Cultivando a inteligência emocional dentro dos relacionamentos

Cultivando a inteligência emocional dentro dos relacionamentos

O que são emoções? É possível controlar uma emoção?

Para começarmos a pensar sobre a inteligência emocional primeiro é necessário compreender o que são emoções. Muitas pessoas podem dizer de maneira equivocada que emoção é aquilo que sentimos, porém esta explicação é muito rasa.

As emoções estão ligadas a um conjunto complexo de reações que o nosso organismo expressa ao entrar em contato com um estimulo ambiental (externo) ou cognitivo (interno), o cérebro interpreta esta informação de maneira rápida e produz um conjunto de reações neurobiológicas.

Por exemplo, ao vermos um animal que tememos, como uma cobra, o cérebro coordena uma série de mudanças no corpo inteiro, como boca seca, transpiração das mãos, pupila dilatada, etc. O cérebro coordena o envio de sangue para grandes músculos na distribuição para as partes do corpo que são mais essenciais naquele momento, ordena as glândulas do seu corpo a produzir cortisol e adrenalina que são hormônios que vão tornar a frequência cardíaca mais intensa, fazendo com que você se torne muito mais focado no problema em questão.

As emoções são caracterizadas por este conjunto de reações do nosso organismo, do nosso cérebro, que envolve uma relação com todo o corpo, que se dá de maneira automática e irá te mover à ação. A emoção é um jeito eficiente que a natureza fez para nós nos comportarmos de maneira adaptativa, sem perder tempo, não damos o comando para o coração acelerar, simplesmente ocorre a ação automática frente a situações de ameaça.

Assim sendo, inteligência emocional não é controlar nossas emoções, isso não é possível, podemos de maneira indireta controlar nossos comportamentos, por exemplo, ao ter autoconhecimento e saber quais seus gatilhos emocionais, o sujeito pode evitar algumas situações estressoras, preparar-se para outras buscando técnicas de relaxamento, como a meditação, aprendendo a controlar sua respiração e, de maneira indireta, mudando suas emoções ou tendo o conhecimento de como se comporta frente a situações inesperadas, e deste modo o individuo pode se distanciar da situação para não ter uma atitude impulsiva e conseguir pensar racionalmente.

O que é inteligência emocional

De forma mais simples, inteligência emocional não é controlar suas emoções, mas sim um conjunto de competências que te permite gerenciar suas emoções. É a habilidade de reconhecer, processar, compreender e gerencia as emoções.

Apesar de não ter introduzido o conceito de Inteligência Emocional, Daniel Goleman, psicólogo, escritor e PhD da Universidade de Harvard, é o grande responsável por popularizá-lo, com seu livro “Inteligência Emocional” publicado em 1996.

Neste livro Goleman descreve as cinco competências da Inteligência Emocional:

  • Autoconsciência: Conhecer e reconhecer as próprias emoções.
  • Autogerenciamento: Lidar com as próprias emoções.
  • Automotivação: Cultivar uma perspectiva positiva em relação aos seus objetivos, principalmente diante de contratempos.
  • Empatia: Reconhecer as emoções dos outros.
  • Habilidades Sociais: Lidar com relacionamentos, é entender o perfil emocional das outras pessoas e se adaptar àquele estilo de comunicação.

Qual sua função?

A inteligência emocional serve ao propósito de melhorar nossa qualidade de vida, na medida que promove o autoconhecimento, melhora a qualidade de seus relacionamentos de forma geral, como as relações de trabalho, relações familiares, relações amorosas e com amigos.

Para desenvolver sua inteligência emocional, faz-se necessário:

  • Perceber seus próprios pensamentos,
  • Perceber os estados emocionais que sente ao longo do dia,
  • Aceitar sua humanidade, ou seja, que é natural passar por estados emocionais negativos, como tristeza, raiva, medo, etc.,
  • Compreender seus gatilhos emocionais,
  • Questionar-se sobre o que despertou determinado sentimento dentro de você e, por fim,
  • Perguntar-se qual fim deseja dar a este sentimento através de suas ações.

A inteligência emocional também melhora a qualidade de seus relacionamentos, pois promove um olhar mais atento às necessidades do outro, é tentar reconhecer o perfil emocional das outras pessoas com quem tem contato, se é uma pessoa introvertida ou extrovertida, se é mais objetivo ou analítica e pensar na forma de agir mais compreensiva e adequada.

Como cultivar a inteligência emocional dentro dos relacionamentos

O autoconhecimento é fundamental para cultivar boas relações, ter conhecimento de suas virtudes e de suas limitações, saber compreender suas próprias emoções, identificar seus pensamentos e questionar a validade de sua interpretação dos fatos, conhecer seus traços de personalidade, permite o melhor gerenciamento da relação.

Pratique a introspecção, que é o ato de se auto observar, pode ser através da meditação, com a ajuda de um psicólogo na análise terapêutica e em reflexões no dia a dia.

No processo de autoconhecimento você olha para suas fragilidades e isso exige muita coragem, permita-se olhar para suas dores, para os seus medos, para as coisas que deseja melhorar em sua vida e no seu caráter, tudo isso vem à tona nas nossas relações de intimidade, por isso é necessário tratar as feridas emocionais.

Permita-se ser vulnerável, abertura em um relacionamento íntimo é o que promove conexão entre as pessoas, principalmente entre um casal é necessário ser aberto e ter abertura para verdadeiramente conhecer e gerar um vínculo profundo com outro, a comunicação não pode faltar, mas sempre acompanhada da empatia, que é reconhecer as emoções do outro e seu perfil emocional e saber comunicar usando o tom de voz adequado e escolhendo as palavras que não irão ferir o outro.

É mais fácil se identificar com pessoas que mostram sua humanidade, que falam sobre sua história, seus erros e obstáculos que enfrentou do que com pessoas que parecem inatingíveis, perfeitas, que não demonstram suas emoções.

Quaisquer pessoas podem aumentar seu Quociente de Inteligência Emocional e existem vários caminhos para o autoconhecimento: auto observação, psicoterapia, livros, programas de treinamento e na experiencia prática com seus erros e acertos.

Como construir um relacionamento saudável e com equilíbrio emocional?

Muitos desejam construir uma relação de qualidade, mas não têm paciência e disposição para construir essa relação. As relações são construídas no cotidiano com atitudes. 

Muitas pessoas estão feridas por experiencias anteriores traumáticas e com tantos medos, que fica difícil confiar e se entregar, assumir riscos e entender que relacionamentos que acabam não são uma maldição que sempre se repetirá, mas sim consequência de escolhas equivocadas, de idealizações, traições, falta de compatibilidade nos desejos e objetivos e por outras razões.

Citarei valores indispensáveis para a construção de um relacionamento saudável:

  • Respeito: Este é o principal valor na base de qualquer relacionamento, principalmente amoroso. É necessário que haja respeito pelos acordos estabelecidos, respeitar as diferenças, pois cada um tem sua personalidade e vem de contextos diferentes, além de sentir as coisas também de maneira diferente, respeito pelo sofrimento alheio, pelas decisões, vontades, respeito pelos limites, respeito pela fala do outro, isso demonstra consideração e compreensão que aumenta a união.
  • Cumplicidade: Representa o apoio, suporte, a amizade, o incentivo pelos projetos do outro, o desejo de ver o outro crescer e se desenvolver.
  • Dialogo: Assim como nas relações profissionais existe o feedback, nas relações de casal é importante que haja espaço para compartilhar as expectativas em relação ao outro, falar de suas frustrações, para que os conflitos sejam solucionados, não deixe os problemas acumularem. Quando não há dialogo as pessoas acabam se afastando, é preciso expressar seus sentimentos, o outro não tem poder de ler seus pensamentos.
  • Lealdade: Além de ser leal ao seu parceiro, é importante ser leal consigo mesmo, é ser fiel com seus objetivos, acordos e promessas que foram feitas. Ser legal é mais que o comprometimento físico, é também o comprometimento amoroso, emocional. A pessoa leal dificilmente vai ser infiel porque honrou o compromisso que tem e antes de trair em qualquer sentido, toma várias medidas antes que isso aconteça, está relacionada com os valores e com a sinceridade e a lealdade evita que você esconda coisas do seu parceiro, evita mentiras, evita segredos que abalam a confiança.
  • Confiança: Sem a confiança não existe a possibilidade de entrega. Você fica o tempo todo desconfiado, procurando indícios que comprove suas suspeitas, em constante estado de alerta, com cobranças e questionamentos, sempre na dúvida? Lembre-se: a dúvida corrói a relação e a pessoa. Isso não só em relação à traição, mas também em questões financeiras, em guardar segredos do outro, em tudo que diz respeito a intimidade de um casal.

Se este texto conseguiu despertar em você o interesse de saber mais sobre o assunto e se você estiver querendo melhorar a qualidade de seus relacionamentos sociais, tanto no âmbito profissional, como em sua vida amorosa, não deixe para depois, marque sua sessão no Psicologia Viva!

Eu posso te conduzir neste processo de autoconhecimento.

Referências: 

  1. Anahy D’amico, “O amor não dói”, Editora Planeta, 1ª Edição, 2020.
  2. Daniel Goleman, “Inteligência Emocional”, Editora Objetiva, 1ª Edição, 1996.
Raquel de Souza Fontes
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