Autoconhecimento e terapia: Como diminuir ansiedade adquirida por excesso de informação?

Autoconhecimento e terapia: Como diminuir ansiedade adquirida por excesso de informação?

Pelo menos 9,3% da população brasileira já apresentou casos relacionados com ansiedade

O Brasil é um dos países com maiores índices de pessoas com transtorno de ansiedade (TA), de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) em uma pesquisa realizada em 2015. Estima-se que 9,3% da população brasileira já apresentou pelo menos um caso relacionado com a ansiedade.

Um transtorno de ansiedade, seja ele de fobia social, transtorno pós-traumático ou de ansiedade generalizada, pode ter causas multifatoriais. A ansiedade em nível moderado pode nos ajudar a organizar nossas atividades para realizar tarefas rotineiras sem maiores transtornos. 

Quando o caso é patológico há o risco de a ansiedade ser prejudicial em diversos níveis, quando o nosso comportamento é desproporcional à situação. 

Alguns fatores podem contribuir para que alguns sintomas apareçam. Por exemplo, o desamparo social e a necessidade de obter aprovação de alguém, pertencer a algum grupo pode provocar gatilhos para o surgimento de sintomas que estão ligados ao medo e à insegurança. 

Redes sociais surgem como potencializadores de ansiedade

A psicologia compreende que o ser humano se constitui a partir das suas relações, e dessa forma é transformado e transforma o seu meio. A sociedade tem utilizado várias maneiras para se expressar e se expor diante dos avanços da tecnologia, seja na forma de pensar, na maneira de vestir ou de categorizar subgrupos na sociedade, com ou sem uma intenção de criar padrões de comportamento. 

Uma das grandes maneiras de propagar informação é através das redes sociais, e segundo levantamento da revista norte-americana Vice de janeiro de 2021, a média de vídeos vistos por uma pessoa no Tiktok é de 184 vídeos por dia, e esse excesso de informação pode prejudicar na percepção que temos sobre nós mesmos, uma vez que é percebido o corpo como uma fonte de identidade. 

Pensando dessa forma, há pessoas que acreditam que para ser aceita pelos outros, é preciso que a sua imagem corporal esteja de acordo com os padrões estabelecidos, o que tende a gerar uma insatisfação com o corpo, além de acarretar alterações na percepção da imagem corporal. Além disso, a sociedade de consumo está constantemente apresentando novas formas e receitas para viver a vida de maneira plena, seja através de hábitos ou obtenção de bens, gerando a sensação de inadequação ou de coisificação da existência pelo excesso de produção. 

Terapia pode ajudar você a ser você mesmo

Um dos benefícios da terapia é a promoção do espaço para que o indivíduo seja ele mesmo, livre de julgamentos. Ter essa possibilidade permite desenvolver o autoconhecimento já que a partir do que é conversado na terapia que o psicólogo pode ajudar a pensar e desmistificar coisas que se parecem autoconhecimento, mas não são. 

Autoconhecimento não é ter como referência a vida de outras pessoas em comparação com a própria vida;

O problema de compreender a própria vida tendo como referência a de outra pessoa pode proporcionar o julgamento da própria identidade e trazer um sofrimento interminável.

Autoconhecimento não é preencher o seu tempo livre com novas atividades o tempo todo;

É importante entender que a solitude, o ato de se isolar voluntariamente, é fundamental para entrar em contato com a própria essência e, diferentemente da solidão, solitude é se sentir completo mesmo sozinho.

Autoconhecimento não é culpar-se por escolhas ou ações passadas;

Ter consciência das próprias escolhas é fundamental, mas culpar-se por elas não ajuda em nada. É importante se responsabilizar e identificar maneiras de fazer diferente em outras situações. 

Autoconhecimento não é estar sob constante sensação de urgência;

Diferente do ambiente virtual onde as mudanças ocorrem a cada segundo, no ambiente físico as mudanças podem demorar a acontecer, e o processo de se conhecer é delicado. É importante se dar conta do próprio tempo para que a caminhada seja mais leve. 

A paciência para colher os frutos do processo terapêutico

Estamos sempre em transformação e por isso podemos compreender que autoconhecimento é promover a melhor configuração possível dentro das possibilidades de ser quem você é, e isso leva tempo. 

A terapia é também um processo de ir se apropriando de si e percebendo o que pode não ser próprio, que veio do outro, e como se integrar ou não com o que aparece e você mesmo não conhecia. Portanto, desenvolver o autoconhecimento é proporcionar abertura para compreender esse fluxo de mudanças que ocorrem ao longo da vida. 

Assim, o processo de psicoterapia possibilita que a pessoa busque viver a partir da sua própria perspectiva, e permitir que as individualidades apareçam é preciso que haja espaço e tempo para que algo novo germine.

Referências

  1. OLIVEIRA, Karina Marques Ferreira de; SANTOS, José Wellington dos. TRANSTORNO DE
  2. ANSIEDADE GENERALIZADA EM ADULTOS – UMA VISÃO PSICANALÍTICA. Revista Científica Eletrônica de Psicologia. 33ª Ed. Garça-SP: FAEF, v. 33, n. 01, p. 33-46, 2019. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/FYY6Zr6VVlSRzo9_2020-1-18-8-48-55.pdf>. Acesso em: 21 out. 2020.
  3. VIANA, Milena de Barros. Mudanças nos conceitos de ansiedade nos séculos XIX e XX: da “Angstneurose” ao DSM-IV. Tese (Doutorado em Filosofia) – Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). São Carlos: UFSCar, 2010, 204 p. Disponível em: <https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/4780/3194.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 21 out. 2020.
  4. https://www.vice.com/en/article/jgqbmk/tiktok-data-collection
Jonathan Oliveira Da Silva
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