O que é resiliência humana e como desenvolvê-la?

O que é resiliência humana e como desenvolvê-la?

Com certeza você já ouviu falar em resiliência. O termo, que está bastante em alta, pode ser visto em livros, redes sociais, palestras e muitos outros tipos de conteúdos.

Inclusive, ela é um dos tópicos mais populares da Psicologia Positiva. E isso tanto no próprio campo quanto na discussão convencional de conceitos psicológicos positivos.

E o conceito está sempre relacionado a capacidade de resistência e flexibilidade. Mas você sabe mesmo o que é resiliência e como exercitar essa habilidade pode melhorar a sua vida? Veja abaixo! 

O que é resiliência?

O termo resiliência, originalmente, é um conceito pertencente ao campo da Física. Ele se refere à propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. Ou seja, são materiais que retomam o seu estado natural mesmo após sofrer alguma pressão. 

Analogamente, a Psicologia adota esse termo para se referir à capacidade de adaptação e sobrevivência que as pessoas têm. É a habilidade de enfrentar as dificuldades, traumas, ameaças, tragédias ou fontes significativas de estresse. 

E essas dificuldades podem ser de qualquer espécie: problemas familiares e de relacionamentos, relacionados à saúde, estressores financeiros, ou relacionados ao trabalho. Assim, ser resiliente significa “recuar” de experiências difíceis.

Dessa forma, para a Psicologia, a resiliência é a capacidade que permite que algumas pessoas sejam derrubadas pela vida e voltem mais fortes do que nunca.

Mas saiba que ser resiliente não significa não ter dificuldade ou angústia ao enfrentar adversidades. Não é isso! Dor emocional e tristeza são comuns em qualquer pessoa que tenha sofrido grandes adversidades ou traumas em suas vidas. Inclusive, é muito provável que o caminho da resiliência envolva considerável sofrimento emocional.

Dessa forma, o mais importante é esclarecer que a resiliência não é uma característica determinante, ou seja, que as pessoas tenham ou não. Assim, ser resiliente envolve comportamentos, pensamentos e ações que podem ser aprendidas, exercitadas e desenvolvidas em qualquer pessoa!

Pessoas resilientes estão mais aptas para confiar em si mesmas, em suas capacidades de conduzir e enfrentar os desafios que a vida impõe. Sendo assim, os indivíduos mais resilientes tendem a ser mais proativos e estão mais capacitados a trabalharem mais arduamente para evitar que certas questões e doenças ocorram.

Por que é importante ser resiliente?

Dentre as muitas vantagens e benefícios, são algumas das muitas razões pelas quais a resiliência é uma ótima característica:

  • Uma maior resiliência leva a um melhor aprendizado e desempenho acadêmico. Isso mesmo! Pessoas resilientes tendem a ser aprofundar mais nos estudos;
  • A resiliência está relacionada a menores faltas ao trabalho ou à escola por motivo de doença. Ou seja, não é qualquer motivo que derrubar uma pessoa resiliente;
  • Contribui para a redução de comportamentos de risco, incluindo consumo excessivo de álcool, tabagismo e uso de drogas;
  • Aqueles com maior resiliência tendem a se envolver mais nas atividades comunitárias e/ou familiares;
  • Uma maior resiliência está relacionada a uma menor taxa de mortalidade e maior saúde física. Pessoas resilientes cuidam mais do corpo e cultivam bons hábitos de saúde; 
  • Uma vida emocional mais saudável e equilibrada. Por entender que  que alguns acontecimentos fogem do seu controle, pessoas com alta capacidade de resiliência superam mais facilmente as adversidades.

Agora que você já conhece alguns dos benefícios, veja quais são as características de uma pessoa resiliente!

Os fatores e características de uma pessoa resiliente

Uma série de fatores contribuem para que uma pessoa tenha resiliência.  Estudos mostram que o principal fator para se alcançar a resiliência é ter relações afetivas e de apoio emocional, dentro e fora da família.

Isso porque, os relacionamentos, que criam amor e confiança, tranquilizam e ajudam a reforçar a resiliência de uma pessoa. O poeta John Donne dizia que “nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra”, e quando se trata de ser resiliente, isso faz ainda mais sentido. 

Dessa forma, pode-se dizer que o sentimento de pertencimento e a segurança das relações fortalece a autoestima e a capacidade de seguir em frente.

Pessoas são diferentes e é claro que não existe uma fórmula certa para falar de todas elas. No entanto, quando se trata de resiliência, é possível mencionar algumas características que são comumente presentes em pessoas com essa habilidade:

  • Boa comunicação;
  • Foco no autocontrole;
  • Alta inteligência emocional e gerenciamento de emoções de forma eficaz;
  • Autoestima;
  • Humor;
  • Manutenção de uma visão positiva de si mesmo, de suas habilidades e da vida em si;
  • Capacidade de criar planos realistas e cumpri-los;
  • Enxergar-se como lutadores e vencedores, ao invés de vítimas das circunstâncias. 

Além dessas acima, outras características podem ser observadas em pessoas resilientes:

  • Curiosidade;
  • Equilíbrio;
  • Sociabilidade e competência social;
  • Adaptabilidade (persistência, confiança e flexibilidade);
  • Bons hábitos de saúde.

Em resumo, se uma pessoa tem consciência (tanto de si quanto do ambiente ao seu redor), ela administra seus sentimentos de maneira eficaz. Sendo assim, ela é capaz de controlar seus pensamentos, emoções e comportamentos e entende que a vida tem ​​altos e baixos.

A boa notícia é que esses são fatores possíveis de se trabalhar e de se adquirir. Veja agora estratégias que podem ser usadas para ajudar a construir resiliência!

Estratégias para construir resiliência

Criar e desenvolver resiliência é uma tarefa pessoal. Por isso, vale lembrar que nem todas as pessoas reagem da mesma maneira a eventos traumáticos e estressantes da vida. Todos são diferentes e respeitar isso é fundamental em qualquer processo de fortalecimento de inteligência emocional. 

Assim, uma estratégia para criar resiliência que funcione para alguém pode não funcionar necessariamente para outras pessoas.  

10 dicas para se criar resiliência

#1. Procure ter uma atitude positiva

Reflita sobre o que você pode fazer para melhorar sua situação e depois execute isso!

“As pessoas resilientes trabalham na resolução de um problema ao invés de se deixarem paralisadas pela negatividade”, diz o psicólogo Robert Brooks.

Por isso, em vez de se desesperar ou se esconder com ferramentas de enfrentamento prejudiciais, pessoas resilientes encaram os desafios que a vida apresenta. 

Veja um exemplo simples para que se entenda isso: se a sua empresa irá mudar de cidade, você pode olhar de forma diferente para essa situação. Ao invés de focar na saudade, é possível ver nisso uma chance de explorar outras opções de lazer e crescimento pessoal. 

Você sempre poderá voltar para visitar os antigos amigos e ainda poderá conhecer gente nova! Ou seja, de uma situação a princípio ruim, é possível extrair algo positivo. 

Assim, conhecer seus pontos fortes e visualizar maneiras de utilizá-los para superar os problemas fará você perceber alternativas possíveis com mais facilidade. 

#2. Aceite que a mudança faz parte da vida

A vida de ninguém é linear. Nem a sua. Isso implica dizer que algumas metas podem não ser mais atingíveis como resultado de situações adversas, dentre as quais, algumas vezes, nem sequer temos controle. 

Por isso, aceitar circunstâncias que não podem ser alteradas pode te ajudar a se concentrar nas circunstâncias que você pode alterar. Foque no que está sob o seu controle! 

Nesse sentido, pessoas com resiliência não sofrem menos, tampouco se sentem menos tristes ou ansiosas que os outros. Elas apenas escolhem utilizar habilidades de enfrentamento saudáveis ​​para lidar com essas adversidades de maneiras que promovem força e crescimento. 

Dessa forma, pessoas resilientes tendem a emergir dos problemas ainda melhores e mais fortes do que antes.

#3. Mantenha-se flexível

As pessoas que são mais resilientes já esperam enfrentar desafios em diferentes pontos de suas vidas. Por isso, esses indivíduos são capazes de ajustar seus objetivos e encontrar maneiras eficazes de se adaptar às situações. 

Portanto, embora alguns acontecimentos sejam inevitáveis, você pode sim escolher como irá se portar perante às adversidades que a vida apresentar! E mais importante: você pode se preparar para esses momentos.

#4. Tome ações decisivas

Tente realizar este “treino” pessoal: procure agir em situações adversas o máximo que puder. Tome ações decisivas, em vez de tentar simplesmente fugir ou se separar completamente dos problemas e tensões, desejando que elas simplesmente desapareçam.

Dessa forma, quando você assume a rédea das situações, fica mais fácil superar as adversidades e seguir em frente. 

#5. Avance para seus objetivos ou metas!

Desenvolva alguns objetivos realistas. Procure fazer algo regularmente, se possível diariamente que te permita avançar em direção a seus objetivos. Nesse sentido, é importante seguir esse processo mesmo que isso pareça uma pequena conquista insignificante. 

Em vez de se concentrar em tarefas que parecem inatingíveis, pergunte-se: “o que sei que posso realizar hoje que me ajuda a seguir na direção que quero seguir?”.

#6. Construa uma rede de ajuda e suporte social

Permita-se receber ajuda de quem se preocupa e ouve você. Mantenha relacionamentos positivos com familiares próximos, amigos ou outras pessoas do seu meio. Procure participar de grupos que tenham interesses comuns aos seus, organizações religiosas, etc.

Nesse sentido, procure também ajudar pessoas que enfrentam dificuldade ou passam por necessidade. Uma rede de ajuda é uma via de mão dupla, onde todos se ajudam na medida das possibilidades de cada um.

#7. Procure oportunidades de autodescoberta

As pessoas geralmente aprendem algo sobre si mesmas e podem descobrir que cresceram de algum modo, como resultado de sua luta pela perda. Ou seja, em um momento de grande dor, é possível conhecer melhor a si mesmo. 

Muitas pessoas que sofreram tragédias e dificuldades relataram melhores relacionamentos, maior senso de força mesmo quando se sentem vulneráveis, maior senso de autoestima, uma espiritualidade mais desenvolvida e maior apreço pela vida.

#8. Sorria

Por que você acha que o riso está presente nos mais diversos tratamentos cognitivos para saúde? O ato de sorrir tem um poder enorme sobre o corpo e mente. E não se engane: o resultado positivo de terapias que usam a “técnica do sorriso” é comprovado por pacientes em hospitais no mundo todo.

Dessa forma, ao ouvir uma piada ou presenciar um fato engraçado, uma pessoa sente automaticamente vontade de sorrir. Para esse simples ato, existem diversas funções cerebrais sendo ativadas. Assim, o riso influencia áreas como a coordenação motora e sensações emocionais diversas, como o sentimento de recompensa e de prazer. 

“O riso relaxa o corpo e a mente, fortalece as defesas orgânicas, melhora a circulação e a pressão arterial e libera endorfinas, que promovem uma sensação de bem-estar geral. Enfim, rir é saudável”, é o que nos explica Eduardo Lambert, em seu livro “A Terapia do Riso”.

Sorrir também ajuda a aumentar a performance no trabalho e nos negócios. Esse simples ato faz de você uma pessoa mais amigável nas negociações e nas relações com outras pessoas. Portanto, quem desenvolve o hábito de sorrir se beneficia enormemente, pois ele ajuda nossa mente a se mover para um espaço mais positivo.

Sim, rir é o melhor remédio e é totalmente livre de contraindicações e efeitos colaterais. E você, já deu uma boa gargalhada hoje? 

#9. Cuide-se

Atente-se às suas próprias necessidades e sentimentos. Não deixe de lado as atividades que te deixam feliz e que te relaxam. O autocuidado, como o próprio nome diz, é algo que somente você pode fazer. 

Por isso, comece cultivando pequenas rotinas como o horário do banho, acender velas cheirosas, colocar música nos ambientes. Coisas simples, mas que fazem muito bem!  

#10. Desenvolva bons hábitos

Exercite-se regularmente, tenha uma alimentação balanceada, cultive boas leituras e reserve um tempo para meditar.

Outras formas de fortalecer a resiliência podem ser úteis. Por exemplo, algumas pessoas escrevem sobre seus pensamentos e sentimentos mais profundos relacionados a trauma ou outros eventos estressantes em sua vida. A meditação e as práticas espirituais ajudam algumas pessoas a construir conexões e restaurar a esperança.

Assim, a chave é identificar maneiras que provavelmente funcionarão bem para você como parte de sua própria estratégia pessoal para promover a resiliência.

A terapia e a resiliência

O processo terapêutico, como um todo, é uma excelente forma de desenvolver e conquistar o autoconhecimento, autocontrole e autoestima. E essas são habilidades fundamentais para a resiliência.

Carl Jung, fundador da psicologia analítica, disse uma frase que reflete bastante o que é ser resiliente: “eu não sou o que me acontece, eu sou o que escolho me tornar.” Ninguém é capaz de controlar todos os eventos da vida, mas é possível controlar como reagir ao que acontece.

Nesse sentido, o psicólogo e paciente, juntos, vão trabalhando a capacidade de reagir às dificuldades e como ressignificar os acontecimentos. 

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Referências

Angst, Rosana. “Psicologia e resiliência: uma revisão de literatura.” Psicologia argumento 27.58 (2017): 253-260.

dos Anjos, Esther Menezes, and Consuelo Morán Astorga. “A personalidade resiliente: uma conceptualização teórica.” Revista INFAD de Psicología. International Journal of Developmental and Educational Psychology. 2.1 (2016): 151-156.

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