Janeiro Branco: Quem cuida da saúde mental, cuida da vida!

Janeiro Branco: Quem cuida da saúde mental, cuida da vida!

O que é Janeiro Branco?

Janeiro Branco é um mês de conscientização sobre a saúde mental. Infelizmente ainda é algo muito pouco difundido. Pensando nisso, trouxe algumas informações para entendermos um pouco mais sobre um tema tão importante como este.

A preocupação com a saúde mental ganhou destaque e uma maior preocupação desde o começo da pandemia, pois levou muitas pessoas a uma experiência intensa de privação social e, como somos seres sociais, isso nos afetou diretamente.

Por que é importante cuidar da saúde mental?

Olhar para sua saúde mental significa promover o autocuidado, independente do contexto ser de tranquilidade, estresse ou traumático. Portanto, apesar de termos um mês que destaca o assunto, é algo que precisa ser objeto de autorreflexão constante. É pensar criticamente sobre sua relação eu e o outro, mas também eu consigo mesmo, seja suas ações, suas reações, inibições, pensamentos, lembranças e todos os afetos que podem surgir disso.

É promover um despertar de um olhar para dentro de si e pensamento reflexivo e autocrítico do tipo: “como será que isso (contexto, ação sua ou do outro) me afeta (no corpo, com pensamentos, lembranças ou socialmente) ou afeta o outro?”, “o que eu posso fazer para me ajudar a lidar melhor com isso?”.

O que é a boa saúde mental?

Um ponto que precisa ser considerado é que o ser humano é extremamente diversificado em estilos de vida, personalidade e desejos. Isso é fantástico e acontece porque as vivências sociais, históricas e os traumas que marcam cada um é muito singular e particular. Isso significa que não existe modelo ideal a ser seguido, o que existe são alguns parâmetros que indicam uma melhor ou pior saúde mental.

Podemos entender saúde mental como: “autonomia para decidir e tomar os rumos de nossas vidas, levando em consideração nossa capacidade de reação aos acontecimentos, bons ou ruins” (FIOCRUZ).

Isso não quer dizer que a tal da “boa” saúde mental seja se tornar uma espécie de robô, inabalável a qualquer acontecimento. É muito comum um entendimento equivocado sobre a saúde mental como um sinônimo de um estado de plenitude, sentimento constante de felicidade, alegria e sentimento de estamos completos. Apesar de ser algo que muitos almejam como ideal, isso não existe no mundo real.

 Somos seres humanos, portanto, somos seres sociais, sendo afetados e afetando outros o tempo todo.

O que essa definição nos mostra é que saúde mental quer dizer conseguir se permitir vivenciar as experiências que nos tocam, elaborar e dar um lugar adequado para aquilo que nos marcou. É a possibilidade de passar por momentos difíceis sem se paralisar diante do sofrimento, sem adoecer e não tendo sintomas graves.

A princípio pode até parecer ser simples, mas é algo que muitos de nós passamos anos (ou até mesmo uma vida inteira) lutando, negando ou tentando ignorar sentimentos, pensamentos ou acontecimentos. E se tem algo que a psicanálise sabe e ensina é que aquilo que não encontra sua expressão, aquilo que tentamos “abafar”, retorna de forma sintomática por alguma via, seja no corpo, no pensamento ou nas ações.

Os principais sinais de alerta

No entanto, alguns sinais são importantes alertas de que sua saúde mental ou de alguém que conheça não vai bem, podem eles ser:

  • Surgimento de Ansiedade;
  • Medo e perturbações incomuns;
  • Irritabilidade;
  • Insônia ou sonolência excessiva;
  • Falta de apetite ou fome em demasia;
  • Baixa concentração,
  • Desânimo ou aceleração;
  • Dificuldade para relaxar ou ficar rememorando acontecimentos do dia;
  • Dores no corpo persistentes (cabeça, estômago e alergias cutâneas);
  • Tremores;
  • Inquietação e desesperança (FIOCRUZ).

Esse são alguns sinais, mas a lista é ainda mais intensa.

Percebo que tenho boa saúde mental, e agora?

Todos nós, em algum momento da vida, nos encontramos fragilizados por acontecimentos da vida. É normal e até esperado. Por isso é importante contar com uma rede de apoio que o ampare em situações difíceis, isso quer dizer um companheiro ou companheira, familiares, amigos e profissionais.

O psicanalista entra como um profissional que, quando estabelecido um bom vínculo, permite um olhar para dentro de si, permite que perceba seus “pontos cegos” e ignorados, suas limitações, suas repetições, permitindo uma integração desses pontos soltos com a sua história particular, para que, a partir disso, o paciente permita-se transformar e ser transformado.

Como disse no começo deste texto, somos seres sociais. Isso quer dizer que constituímos quem somos no laço social e adoecemos por conta desse mesmo laço social. No entanto, também é através dele que nos curamos.

Nós precisamos uns dos outros para superar grandes desafios e nada melhor do que nos cercarmos de pessoas e de cuidado. Também é importante destacar que a cooperação e o cuidado com o outro pode permitir para nós sair de uma posição de impotência, fragilidade psíquica, frustração, permitindo até fazer uma autocrítica e mudanças em si a partir desse encontro com o outro.

Cada um de nós também podemos contribuir e sermos rede de apoio para outros, seja entre amigos, família ou na comunidade, criando um ambiente comunitário de acolhimento, expressão e enfrentamento de sofrimento psicossocial.

Em muitos casos isso é um valioso fator de proteção! O ideal é cuidar e ser cuidado.

Provendo o autocuidado

Em certos momentos da vida passamos por situações difíceis que exige energia psíquica, que provocam estresse, medo, ansiedade ou angústia. No entanto, quando são expressadas, seja escrita ou falada, pode gerar uma sensação de alívio.

Portanto, é preciso pensar em estratégias de enfrentamento diante de tais situações, que podem ser individuais ou coletivas.

Dentre elas podemos listar: psicoterapia individual ou em grupo; recorrer a rede de suporte pessoal, cuidados com o sono e da alimentação; preservar-se do excesso de informações sensacionalistas e/ou alarmistas; reserve um tempo para você mesmo para fazer atividades que sinta prazer, como atividade física, leitura, música, pintura, escrita, estar com pessoas que gosta, busca da espiritualidade ou religião, caso tenha uma.

Saúde mental é algo sério e quando não se dá o devido cuidado e importância pode trazer sérias consequências (às vezes irreversíveis). Não vamos nos esquecer: cuidar da saúde mental também é cuidar da vida!

 

Jhony Ronconi

Psicólogo CRP 16/6411

 

Referência bibliográfica

JORGE, Marco Antônio Coutinho, Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan volume 3: a prática analítica. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2017.

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Orientações aos trabalhadores dos serviços de saúde. In Noal, Damásio e Freitas, Orgs. (2020) Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia COVID-19. Disponível em: https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/06/cartilha_trabalhadores_saude.pdf

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