Relações entre pais e filhos

Relações entre pais e filhos

A complexidade do nascer

Já parou para pensar o quão complexo é o processo de trazer alguém ao mundo? Muito mais complexo que a morte… Não acredita? Então vamos lá, reflita comigo!

A morte, embora seja um processo doloroso, trata-se de algo predeterminado, sabemos que vamos morrer, mesmo não sabendo quando e como, mas sabemos que isso vai acontecer.

O processo de luto está ligado à perda, sabemos que não teremos mais aquela pessoa conosco e tal informação nos ajuda a readaptar nossa vida, para que possamos seguir em frente. Isso diminui a dor? Claro que não. Mas saber com o que temos que lidar auxilia no processo.

Já o nascimento está repleto de dúvidas, expectativas, preocupações financeiras, questões biológicas e sociais.

Cabe aos pais a missão de orientar uma pessoa em desenvolvimento, cuidando para que seus próprios traumas não impliquem no desenvolvimento da criança, que o filho não seja uma extensão do seu ego, orientando-o a ser alguém responsável, com valores bem definidos, tornando-se um adulto capaz de lidar com seu processo de desenvolvimento de forma madura e independente.

Enquanto realiza esse processo, os pais precisam lidar com as próprias dificuldades, além das instabilidades financeiras e emocionais.

Ainda que os pais, consigam lidar com isso tudo ao mesmo tempo (o que é muito improvável), ainda há um risco de que esse filho venha a cometer alguns tropeços que impacte negativamente na sua vida e na vida dos pais.

Em outras palavras: Não há garantia ou certeza de nada.

O desenvolvimento da relação entre pais e filhos

É muito comum pensar que o relacionamento entre pais e filhos é uma via de mão única, isso porque durante muito tempo entendeu-se que os pais deveriam ser aqueles que tudo sabem, os únicos detentores do conhecimento e como tais caberiam a eles ditar o ritmo dessa relação.

Os pais são nossa base norteadora e por serem os mais experientes dentro da relação, é natural que direcionem os filhos. No entanto, quando se subentende que devem estar preparados para cada situação, as coisas começam a degringolar.

Não há um curso que prepare alguém para ser pai ou mãe e os filhos não nascem com manual de instrução, então os pais, assim como todo mortal, muitas vezes “aprendem a trocar o pneu com o carro andando”.

O primeiro passo para os pais é trabalhar a culpa.

Pais se sentem culpados o tempo todo, e é na ânsia de fazer o melhor sempre que os pais pecam e ultrapassam os limites da orientação e passam a superproteger os filhos, deixando de direciona-los para fazer por eles.

Na intenção de proteger os filhos acabam ajudando-os a desenvolver alguns sintomas negativos, como por exemplo ansiedade.

Já existem estudos que comprovam que filhos de pais superprotetores desenvolvem sintomas de ansiedade, isso porque se sentem incapazes ou inseguros para lidar com as adversidades do cotidiano, uma vez que seus pais tomaram a frente dessas situações lá no passado.

O lado bom da história é que os pais igualmente podem influenciar os filhos de maneira positiva, observando e mudando seus próprios comportamentos, uma vez que as crianças na maioria das vezes apenas repetem o comportamento e reproduzem os medos dos pais.

O ideal é que os pais procurem ajuda profissional para lidar com os próprios medos, da mesma forma que as crianças e adolescentes passam por diversas fases e necessitam de ajuda para lidar com esses momentos, os pais também precisam de orientação para tal.

Evitando conflitos

No desenvolvimento da relação, ocorrem alguns conflitos, isso porque os pais em alguns momentos se deixam levar pela culpa, medo e até mesmo pelas expectativas criadas em cima dos filhos, e quando elas não se cumprem, há uma certa dificuldade em lidar com a frustração, o que pode gerar um afastamento entre pais e filhos.

Seguem abaixo algumas dicas em como evitar esses conflitos:

  • O ideal é que os pais acompanhem de perto o desenvolvimento dos filhos, mantendo um diálogo aberto, a fim de compreender a forma como pensam e até mesmo auxiliar o desenvolvimento do pensamento crítico, evitando ruídos na comunicação.
  • Muitos pais na tentativa de se aproximar dos filhos, tentam se manter no papel de amigos. É necessário que na relação haja, sim, abertura para conversar, no entanto, quando os pais se mantêm apenas no papel de amigos ouvintes ou de utilizar o filho como apoio emocional esquecem do seu papel de orientador, colocam em risco o desenvolvimento saudável do filho, uma vez que este perde sua referência de segurança e estabilidade emocional. Ouça seus filhos, mas oriente e pontue os comportamentos inadequados.
  • Os pais que passam muito tempo fora de casa, geralmente devido ao trabalho, sentem-se culpados de alguma forma e tentam compensar a ausência exagerando nos mimos e sendo excessivamente permissivos. Este tipo de comportamento por parte dos pais pode gerar crianças com baixa resistência à frustração, impulsivas e extremamente dependentes, pois acreditam que os outros devem fazer tudo por elas. A dica aqui é estabelecer limites.

Referências

  1. ELEY, Thalia C.; MCADAMS, Tom A.; The Intergenerational Transmission of Anxiety: A Children-of-Twins Study. The American Journal of Psychiatry, 2015.
  2. KLINJEY, Rossandro. Help! Me Eduque. Editora Letra Mais, 8º ed, 2017.
  3. MIZRAHI, Beatriz Gang. A Relação de Pais e Filhos Hoje. Editora Loyola, 2004.
Lylian Santos e Silva
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