A importância da terapia na dependência química

A importância da terapia na dependência química

A dependência química é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de determinada substância.

A dependência pode dizer respeito a uma substância psicoativa específica (por exemplo, o fumo, o álcool ou a cocaína), a uma categoria de substâncias psicoativas (por exemplo, substâncias opiáceas) ou a um conjunto mais vasto de substâncias farmacologicamente diferentes.

O que causa a dependência química?

A dependência química é uma doença crônica e multifatorial. Isso significa que diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência de uso da substância, a condição de saúde do indivíduo e fatores genéticos, psicossociais e ambientais.

Fatores de risco

Determinadas características ou situações podem aumentar a probabilidade de surgimento e/ou agravamento de problemas com o álcool e outras drogas. Essas situações são conhecidas como fatores de risco. Entre eles, pode-se destacar a genética, transtornos psiquiátricos (ex: transtornos de conduta), falta de monitoramento dos pais, disponibilidade do álcool e drogas, etc.

Quais os sintomas de dependência química?

Os principais sintomas são o desejo incontrolável de usar a substância, a perda de controle (não conseguir parar depois de ter começado), aumento da tolerância (necessidade de doses maiores para atingir o mesmo efeito obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância), entre outros.

Quando a pessoa, quando dependente química, tem crises de abstinência do vício, pode sofrer sintomas como a sudorese extrema, tremores, ansiedade profunda e depressão.

Quanto tempo leva para eu me tornar dependente a uma droga?

Se tornar dependente de uma droga é um processo que pode ser bastante rápido e depende muito do tipo de droga, da idade em que se começa o uso e de uma propensão

genética ou não de se tornar dependente mais facilmente.

Drogas como o crack ou a heroína, por exemplo,  podem causar dependência desde os primeiros usos.

Sabe-se que quanto mais cedo se começa a usar drogas, maior é a chance de se tornar dependente. Pessoas que têm familiares que são dependentes também têm maior tendência a se tornarem dependentes.

Mas “tal” droga não causa dependência! E se eu conseguir controlar?

Muitas pessoas acreditam que são capazes controlar o uso de uma droga, usando-a só esporadicamente. No entanto, esta é uma ideia completamente falsa. A cada exposição à droga, o usuário está correndo o risco de perder o controle e de se tornar dependente (não há nenhuma regra para o momento exato em que isso pode acontecer).

É impossível de avaliarmos nosso risco genético de nos tornarmos dependentes por conta própria. Desconhecendo este risco, fica impossível saber quem irá usar a droga e se tornar dependente e que não irá se tornar dependente (sim, também existem esses casos, mas como saber se você é um deles? Vale a tentativa de arriscar a sua vida?).

Lembrando que a exposição repetida, a precocidade do início do uso de drogas, alguns fatores sociais, genéticos e pessoais podem facilitar o desenvolvimento da dependência.

Dependência química não é uma questão de simples força de vontade.

Prevenir é a melhor escolha

Não entrar no ciclo de tentativa de drogas é o melhor a ser feito.

Se estamos falando sobre uma pessoa que se encontra no quadro de dependência química, e quer prevenir novas recaídas, sugere-se que o paciente mantenha o acompanhamento de profissionais especializados e o apoio de pessoas queridas, que podem ser amigos, familiares.

Como conviver com o prognóstico?

A dependência química geralmente representa um impacto profundo em diversos aspectos da vida do indivíduo e também daqueles que estão ao seu redor.

Dada a sua complexidade, é interessante que os programas de tratamento sejam realmente múltiplos, para atender às diversas necessidades do paciente (aspectos sociais, psicológicos, profissionais), sendo mais eficaz na alteração dos padrões de comportamentos que o levam ao uso da substância, assim como seus processos cognitivos e seu funcionamento social.

Para manter-se livre das drogas, o indivíduo terá que realizar uma série de mudanças em seu estilo de vida.

É recomendado que a pessoa evite locais e situações que sejam associados ao uso da droga, para reaprender sobre outras fontes de prazer (que não as que estejam relacionadas ao consumo).

Geralmente, pessoas com problemas de dependência afastam-se de todas as formas de lazer que tinham antes, hobbies, relacionamentos, etc. É importante retomar à vida anterior, afastando-se de pessoas e ambientes que induzam ao uso da substância. Essa pode ser uma das tarefas mais difíceis no processo de recuperação, mas é possível realizá-la.

Se você é dependente químico ou conhece alguém que está passando pelo processo de superação do vício, convide a pessoa para participar de atividades sociais divertidas e saudáveis, para que ele realmente perceba que pode ser feliz sem o uso da substância!

Qual é a real importância de buscar ajuda de um psicólogo na dependência química?

É importante que o indivíduo com dependência química procure ajuda com profissionais de Psicologia quando ocorrem situações nas quais a substância está influenciando negativamente a saúde física e/ou rotina, funções acadêmicas e/ou profissionais e as relações interpessoais. 

Os critérios do “Manual Estatístico e Mental de Transtornos Mentais”, da Associação Americana de Psiquiatria, e “Classificação Internacional de Doenças”, da Organização Mundial da Saúde (OMS), são os mais comumente empregados para o diagnóstico dos transtornos relacionados ao uso de substâncias, e esse diagnóstico, primeiramente, só pode ser feito por um conjunto de laudos de profissionais qualificados (médico, psiquiatra, psicólogo).

Variados questionários de autopreenchimento (tais como ASSIST, CAGE, AUDIT) e testes sanguíneos também têm sido empregados, em contexto clínico, com tais fins, mas não podem ser considerados como substitutos de uma cuidadosa entrevista clínica.

Falar sobre o assunto é importante, e fazer isso em um ambiente seguro e profissional é de extrema importância.

Quando o paciente é diagnosticado, é importante que além do tratamento para a dependência química, o indivíduo também tenha acompanhamento para garantir a melhora de sua saúde como um todo, uma vez que a saúde mental é sempre comprometida quando sentimos que estamos passando por uma fase difícil tal como essa.

Tratamento específico para dependência química

O tipo de ajuda mais adequado para cada pessoa depende de suas características pessoais, da quantidade e padrão de uso de substâncias e se o mesmo apresenta problemas de ordem emocional, física ou interpessoal decorrentes desse uso, o que, como mencionado, é muito comum de acontecer.

A avaliação do paciente pode envolver diversos profissionais da saúde, como médicos clínicos e psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, assistentes sociais e enfermeiros.

Quando diagnosticada, a dependência química deve contar com acompanhamento a médio-longo prazo para assegurar o sucesso do tratamento, que varia de acordo com a progressão e gravidade da doença.

Uma das indicações é a da Terapia Cognitiva Comportamental, por ser uma abordagem terapêutica estruturada, diretiva, com metas claras e definidas pelo psicólogo e paciente, focada no momento presente e utilizada para tratar diversos comportamentos disfuncionais.

Dependência química tem cura?

Não podemos afirmar que há uma cura para a dependência química.

A dependência química é uma doença crônica, assim como diabetes e hipertensão. Porém, essa doença é totalmente passível de tratamento.

Vale ressaltar que além de cessar o consumo, um tratamento eficaz é aquele que consegue auxiliar o indivíduo a retomar o funcionamento produtivo na família, no trabalho, na sociedade e no trabalho.

De acordo com o National Institute on Drug Abuse (NIDA), estima-se que cerca de 60% dos pacientes tem recaída. A recaída é praticamente parte do processo terapêutico e indica que o tratamento deve ser revisto e ajustado, mas nunca abandonado.

Caso você precise de ajuda, converse com a gente pelos comentários ou busque por profissionais especializados o quanto antes. Sua vida ou a vida do seu amigo/parente não se resume a esse quadro! 🙂


Referências

Clasta, Neffretier Cinthya. “O aconselhamento psicológico no acompanhamento de usuários de drogas: um estudo a partir da percepção dos acadêmicos do curso de Psicologia.” VIII SEMPP & I SINTEC. 2017.

Faller, Mileni Fernanda dos Santos Moreira, et al. “AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA.” Anais da Jornada Científica e Cultural FAESA (2018): 91-93.

Psicologia Viva
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