O papel da boa comunicação
A comunicação é uma parte importante para o desenvolvimento social. Por isso, não existe relação saudável se não existir uma boa comunicação.
O casal precisa conversar sobre suas dificuldades e dilemas, que ocorrem na vida a dois, se quiserem fortalecer a relação.
Porém, nem sempre é fácil expressar-se de maneira clara. Muitas vezes a pessoa não escolhe as melhores palavras ocasionando mal-entendidos, discussões e brigas.
Tais problemas poderiam ser evitados trabalhando na percepção das necessidades e sentimentos do outro.
A Comunicação Não-Violenta (CNV)
A Comunicação Não-Violenta (CNV) foi desenvolvida pelo Psicólogo Marshall Rosenberg, como uma nova possibilidade de dialogar e transmitir informações, pensamentos e sentimentos nas relações interpessoais, de maneira clara e objetiva, sempre levando em consideração a empatia.
Isso significa que pode ser utilizada em todas as relações, incluindo no relacionamento afetivo. A seguir, você verá como aplicar os quatros passos da CNV em sua vida amorosa:
1º Passo – Observação
Neste momento, você irá realmente escutar o que seu(sua) parceiro(a) está querendo te falar. Pode ser difícil quando estiver se sentindo brava(o), triste ou irritada(o), mas neste momento é importante entender o que ele está querendo transmitir.
Um erro comum é não ouvir realmente a pessoa, simplesmente esperar a vez de falar, ou pensar em que argumentos usar para justificar aquilo. Este não é o caminho!
Se for você a iniciar a conversa, é importante que se atente a fatos, sejam ações ou falas, e não a interpretação sobre o ocorrido. Neste momento o importante é informar em acontecimentos concretos.
Exemplo:
Ao invés de dizer: “Você é muito preguiçoso!” (sua interpretação);
Tente: “Você não retirou os lixos que eu pedi” (acontecimento).
Parece ser uma diferença simples, mas tem efeitos muito diferentes sobre a pessoa e sobre a forma como a conversa irá prosseguir.
2º Passo – Sentimento
Depois de observar a causa do conflito, é o momento de identificar os sentimentos em relação àquilo que ocorreu e que sentimento a pessoa te provocou.
É importante estar realmente identificando o sentimento e não o julgamento.
Exemplo:
Se você se sente desvalorizada(o) ou diminuída(o), isso não é um sentimento e sim um juízo de valor, porque descreve a ação da outra pessoa, algo como: “você me desvalorizou”; “você me diminuiu”.
A pergunta adequada seria: “Se estou com a sensação que fui desvalorizada, que sentimento de fato estou sentindo?”.
Isso é importante porque as chances de ser ouvida(o) são maiores quando diz a emoção:
– Estou me sentindo triste pelo que aconteceu.
Ao invés de:
– Estou sentindo que você só me desvaloriza.
Isto ocorre porque a pessoa não se sentirá repreendida, mas sim instigada a entender o que aconteceu.
3º Passo – Necessidades
Após transmitir seus sentimentos, está na hora de entender qual foi, ou quais foram, as necessidades que não foram atendidas e que te levaram a se sentir dessa maneira. Novamente, elabore frases informando ao ouvinte, e não o culpando, como:
Ao invés de:
– Estou brava porque você não me ajuda em nada.
Tente:
– Estou brava porque já combinamos que iríamos dividir as tarefas domésticas, porque também chego cansada do trabalho.
É importante não só reconhecer suas necessidades, mas também as de seu parceiro(a).
É preciso ter um olhar atento ao outro, para reconhecer os limites e dificuldades que a pessoa enfrenta, para que vocês consigam junto entrar em um acordo. É o momento para ser sincera(o) e compreender as expectativas que foram atribuídas ao outro. É preciso também estar preparada(o), porque nem sempre todas as necessidades conseguiram ser atendidas naquele momento.
4º Passo – Pedido
Após expressar tudo isso ao parceiro, ou dele ter expressado, está na hora de entrarem em um consenso e perceberem qual é a melhor solução. Normalmente nesse momento é feito um pedido para ação, e deve ser feito de forma clara e específica:
– Colaborar nas tarefas domésticas é parte importante para ter um bom convívio em casa, que acordos podemos chegar?
É extremamente importante que você o(a) escute, veja a outra versão dos fatos, mesmo que tenha sido você que tenha tomado a iniciativa da conversa.
Na CNV não se trata de ganhar ou perder. É sobre como comunicar da melhor forma possível aquilo que está te incomodando sem atacar o outro.
Mais Algumas Considerações
A CNV é uma forma de ter diálogos mais francos e corajosos e por isso, nem sempre fáceis, porque você poderá receber um não como resposta; sendo essencial estar pronta(o) para isso.
Contudo, isso não significa ficar passivo(a), é justamente o contrário; trata-se de abrir a possibilidade de dizer o que é necessário e o que sente. Não é sobre evitar conflitos, mas permitir a mediação deles.
As discussões sempre vão existir, é importante ter em mente que divergências vão ocorrer, mas precisamos aprender com elas e como lidar com essas situações.
Uma relação saudável é estar atento a isso e adaptar-se conforme às necessidades. Não existe relação perfeita. O que existe são duas pessoas que estão juntas e fazem a relação dar certo.
Para isso ocorrer a comunicação é imprescindível.
Ainda tem dúvidas com respeito à Comunicação Não- Violenta? Então entre em contato, ficarei feliz em te ajudar.
Palavras-Chaves: Comunicação Não-Violenta; CNV; Relacionamentos Afetivos; Empatia; Passos da CNV; Mediação; Conflitos; Diálogo.
Referências:
The Center for Nonviolent Communication. CNVC, c2019. Página inicial. Disponível em: <https://www.cnvc.org/>. Acesso em: 01 de nov. de 2019.
ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Editora Ágora, 2006.
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