A campanha do Outubro Rosa
Ei! Se toca, mas não fique só no toque.
Em outubro, ocorre a campanha internacional do Outubro Rosa. Essa campanha visa conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico preventivo do câncer de mama.
No início, a campanha era focada principalmente no autoexame das mamas em buscas de alterações palpáveis que pudessem indicar a presença de um cisto ou nódulo nas mamas ou axila, assim como visava esclarecer a importância de mulheres acima de 40 anos fazerem exames anuais de prevenção, como a mamografia.
Porém, de alguns anos pra cá, o número de mulheres que começaram a apresentar câncer de mama antes dos 40 vem crescendo cada vez mais, o que fez com que se repensasse essa campanha.
O câncer de mama é o mais temido pelas mulheres
De acordo com a FCECON – Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do amazonas: “O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres, devido à sua alta frequência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal.
Ele é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente.
Outro quesito que levou à reformulação da campanha do Outubro Rosa, é que muitas mulheres por não sentir nada quando fazem seus autoexames, deixavam de ir ao médico.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, o autoexame já deixou de ser utilizado em países mais desenvolvidos, pois a mulher não consegue detectar nódulos muito pequenos que ficariam indetectáveis ao toque.
Isso significa que o autoexame é inválido? Não!
Isso significa que ele é mais um aliado na prevenção do câncer de mama, mas que não se pode só manter o autoexame como prevenção.
O autoexame pode ser feito por mulheres de todas as idades, e a mulher deve sentir se confortável ao fazê-lo. A consulta com o ginecologista deve ocorrer anualmente ou sempre que notar algo distinto nas mamas ou axilas, para garantir a devida eficácia da prevenção.
E o que a Psicologia tem a ver com isso?
Cabe a Psicologia o papel de auxiliar com a psicoeducação, com campanhas educacionais de prevenção que tragam informações sérias e verídicas. Além de tratar a Ansiedade e a Depressão que podem surgir no decorrer do tratamento, bem como as Angustias, os Medos e as aflições.
Fui diagnosticada com um nódulo ou cisto na mama, e agora?
Após ter percebido um nódulo ou cisto na mama, no autoexame, a mulher deverá procurar seu ginecologista que solicitará exames de imagem como ultra sonografia e mamografia.
Após o exame de imagem, o médico analisará a necessidade de pedir um exame que retirará uma amostra do cisto ou nódulo, que será enviada para a análise laboratorial.
Todo esse procedimento pode levar dias e até semanas, o que vai gerar um estado de grande ansiedade na mulher e em seus familiares mais próximos. Essa ansiedade se dá por causa do medo do desconhecido e pela hipótese de um diagnóstico positivo para câncer.
É importante nesse momento pensar positivo e continuar a levar a vida. Caso veja a necessidade de falar, de desabafar e de ajuda para controlar a ansiedade, um psicólogo deve ser procurado.
Após receber os resultados dos exames, e esses vierem com a notícia do câncer, mais ansiedade, medo e tensão podem se apoderar da mulher e de seus familiares. Isso é completamente natural, pois é a vida dela que está em jogo e ela está agora na frente do desconhecido.
Os erros a serem evitados
O principal erro é: Buscar por informações na internet. A internet tem um vasto território de informação sobre praticamente tudo, o problema é que se não soubermos pesquisar, podemos nos deparar com informações falsas ou mesmo com informações verídicas, mas que não se encaixam no nosso caso.
Como existem vários tipos de cânceres de mama, é importante que se busque essas informações com seu médico.
Outro erro comum que se comete após o diagnóstico é guardar o sentimento consigo mesmo e não compartilhá-lo com ninguém. Não falar do problema, não faz ele desaparecer.
Negar a doença também é um erro, e um erro muito sério, pois quanto mais rápido se iniciar o tratamento maiores são as chances de cura.
Então deve-se falar o tempo todo nele? Também não.
É importante que se fale, que se desabafe, que compartilhe os medos e as angústias que esse período trás. Falar com um profissional da psicologia nessa hora é de extrema importância, pois ele saberá te ouvir, e te ajudar a passar por esse momento tão difícil que é o pré-tratamento.
Ao iniciar o tratamento, seja ele cirúrgico, quimioterápico, radioterápico ou com medicação oral, o paciente pode se sentir novamente diante do desconhecido.
Perguntas como: “O tratamento realmente vai funcionar?”, “Serei capaz de suportar os efeitos colaterais do tratamento?”, “Meu cabelo vai cair?, “Minha mama vai sumir?”, “Vai haver alteração da cor da pele da mama? E o bico do meu seio?”, “Poderei amamentar?”, “Poderei ter filhos?”, etc.
São tantas perguntas que podem gerar mais angústias ainda. Essas perguntas terão respostas distintas para cada pessoa. Cada tipo de câncer de mama, cada estágio em que o câncer é descoberto possui um protocolo de tratamento distinto.
E quem vai responder essas perguntas?
Cabe ao médico responder todas essas perguntas pois é ele que definirá o tratamento a ser seguido. Mas devemos lembrar que os efeitos colaterais não são idênticos para todos.
Como esses tratamentos afetam o psicológico da mulher?
Existem várias formas do psicológico da mulher ser afetado durante o tratamento do câncer de mama, isso vai depender do tipo de tratamento.
Há cirurgia que retira parte da mama ou mesmo a mama inteira, a quimioterapia pode derrubar cabelos, sobrancelhas, cílios e demais pelos do corpo, a radioterapia, pode alterar a cor da pele da mama, além de causar uma retração na mama, que pode gerar na mulher angústia, depressão, ansiedade, baixa autoestima, medo, sensibilidade emocional, e tantas outras coisas.
Isso ocorre, principalmente, por ser um tratamento em que os efeitos colaterais ocorrem modificando símbolos que a sociedade considera como sendo da feminilidade. A mulher pode ter a autoimagem prejudicada e, por consequência, o autoconceito, razão pela qual ela precisa de ajuda psicológica.
Dependendo da mulher, tudo isso que dissemos pode levá-la a um estado de depressão grave que pode inclusive influenciar no tratamento do câncer. A FEMAMA – Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama alerta para o auto risco de mulheres diagnosticadas com câncer de mama, desenvolver depressão.
Outra coisa que pode fazer a mulher precisar de ajuda psicológica nessa fase é sua adaptação a nova rotina com consultas, em alguns casos semanais, tratamentos em hospital ou clínica, semanais e até diários.
Além disso os efeitos colaterais de algumas medicações durante o tratamento, podem causar alteração no sono, fazendo com que a paciente precise dormir mais. A paciente deve sim continuar a levar a vida o mais normal possível, porém deve compreender que esse normal será modificado por essa nova rotina. Sua adaptação pode levar tempo e pode ser necessário ajuda.
Família e amigos são de fundamental ajuda nesse momento. A família deve se lembrar que por mais preocupados que eles estejam a paciente é com certeza a mais preocupada, afinal é a vida e a saúde dela, é o corpo dela.
É preciso apoio, mas um apoio que não sufoque e que não superproteja. Demonstrar preocupação é uma coisa, demonstrar excesso de preocupação é outra bem distinta que pode aumentar ainda mais a ansiedade da paciente.
Nesse momento a positividade da família e dos amigos são muito bem vindos para que a paciente também se mantenha positiva durante todo o tratamento. Se a família percebe que a ansiedade de um ou mais membros está excessiva, deve procurar um psicólogo para saber como lidar com isso e como não piorar a situação do paciente.
Negativismo e negacionismo não são bem vindos.
Como o parceiro deve agir?
O apoio incondicional do parceiro é fundamental durante todas as etapas e principalmente durante o tratamento. A libido da mulher já se alteraria por causa de todas as mudanças que o corpo dela sofre com o tratamento, e para piorar, alguns medicamentos podem diminuir e até extinguir a libido dela por um tempo.
A compreensão do parceiro nesse momento é fundamental. E não será fácil para ele. Afinal, ele estará vendo a mulher que ama lutar pela própria vida. Isso gera insegurança, medo, pavor, e muita ansiedade. Ele terá que compreender as questões dela com o próprio corpo, a falta de libido, a autoimagem negativa e a insegurança a que isso tudo pode levar.
Não é um período fácil, nem para a paciente, nem para aqueles que a amam. Mas o melhor a se fazer nesse momento para ajudar, é apoiar e demonstrar muito amor.
Ter uma psicóloga nesse momento é ter um lugar onde pode-se desabafar, chorar, expressar seus medos, suas aflições, seus descontentamentos e sua angustia, sem que ninguém a julgue.
Se você está passando por um tratamento de câncer de mama ou se alguém querido está passando por isso e você sente necessidade, procure ajuda psicológica o mais rápido possível.
Referências:
- O Autoconceito - 7 de dezembro de 2021
- Mulheres em home office: Os desafios encontrados e como superá-los - 6 de abril de 2021
- O resgate da feminilidade perdida pelo tratamento do câncer de mama - 26 de outubro de 2020