Dependência emocional nos relacionamentos amorosos

Dependência emocional nos relacionamentos amorosos

Muito se tem falado dos relacionamentos abusivos. Mas de fato o que é? Como identificar e como sair de uma relação assim? Por que algumas pessoas, mesmo que terminem um relacionamento tóxico, logo começam outro muito semelhante com o anterior, como um tipo de ciclo vicioso? Pois bem, essa pessoa provavelmente pode ter uma dependência emocional.

O ser humano naturalmente é um ser dependente. Desde o nascimento precisa do outro para sobreviver; porém ao longo da vida, espera-se que esta dependência torne-se cada vez menor (mesmo que nunca se encerre por completo) e que o individuo aprenda a viver de maneira saudável com a própria companhia.

Contudo, algumas pessoas não conseguem suportar a ideia de estarem sozinhas, principalmente no âmbito amoroso, o que gera uma busca incansável por um parceiro, muitas vezes, qualquer parceiro, e isto é muito perigoso!

A construção dos padrões de relacionamento

A princípio, é importante entender que a forma de se relacionar de cada um está muito associada com os primeiros vínculos estabelecidos na infância com a família, ou seja, essas relações formam um padrão de relacionamento.

Por exemplo, uma criança que não costumava ouvir um “não” dos pais, possivelmente buscará se relacionar com pessoas que também não a contrariem.

Já as crianças que tiveram certa ausência de cuidado dos pais, ou estes não lhe deram a segurança emocional suficiente para que desenvolvesse uma boa autoestima, poderá resultar em um adulto extremamente inseguro e como consequência também, mais dependente nos relacionamentos. Porque foi dessa maneira que aprendeu a se relacionar, e mesmo de forma inconsciente busca preencher tal “falta”.

Assim é que se dá a passagem do papel, que antes era ocupado pelos pais, para então manifestar-se em um amigo, e quando surge um par romântico, este sistema de apego encontra o seu novo porto de ancoragem, sempre buscando preencher uma lacuna no seu interior (RODRIGUES, 2009, p.04).

A repetição dos relacionamentos abusivos

Com isso, o sujeito dependente frequentemente se envolve em relacionamentos abusivos, no qual existe uma desigualdade entre as necessidades emocionais:

  • Pois não acredita ser merecedor do amor e carinho de alguém.
  • Não se vê capaz de viver sozinho.
  • Busca sempre ser aprovado pelo outro, colocando-se em posição de submissão.
  • Sentindo culpa por não se considerar bom o suficiente para o parceiro.
  • Além do ciúme excessivo e possessividade devido ao medo de ser abandonado.

Esses e outros comportamentos tiram a leveza e alegria do relacionamento, de maneira que os envolvidos na relação se sintam sufocados, e isso faz com que se tornem presos um ao outro. O que com frequência se torna uma relação de controle, no qual há o submisso e o controlador.

E quando finalmente um relacionamento abusivo chega ao fim, em seguida o sujeito dependente começa outro com quase todas as características anteriores, sem entender onde está o erro, ou simplesmente aceita o rotulo de “dedo podre”.

Mas que na verdade é reflexo de suas questões internas, como os primeiros vínculos familiares, baixa autoestima, insegurança, traumas vividos, entre outros, que se não forem trabalhados, sempre resultarão na repetição de relacionamentos ruins. E com o tempo, devido às diversas decepções, essa repetição gera uma intensa angústia acompanhada dos sentimentos de fracasso e incapacidade.

E como quebrar este ciclo?

“Aquele que não conhece seu passado, está condenado a vê-lo retornar sob a forma de comportamentos impulsivos ou de um fracasso”. 

Sigmund Freud

Autoconhecimento

Um dos primeiros passos para conseguir sair desse ciclo de repetições é através do autoconhecimento. Do olhar para si, compreendendo sua história e suas dores.

Como foram formados seus padrões de relacionamentos e como eram suas figuras de referencia na infância? O que eu gosto de fazer? O que me faz feliz? Como eu me vejo? Quais características preciso melhorar? E o que admiro em mim? Esses são alguns exemplos de questões importantes no processo de autoconhecimento. Quando começamos a nos conhecer, fortalecemo-nos, e logo conseguimos ter uma visão mais clara das situações. E se tratando de relacionamentos, será possível, logo no início perceber que determinada pessoa não te faz bem.

Ressignificação

“Não é o afeto que se torna outro, mas o sujeito que se torna outro para receber dentro de si aquilo que até então lhe era insuportável”.

Mas e tudo que eu já sofri? Não consigo esquecer!

E nem deve! É a sua história e faz parte de você. Não é possível enterrar o passado, pois certamente também enterraria um pedaço seu.

Por isso a importância de dar um novo significado para algumas vivencias, olhar para sua história de outras maneiras, outros ângulos e até os traumas serão guardados, mas agora como lembranças, sem tanta dor.

Autoestima

Cuidar da autoestima também é essencial para que você comece a se aceitar e se valorizar, sem precisar da aprovação dos outros para se sentir bem.

É natural querermos agradar a quem amamos, mas quando vivemos somente em função disso, sem nos colocarmos em primeiro lugar, deixa de ser algo saudável.

Contudo, a autoestima não surge como um passe de mágica, é uma construção diária, são os pequenos hábitos que constituem uma boa autoestima, como:

  • Não se comparar tanto com as pessoas ao seu redor;
  • Descobrir coisas que te fazem bem e reservar um tempo só para você, por exemplo, ler um livro, pintar, assistir uma série ou ver um filme.
  • Praticar uma atividade física. Exercitar o corpo faz bem para saúde mental, diminui o estresse e libera serotonina, substancia responsável pela sensação de bem-estar no organismo.
  • Ser mais gentil com você. É importante deixar de lado a ilusão da perfeição e das metas inalcançáveis para alcançar o equilíbrio emocional, acolhendo suas habilidades e também suas dificuldades.
  • Fazer terapia. A psicoterapia proporciona um espaço, no qual é possível expor e compreender seus pensamentos, emoções e experiências, possibilitando a ressignificação, o processo de autoconhecimento e a melhora na autoestima.

 

Referências Biliográficas:

BOWLBY, J. (1969) Apego e perda: Apego – A natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, vol. 1, 1990.

OLIVEIRA, F. A arte da reescritura: uma ressignificação? São Paulo, 211. Jornal de Psicanálise, 44, 127-140, 2011.

RODRIGUES, S.; CHALHUB, A. Amor com Dependência: Um olhar sobre a teoria do apego. Bahia: Psicologia, 2009. Disponível em

 

Últimos posts por Karen Cristine Matos Santana (exibir todos)
Deixe seu comentário aqui
Assine nossa newsletter

Outros posts que você também pode gostar

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos melhores conteúdos sobre bem-estar, saúde e qualidade de vida

Saúde mental, bem-estar e inovação que seu colaborador precisa

Através do nosso programa de saúde mental, as empresas reduzem perdas com afastamento do trabalho por demandas emocionais.