Você já deve ter ouvido falar sobre a dislexia em alguma rede social ou meio de comunicação. A dislexia é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica e é considerada uma alteração nas diferenças individuais associadas à aquisição do processo de leitura e escrita.
Segundo os manuais de Diagnóstico de Classificação Internacional Estatística de Doenças (CID 10) e o Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSMV), responsáveis por classificar e categorizar as doenças, suas causas e sintomas; a dislexia é descrita da seguinte forma:
“ (…) dificuldade específica da linguagem, de origem constitucional, caracterizada por dificuldades na decodificação de palavras isoladas, normalmente refletindo insuficiência do processamento fonológico. Estas dificuldades são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas e acadêmicas; não é o resultado do desenvolvimento generalizado de incapacidade ou deficiência sensorial. ”
É importante compreender que a dislexia se distingue:
- De evolução ou desenvolvimento.
- Congênita ou hereditária.
- Dislexia adquirida causada por acidente vascular cerebral, isquemia ou tumor.
Sendo que a dislexia de evolução está associada à somatória de várias características e sintomas que podem apresentar graus diferenciados de leve, moderado a severo.
É interessante notar também que esse é um transtorno mais comum em meninos do que em meninas. Segundo as pesquisas a cada 7 meninos 3 meninas apresentam a dislexia
Saiba como identificar os sintomas da dislexia
Os principais sintomas da dislexia estão relacionados a dificuldades na aprendizagem e no uso das habilidades acadêmicas. Ou seja, a pessoa com o transtorno apresenta dificuldades no desenvolvimento da escrita e da leitura.
Leitura
Na leitura, é possível verificamos algumas alterações significativas. É comum que a pessoa com o transtorno confunda letras e palavras ao tentar ler, isso influencia diretamente na compreensão do texto.
Além disso, essa confusão também prejudica a fluência da leitura, o que dificulta que a criança saia da fase pré-silábica consiga ler de forma contínua e fluente.
Escrita
Já na escrita verificamos alterações na precisão da soletração, gramática, soletração e clareza e organização na expressão escrita.
Ou seja, apesar de reconhecer as letras, a pessoa tem dificuldade em diferenciá-las organizá-las de forma clara enquanto escreve.
É comum que esses sintomas passem a ser perceptíveis quando a criança entra na fase escolar e fica em contato tanto com outras crianças.
As dificuldades e desafios de aprendizagem nessa fase podem causar interferência significativa e substancial no âmbito escolar, baixa autoestima e dificuldades para se relacionar.
Dislexia significa falta de inteligência?
Não. Alguns cientistas estão buscando respostas neurais para a dislexia e a forma como ela age no cérebro humano.
As pesquisas realizadas com ressonância magnética funcional (fMRI) e PETSCAN – mapeamento de neurônios acoplado a ressonância cerebral magnética, pela emissão de pósitrons — identificaram alguns aspectos importantes que desmistificam algumas ideias sobre a dislexia:
- A dislexia é um déficit múltiplo do neurodesenvolvimento estruturais;
- O transtorno é uma dificuldade específica da leitura e da escrita e não há alteração da inteligência. Os genes associados à dislexia são vários e não apresentam anomalias cia.
- A nossa habilidade da leitura e da escrita são aprendidas e, por isso, nosso cérebro precisa se adaptar a elas.
Onde buscar ajuda?
Ao perceber os sintomas que descrevemos aqui em alguém próximo ou até em você mesmo, é importante buscar ajuda de um profissional.
O tratamento da dislexia é feito por uma equipe multidisciplinar como fonoaudiólogo, neurologista, psicopedagogo e neuropsicologia para auxiliar nos processos de diagnóstico e intervenção.
O acompanhamento correto permite que a pessoa com dislexia desfrute de uma vida repleta de conquistas e superação. Consulte um de nossos psicólogos especializados nesse tipo de transtorno e receba ajuda na busca da melhor forma de encarar o problema.
REFERÊNCIAS
de Oliveira Silva, Eliabe Bezerra, and Gislene Farias de Oliveira. “Dislexia em Perspectiva: Contribuições da Psicopedagogia e da psicologia.” ID on line REVISTA DE PSICOLOGIA 10.31 (2016): 135-146.
MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso, and Cecília Azevedo Lima COLLARES. “Dislexia e TDAH: uma análise a partir da ciência médica.” Medicalização de crianças e adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doenças de indivíduos. São Paulo: Casa do Psicólogo (2010): 71-110.
Rodrigues, Sônia das Dores, and Sylvia Maria Ciasca. “Dislexia na escola: identificação e possibilidades de intervenção.” Revista Psicopedagogia 33.100 (2016): 86-97.
Signor, Rita. “Dislexia: uma análise histórica e social.” Revista Brasileira de Linguística Aplicada 15.4 (2015): 971-999.
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