Quais são nossas necessidades emocionais e quais são os recursos para saná-las? 

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Quais são nossas necessidades emocionais e quais são os recursos para saná-las? 

Sabemos que o psicólogo faz uso, geralmente, de uma única abordagem em seus atendimentos psicológicos. Essa abordagem oferece material teórico, métodos e técnicas a serem aplicados com um objetivo, que é o tratamento do paciente.

Como psicóloga, faço uso de duas abordagens de forma mista: psicanálise e terapia cognitivo comportamental. Além de ser adepta à prática mindfulness – atenção concentrada. Por que estou dizendo isso? Porque esse artigo une todas essas abordagens para responder a seguinte pergunta: Quais são nossas necessidades emocionais e quais são os recursos para saná-las? 

A tomada de consciência

Dentro da psicoterapia, ao analisarmos uma situação em que vivemos, tomamos consciência dos padrões existentes em nossa personalidade e em nossa forma de mediar conflitos, nos conscientizamos também das formas disfuncionais de comportamento que apresentamos, dos nossos pensamentos ilógicos e irracionais.

Além disso, ganhamos a oportunidade de ampliar nossos recursos para situações futuras semelhantes e passar a fazer novas associações mais funcionais  que vão ao encontro da realização de nosso real desejo, de nossa verdadeira intenção. 

A importância de ter uma intenção

Ao acordarmos devemos sempre analisar o que precisamos fazer e como faremos, qual a nossa intenção diante daquele dia e daquele tempo que teremos para realizar atividades favoráveis ao nosso real desejo. Às vezes damos importância às coisas pequenas, deixamos nossos pensamentos flutuarem e não focamos no que realmente importa, e dessa forma automática, deixamos outras pessoas escolherem por nós, visualizamos nossa própria vida como se fosse dada a nós e não feita de escolhas, sem sentimento de apropriação e controle, e a falta disso pode gerar até ansiedade patológica.

Necessidade básicas fisiológicas

Como seres humanos, temos algumas necessidades básicas fisiológicas, como a fome, a sede, o descanso, o respirar e o ato sexual. Se nós não oferecermos recursos para sanar essas necessidades, o nosso corpo reclamará.  A comida funciona como nosso combustível, e precisamos de variedade no prato para alcançar os níveis de nutrientes de que precisamos.

A comida em excesso pode causar obesidade e falta dela, anorexia. A escassez de água em nosso organismo poderá contribuir com dores de cabeça e mal funcionamento dos órgãos, como os rins, por exemplo. Se não oferecermos descanso à nossa mente, ela não conseguirá fazer o processo de elaboração emocional, armazenamento, retenção de conteúdos que tivemos acesso ao longo do dia.

Nossa mente se esgota, nos sentimos cansados mesmo não nos exercitando fisicamente. E descanso não é só dormir, como todos pensam, podemos dizer que o yoga, meditação, reflexão e massagem, são também formas de descanso. O respirar para quase todo mundo, salvo aqueles que possuem alguma condição que impeça ele de respirar, é algo automático, uma atividade onde não precisamos pensar para que a respiração aconteça, a mesma coisa acontece com o andar.

Em um determinado momento, isso tudo não era automático, precisávamos de vários processos funcionando ao mesmo tempo para conseguirmos realizar tal ato, mas nosso cérebro entende o padrão, e faz uma única associação, criando uma espécie de resposta e comportamento chamado “respirar” ou “caminhar”. Já o ato sexual, de alguma forma, seria somente para a reprodução da espécie, mas nem todo mundo vê dessa forma, está muito mais atrelado a uma forma de prazer.

A busca pelo prazer

Nós temos uma energia psíquica, que cuida de todos os processos psíquicos, chamada libido. É uma energia sexual, e isso explica o fato de que estamos sempre em busca do prazer. Ampliando até mesmo os recursos para sanar necessidades fisiológicas básicas. Nós geralmente não comemos a mesma coisa sempre, às vezes temos vontade de experimentar algo novo, ou associamos uma comida a um evento que nos trouxe boas ou más recordações.

A comida passa a funcionar como um recurso emocional também, pode cobrir uma falta emocional. Pode ser um sintoma de algo psicológico, no caso dos transtornos alimentares. Percebemos a ampliação dos recursos que matam a sede, refrigerantes e sucos, não tomamos somente a água. Sabemos que nada substitui a água, mas por prazer, fazemos uso de outros recursos.

Pensando nisso, geralmente não temos somente uma calcinha, uma cueca, uma máscara ou um par de meias, a tendência é ter mais daquilo que se usa sempre. Às vezes podemos exagerar em ter muito daquilo que não se precisa, como no caso do transtorno do acumulador. 

Necessidades básicas emocionais

De necessidades básicas fisiológicas para necessidades básicas emocionais. Sabemos que para a fome, a comida é um recurso, para a sede, a água, para o descanso, o dormir, e para a sexualidade, o fazer sexo. Até para sanar essas necessidades já encontramos desafios, imagina para as necessidade emocionais.

Muitas pessoas nem sabem quais são as necessidades emocionais, quem diria então os recursos para saná-las. Lembram do que disse sobre analisar uma situação em que vivemos? Lá no primeiro parágrafo. Essa análise é justamente para entendermos o que é necessidade em nós e o que usamos como recurso para saná-las. Quem não sabe disso, fica à mercê do fracasso emocional, da insatisfação e da angústia. 

Nossas necessidades emocionais estão atreladas a nos sentir reconhecidos e desejados, além disso, precisamos nos sentir seguros e desafiados. Autoconfiança, autorrealização e autocontrole também são necessidades emocionais. Isso transcende a ter bons relacionamentos sociais, em alcançar nossos desejos e em ter boa aparência física. A pergunta é: o que nós fazemos para alcançar isso? Tem dado bons resultados? 

Os recursos para sanar nossas necessidades emocionais

Sabemos que para alcançar boa parte dessas necessidades, contamos com esferas como a família, o relacionamento amoroso, o trabalho, os amigos e a nós mesmos. Caso haja problemas e conflitos dentro dessas esferas, falhas na comunicação, pensamentos disfuncionais, a não identificação dos nossos reais desejos, o alcance em sanar as necessidades emocionais será dificultado. 

Exemplos

Trago um exemplo de análise de uma situação comum:

M. irá fazer aniversário e gostaria de receber um presente do namorado e que ele a levasse a um jantar romântico. Ela não comunicou isso ao namorado. Esperava que ele percebesse e identificasse isso de alguma forma. Ao chegar na data de seu aniversário, ele não lembrou, deu um presente que ela não gostou e nem a levou ao jantar que ela queria.

Ela se sentiu péssima e teve até uma discussão com o namorado. Talvez, a melhor forma seria ela ter comunicado ao namorado a importância daquela data para ela, além disso, ter dito o que gostaria de ganhar e onde gostaria de ir. Por mais que não partisse dele, ela viria a se sentir muito mais realizada, pois o desejo maior era se sentir desejada e que o dia oferece sensações boas a ela.

Além disso, praticar a empatia faz bem, no sentido de que ele, por mais que esteja namorando com ela e a ame, não tem como adivinhar o que o outro deseja, pois é uma tarefa muito difícil. Vimos que é importante identificar o maior desejo e comunicá-lo da melhor forma, para que no fim dê tudo certo. 

Outro exemplo de análise de uma situação comum: J. traz que no trabalho não tem o reconhecimento esperado, que se esforça, mas não é visto e recompensado. Em reuniões, onde poderia se expressar, ele decide ficar quieto, por medo de falar algo estranho e que não caiba no momento. Ele trabalha muito, mas não tem um relacionamento de maior envolvimento com os demais da equipe, não consegue se posicionar, fica chateado com toda a situação. Na esperança de ser promovido, reconhecido, ele se esforça muito, mas não com o que deveria.

Se ele treinar bem o que quer falar na reunião e conseguir expor sua ideia, se ele encontrar outras formas de se comunicar, como por exemplo, pelo e-mail, já é melhor do que nada. Se ele se esforçar em ir almoçar ou lanchar com colegas do trabalho, se ele passar a mostrar seu trabalho e deixar sua marca naquilo que cria e executa, ele poderá ser mais visto.

Claro que esses sintomas mostram um sentimento de inferioridade, desajuste social, ansiedade, e que precisam ser identificadas as situações que reforçam essas ideias negativas na mente. Para então contestar aquilo que vem automaticamente.

Conclusão

A única pessoa que tem poder em alterar isso e buscar uma melhor performance somos nós mesmos. E tudo bem precisar de uma mãozinha no início. Para isso existem profissionais como os psicólogos, eles vão poder nos orientar. Os recursos para sanar nossas necessidades partem de um padrão genérico, mas também transcende a algo singular de cada um. É no processo de psicoterapia que se analisa o que é singular. 

Autora: Kelly Justino Zago, CRP 06/143194, psicóloga, especialista no tratamento dos transtornos de ansiedade e síndrome do pânico, em psicanálise e terapia cognitivo comportamental e adepta à prática Mindfulness.

Contato

Site https://linktr.ee/psicokellyzago 

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E-mail – psicokellyzago@gmail.com

 

Referências:

FULGENCIO, Leopoldo. A teoria da libido em Freud como uma hipótese especulativa. Ágora (Rio J.) , Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, pág. 101-111, junho de 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982002000100008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 mar. 2021.  https://doi.org/10.1590/S1516-14982002000100008 .

MOREIRA, Diego de Andrade; SANTOS, Liliane Aparecida da Silva. Motivação e Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow: Um estudo no Centro de Referência de Assistência Social em Bom Jardim – PE. Disponível em: https://repository.ufrpe.br/bitstream/123456789/2176/1/tcc_art_diegodeandrademoreira.pdf. Acesso em: 02 mar. 2021.

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