Como se adaptar ao “novo normal”? Como a psicoterapia pode me ajudar?

Como se adaptar ao “novo normal”? Como a psicoterapia pode me ajudar?

Realidade atual do Brasil

De acordo com o diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Tedros Adhanon, mesmo com o início da vacinação contra a COVID-19 e diminuição dos casos a nível global nas últimas semanas, os países não devem relaxar as medidas adotadas para frear a Pandemia.

  • Dentre elas está:
  • Lavar as mãos,
  • Usar máscaras,
  • Manter o Distanciamento físico e
  • Evitar estar em aglomerações. 

Algumas pessoas atualmente, vacinadas ou não, sentem-se inseguras no momento atual, por muitas vezes não saber quais comportamentos adotar, por permanecerem com medo e ansiedade diante de uma realidade que de alguma forma não traz “segurança” em seu cotidiano e que por vezes ainda causa estranhamento em si e na relação com seu ambiente.

Principais mudanças encontradas

  • Mudanças na alimentação: Por permanecerem mais tempo em casa muitas pessoas aumentaram o peso, encontrando por muitas vezes no alimento uma “fonte de apoio”, levando à compulsão alimentar e à obesidade, dentre outros;
  • Mudanças no Comportamento: As pessoas passaram a adotar comportamentos que de alguma forma significassem um “refúgio” diante da situação inusitada. Algumas intensificaram a ansiedade, tiveram momentos de angústia e tristeza, levando-as a adotarem atitudes enrijecidas diante da situação, como por exemplo: pode-se citar o comportamento de fuga diante de contatos antes cultivados, lavagem excessiva das mãos e também o desenvolvimento de Transtornos Psicológicos, como a depressão e fobias.
  • Mudanças na Higiene: Apesar de ser uma mudança estritamente necessária para o momento, algumas pessoas podem ter tido dificuldades ao ter que mudar os hábitos como: lavar as mãos, higienizar as compras, não entrar com roupas sujas em casa, dentre outros. Trazendo sensação de estranheza ou incômodo. Esta mudança de hábitos também pode não ter sido elaborada e significada pela pessoa em sua singularidade, sendo gerador por vezes de angústia e medo.
  • Mudanças em crenças e valores: Algumas crenças e valores foram mais vivenciados neste momento, como a solidariedade e a empatia, onde as pessoas puderam entrar mais em contato com suas próprias fragilidades e com a importância de olhar mais o presente com o que ele nos apresenta e não mais estar voltado apenas à rotina, ao individualismo e ao consumo desenfreado;
  • Educação EAD e Transformação Digital intensificada: A Educação EAD e a Transformação Digital tornaram-se prioridades por muitas vezes no momento de pandemia, tanto em empregos como em escolas ou faculdades.
  • Aumento do sedentarismo e diminuição do cuidado com o corpo: Não se pôde evitar o aumento do sedentarismo na atual situação de pandemia que veio com a rotina em casa e o isolamento obrigatório. Também muitos “relaxaram” no cuidado com o corpo, seja em relação à prática de atividades físicas ou à diminuição de consultas médicas, sendo estas últimas somente em casos estritamente necessários.

 

É possível uma adaptação ao “novo normal”? Como a psicoterapia pode me ajudar?

O termo “novo normal” foi criado pelo empresário americano Mohamed El-Erian, em 2009, para falar sobre as consequências da crise econômica mundial daquele período. Pode-se dizer que o “novo normal” ocorre após uma mudança intensa, onde a situação não voltará a ser como antes. Assim sendo, neste momento, as pessoas precisam adotar padrões comportamentais mais saudáveis diante de limitações que antes não eram impostas. 

De acordo com Zinker, a Gestalt-terapia não enfatiza que devemos viver para o momento e sim que vivamos no momento, não que a satisfação de necessidades deva ser imediata, mas que estejamos presentes para nós mesmos no ambiente.

Quando se pensa esta citação para o momento em que vivemos do “novo normal”, pode-se refletir bastante no que diz respeito a viver no momento onde novas “regras de convivência” foram impostas em prol de necessidades prioritárias como a proteção da saúde e de nossas vidas.

Não só regras de convivência, mas emoções puderam ser mais sentidas também. Muitos se depararam com crises de depressão, ansiedade e até mesmo com o desenvolvimento de transtornos psicológicos ou fobias. De alguma forma, esta foi a maneira que encontraram de se “adaptar” a um momento tão inusitado e intensificador de emoções como a pandemia.

Surge então os questionamentos: como buscar um equilíbrio emocional no momento em que nos encontramos? Como satisfazer nossas necessidades e estarmos presentes aqui e agora?

A Gestalt-terapia trabalha com o termo Ajustamento Criativo, que consiste no relacionamento entre a pessoa e o meio, no qual há responsabilidade e engajamento na condução de sua vida, sendo capaz de contatar, reconhecer e lidar com seu espaço de vida e criando as condições que conduzirão ao seu próprio bem-estar.

Para que ocorra um ajustamento funcional e saudável o indivíduo precisa estar consciente de si, de suas emoções e de seu funcionamento presente. Implica também reconhecer que necessidades precisam ser satisfeitas no momento e como se pode satisfazê-las de uma forma mais saudável. 

Segundo Zinker (2007) um processo criativo permite colocar para fora tudo aquilo que se encontra em nosso interior e, com isso, o tamanho da vida será do tamanho que damos a ela e quanto mais recursos o sujeito possui, cada vez mais ele passa a se conhecer e construir maiores possibilidades de viver o mundo de uma maneira agradável e saudável.

Ainda vale citar Perls (1977), em relação ao processo de maturação, que diz que sem frustração não existe necessidade de o indivíduo mobilizar seus recursos de modo a fazê-lo crescer diante de determinada situação desafiadora.

A frustração é como um combustível necessário para o autocrescimento, pois gera potencialização interior, mobilizando o indivíduo a olhar e utilizar suas potencialidades.

Assim, em um primeiro momento, num processo de psicoterapia, o indivíduo precisa experimentar-se, que significa sentir e ampliar a consciência de suas emoções, limitações, recursos psicológicos e também rede de apoio no momento.

Isto ocorre através de uma relação autêntica entre cliente e terapeuta. O terapeuta abre possibilidades de o cliente, a partir de sua singularidade e escolha, entrar em contato consigo com mais profundidade através de vários experimentos e de um encontro único e fluido na sessão terapêutica. A partir daí pode, se conhecendo mais, adotar padrões comportamentais mais saudáveis e lidar melhor com sua rotina e escolhas.

Dicas para se ter um maior contato consigo mesmo

Deixo aqui algumas dicas que o indivíduo pode utilizar no momento para um maior contato consigo:

  • Faça exercícios de respiração, ao menos por cinco minutos no seu dia. Tente sentir o ar que entra (inspiração) e o ar que sai (expiração), buscando uma conexão corporal e com o presente;
  • Faça meditação, que pode ajudar no desenvolvimento da atenção plena;
  • Pratique atividades físicas ou relaxamento, que ajudam no contato corporal e fazem bem à saúde física e mental;
  • Ouça músicas interessantes a você, pois também ajudam na conexão consigo e com suas emoções;
  • Leia livros que acredita que contribuirão em algo na sua vida agora;
  • Utilize as redes sociais e aplicativos para se comunicar também, mas tenha em mente não utilizar em excesso;
  • Mantenha contatos e fortaleça vínculos com pessoas que te trazem sensação de bem-estar;

Por fim, cabe uma afirmação de Zinker que diz que se a pessoa estiver consciente (aware) do que se passa em seu íntimo e fazendo algo a respeito, a pessoa se sentirá melhor consigo mesma do que quem não possui esta awareness (tomada de consciência) ou adia a satisfação de suas necessidades.

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Referências bibliográficas:

  1. Perls, F. S. (1977). Gestalt-terapia explicada, 11ª ed. (trad. G. Schlesinger). São Paulo: Summus. 
  2. Processo criativo em Gestalt-terapia/Joseph Zinker; [tradução de Maria Silvia Mourão Netto].-2.ed.-São Paulo:Summus, 2007. Título original: Creative process in Gestalt-therapy.
Rayssa Mazza de Castro Alencar
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