doença e o transtorno ao mesmo tempo.

Mas o que faz a pessoa ficar desse jeito? Por que esses pensamentos ficam aparecendo na cabeça o tempo todo? E o mais importante: o que pode ser feito para resolver tudo isso?

A ansiedade tem cura?

É muito importante esclarecer que não existe uma cura para a ansiedade. Conforme já esclarecido acima, a ansiedade é uma reação natural do ser humano à iminência de alguma ameaça ou acontecimento. Ou seja, sentir ansiedade é absolutamente normal e, até mesmo, saudável. 

O problema é quando a ansiedade se torna excessiva, comprometendo o bem-estar físico e psíquico do sujeito. E esse excesso acaba atrapalhando, até mesmo, na realização das atividades do dia a dia. 

No entanto, mesmo não se falando em cura, existe sim tratamento para a ansiedade. E mais do que isso, pode-se falar em qualidade de vida e equilíbrio, a partir do controle das crises e autoconhecimento.

 

A Terapia Cognitivo-comportamental é o tratamento mais eficiente para a ansiedade

Quando se fala em tratar a ansiedade, é fundamental esclarecer que não  existe apenas um único caminho, são várias opções. E a escolha vai depender das condições de cada caso e das características pessoais do paciente. 

No entanto, mesmo havendo diferentes tratamentos, é impossível não destacar a Terapia Cognitivo-comportamental. Inclusive, os estudos acerca do tema demonstram que a linha cognitiva é a mais indicada para a prevenção e tratamento dos transtornos de ansiedade.

Nela, o profissional trabalha em conjunto com o paciente para reconhecer os seus gatilhos emocionais e a origem de pensamentos e crenças que corroboram para a manutenção da ansiedade. Esse processo age diretamente no que se chamam de DISTORÇÕES COGNITIVAS, que são padrões de pensamentos e crenças distorcidas da realidade. 

Nesse sentido, o objetivo é que o paciente possa identificá-las sempre que eles surgirem e assim corrigi-las cada vez mais rápido. Assim, ele é capaz de obter maior domínio sobre elas, oferecendo novos significados e adotando novas posturas e atitudes frente aos conflitos.

Por esse motivo, a terapia cognitiva é “psicoeducativa”. Ou seja, ela ensina o paciente a compreender o que, como e o porquê acontece em seu organismo. E o mais importante: ela ensina como esse paciente pode resolver todos os problemas envolvidos.

Para que um paciente possa aplicar estratégias de enfrentamento, o protocolo adotado para casos de ansiedade patológica varia de acordo com o tipo de ansiedade. Por isso, é fundamental o diagnóstico realizado por um especialista. 

Um paciente com caso de fobia, além do treinamento cognitivo para identificar pensamentos e crenças envolvidas no transtorno, é feito a exposição gradual ao medo. E isso é feito em pequenos passos até ele atingir seu objetivo.

Nesse sentido, quando se trata de síndrome do pânico, o paciente é estimulado a retirar o foco dos sintomas até que possa se acalmar e se situar novamente no ambiente.

Uma vida melhor é possível!

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa o primeiro lugar em número de pessoas ansiosas no mundo. Esse dado demonstra a urgência de se atentar à saúde mental para que seja possível conviver com mais inteligência emocional e, consequentemente, maior qualidade de vida. 

Ao passo que a ansiedade permitiu ao ser humano sobreviver ao longo da história e evoluir, ela também se tornou a vilã de muita gente que ficou refém dos sintomas sempre que eles aparecem. Portanto, é importante saber identificar quando ela está passando de um nível aceitável para um exagerado. 

Assim, é importante procurar um psicólogo que possa oferecer todo o suporte necessário e que faça um atendimento personalizado para cada caso. Vale ressaltar que, conforme já foi descrito, a ansiedade é plural e se manifesta de forma diferente para cada pessoa.

Se você suspeita que sua ansiedade é exagerada, desproporcional, irracional, automática e sem controle, não hesite em buscar uma ajuda profissional. O serviço de psicoterapia é essencial para que a pessoa aprenda a conviver com mais domínio sobre as suas reações emocionais, sem depender do uso corriqueiro dos medicamentos.

Lembre-se que para alcançar a mudança que você precisa, é necessário dar o primeiro passo.

Então, como está a sua ansiedade hoje? Vamos conversar? Clique aqui para agendar uma consulta na plataforma da Psicologia Viva!

Psicólogo Saymon Souza Correa da Silva
CRP .: 08/32082

Referências:

Braga, J. E. F., Pordeus, L. C., Silva, A. T. M. C., Pimenta, F. C. F., Diniz, M. F. F. M., & Almeida, R. N. D. (2010). Ansiedade patológica: bases neurais e avanços na abordagem psicofarmacológica. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, 14(2), 93-100.

Castillo, A. R. G., Recondo, R., Asbahr, F. R., & Manfro, G. G. (2000). Transtornos de ansiedade. Brazilian Journal of Psychiatry, 22, 20-23.